SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – A comissão de licitação responsável pelo leilão da Rota da Celulose, em Mato Grosso do Sul, cassou a habilitação do consórcio K&G Rota da Celulose após identificar vícios na documentação apresentada. A sociedade é formada por Galápagos e K-Infra, empresa que perdeu a concessão da BR-393 no Rio de Janeiro por não cumprir o contrato com o governo federal.
O trâmite foi organizado pelo governo Lula, que tentou leiloar, em dezembro de 2024, as rodovias BR-262, BR-267, MS-040, MS-338 e MS-395. Os trechos ligam Três Lagoas ao município de Nova Alvorada do Sul, passando pela capital, Campo Grande.
A participação do consórcio vencedor no certame foi contestada pela XP, cujo consórcio Caminhos da Celulose apresentou o segundo maior lance. A empresa agora deve apresentar a documentação necessária para habilitação no dia 13 de agosto.
Procurado desde a noite de terça (5) para comentar, o consórcio K&G não respondeu até a publicação desta reportagem.
Representada pelo escritório Giamundo Neto Advogados, a XP contestou a apresentação de documentos emitidos ou autenticados fora do prazo e a ausência de qualificação técnica do grupo concorrente, citando o processo de caducidade da BR-393, conhecida como Rodovia do Aço, concessão que a empresa perdeu em junho deste ano.
“O processo de caducidade, entre outras razões, foi motivado pelo não pagamento de multas determinadas em 45 processos administrativos contra vícios na gestão, operação e manutenção da rodovia”, disse a petição da XP.
O documento menciona trincas, problemas de drenagem, erosão de taludes além de barrigas na BR-393.
Ainda segundo a contestação, o projeto Rota da Celulose -com 870,3 km e R$ 10,1 bilhões em investimento estimado- é significativamente maior e mais complexo do que o projeto da Rodovia do Aço, que tem 200,4 km.
Em entrevista coletiva durante o leilão da Rota da Celulose, em 8 de maio, os governos foram questionados sobre a vitória de um consórcio formado por uma empresa que enfrentava um processo de caducidade em outra operação.
O ministro dos Transportes, Renan Filho (MDB-AL) afirmou que o líder do consórcio era a Galápagos, e não a K Infra. Por isso, as regras do edital não impediam a participação da empresa.
Procuradas, K Infra e Galápagos não se pronunciaram até a publicação da reportagem.