Brasília, 10 de dezembro de 2025 – O Comitê de Política Monetária (Copom) manteve a taxa básicade juros, a Selic, em 15% ao ano. A decisão foi unânime e dentro do esperado. O Comitê enfatizaque seguirá vigilante, que os passos futuros da política monetária poderão ser ajustados e que,como usual, não hesitará em retomar o ciclo de ajuste caso julgue apropriado.
“O Comitê segue acompanhando os anúncios referentes à imposição de tarifas comerciais pelos EUAao Brasil, e como os desenvolvimentos da política fiscal doméstica impactam a política monetáriae os ativos financeiros, reforçando a postura de cautela em cenário de maior incerteza”, explicouo Comitê, em comunicado.
Segundo o comunicado, o cenário segue sendo marcado por expectativas desancoradas, projeções deinflação elevadas, resiliência na atividade econômica e pressões no mercado de trabalho. “Paraassegurar a convergência da inflação à meta em ambiente de expectativas desancoradas, exige-seuma política monetária em patamar significativamente contracionista por período bastanteprolongado”.
O Copom entende que a decisão é compatível com a estratégia de convergência da inflação parao redor da meta ao longo do horizonte relevante. “Sem prejuízo de seu objetivo fundamental deassegurar a estabilidade de preços, essa decisão também implica suavização das flutuações donível de atividade econômica e fomento do pleno emprego”.
O Comitê reiterou que o cenário atual, marcado por elevada incerteza, exige cautela na conduçãoda política monetária. O Comitê avalia que a estratégia em curso, de manutenção do nívelcorrente da taxa de juros por período bastante prolongado, é adequada para assegurar aconvergência da inflação à meta.
Inflação
As expectativas de inflação para 2025 e 2026 apuradas pela pesquisa Focus permanecem em valoresacima da meta, situando-se em 4,4% e 4,2%, respectivamente. A projeção de inflação do Copom parao segundo trimestre de 2027, atual horizonte relevante de política monetária, situa-se em 3,2% nocenário de referência.
Os riscos para a inflação, tanto de alta quanto de baixa, seguem mais elevados do que o usual.Entre os riscos de alta para o cenário inflacionário e as expectativas de inflação, destacam-se(i) uma desancoragem das expectativas de inflação por período mais prolongado; (ii) uma maiorresiliência na inflação de serviços do que a projetada em função de um hiato do produto maispositivo; e (iii) uma conjunção de políticas econômicas externa e interna que tenham impactoinflacionário maior que o esperado, por exemplo, por meio de uma taxa de câmbio persistentementemais depreciada. Entre os riscos de baixa, ressaltam-se (i) uma eventual desaceleração daatividade econômica doméstica mais acentuada do que a projetada, tendo impactos sobre o cenáriode inflação; (ii) uma desaceleração global mais pronunciada decorrente do choque de comércio ede um cenário de maior incerteza; e (iii) uma redução nos preços das commodities com efeitosdesinflacionários.
Cenários
O ambiente externo ainda se mantém incerto em função da conjuntura e da política econômica nosEstados Unidos, com reflexos nas condições financeiras globais. Tal cenário exige cautela porparte de países emergentes em ambiente marcado por tensão geopolítica.
Em relação ao cenário doméstico, o conjunto dos indicadores segue apresentando, conformeesperado, trajetória de moderação no crescimento da atividade econômica, como observado naúltima divulgação do PIB, enquanto o mercado de trabalho mostra resiliência. Nas divulgaçõesmais recentes, a inflação cheia e as medidas subjacentes seguiram apresentando algumarrefecimento, mas mantiveram-se acima da meta para a inflação.
Dylan Della Pasqua / Safras News
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