Congresso avança em licença-paternidade, euforia nas bolsas sob risco e outros destaques do mercado

Uma image de notas de 20 reais

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SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Com pouco choro do setor corporativo, o Congresso avança na aprovação de aumento da licença-paternidade custeada pelos cofres públicos.

Também aqui: euforia com as bolsas de valores pode desaparecer em 2026 e outros destaques do mercado nesta quarta-feira (5).

**O PAPAI CHEGOU**

A imagem do pai que sai para trabalhar de manhã cedinho e volta tarde da noite está fora de moda. Agora, o “cool” é ser presente.

A Câmara dos Deputados aprovou ontem o projeto que aumenta gradualmente a licença-paternidade a partir de 2027, com gastos custeados pelo Tesouro Nacional. Em seguida, o Senado vai analisar a proposta.

A casa limitou o período a 20 dias, menos do que previa a medida inicial, 30.

ENGATINHANDO

Os recém-papais terão 10 dias de licença a partir de 2027. A cada ano, serão somados cinco, até chegar a 20 em 2029.

Hoje, a legislação prevê que o direito a cinco dias corridos de licença remunerada do trabalho..

E AS EMPRESAS?

Para a maioria, não há muito do que reclamar. O custo da licença-paternidade, que hoje é bancado pela companhia, passará a ser pago pela Previdência Social.

O esquema é o seguinte: as empresas pagam o benefício e, então, pedem o reembolso para o órgão público. Companhias menores podem ser compensadas por meio de qualquer imposto federal, o que acelera o recebimento do reembolso.

Isto é, o prejuízo financeiro —que costuma ser o maior impeditivo para medidas do tipo—, deve ser pequeno. Mesmo assim, houve pressão de setores para que a ausência não chegasse a 30 dias.

Problema: o projeto come um pouco mais do Orçamento, que já estava esburacado demais na opinião de alguns.

Para 2027, o custo previsto para os cofres públicos é de R$ 3,3 bilhões. Para 2028, é de R$ 4,35 bilhões e, para 2029, R$ 5,44 bilhões. Com os 30 dias originais, o montante chegaria a R$ 6,55 bilhões em 2030.

Em nome de (tentar) controlar a despesa, o texto determina que a licença só será ampliada de 15 para 20 dias em 2029 se o governo alcançar a meta fiscal em 2027. O desafio está lançado.

**APERTEM OS CINTOS**

Bolsas quebrando recordes, ações no verde e investidores lucrando: essas são as notícias em relação às negociações mundo afora. Como tudo o que é bom dura pouco, alertas começam a rondar Wall Street.

CEOs do mercado financeiro afirmam que investidores precisam se preparar para uma queda de mais de 10% nos próximos dois anos.

Para a surpresa de alguns, o sentimento não é de pânico. Os agentes da economia encaram a provável correção como algo positivo. Vamos entender.

AJUSTANDO OS PONTOS

O desafio principal é encarar que algumas empresas estão sendo negociadas a preços maiores do que a realidade das suas operações indicaria. Uma queda dos índices poderia trazer os números dessas companhias para mais perto da terra firme.

Os CEOs do Morgan Stanley, Ted Pick, e do Goldman Sachs, David Solomon, veem a possibilidade de uma ampla venda de papéis no futuro não tão distante e avaliam a queda como uma característica normal dos ciclos de mercado.

2026… pode ter um clima de fim de festa: hora da faxina. Depois que a empolgação passa, sobra a necessidade de encarar a realidade.

“Haverá mais foco no desempenho das empresas. As mais fortes terão resultados superiores e as mais fracas ficarão para trás”, analisa Pick, do Morgan Stanley.

TUDO CAMINHA. A MENOS QUE…

algum evento global de grande proporção interrompa o ciclo virtuoso da existência humana. Tarifas, mudanças políticas, acontecimentos fora do controle humano, tudo isso pode causar uma queda abrupta dos preços.

Ainda há a possibilidade de estarmos vivendo uma bolha de ações de tecnologia. Muitos investem nesses papéis na esperança de altos retornos com novas descobertas.

E SE ELAS NÃO VIEREM?

Se todos venderem o que têm nas carteiras ao mesmo tempo, há uma derrocada difícil pela frente.

🇧🇷 No Brasil… o justo seria um Ibovespa em 170 mil pontos (hoje, está em 150 mil), na avaliação da XP. O que ameaça esse cenário são riscos específicos do país, como o equilíbrio das contas públicas em ano eleitoral.

**ATÉ MAIS VER, DREX**

Em 2023, o Banco Central entusiasmou e confundiu o público ao anunciar o projeto-piloto do real digital, batizado de Drex —que não é uma criptomoeda, e sim uma moeda digital. Agora, a iniciativa está mais distante de sair do papel. Ou melhor, da tela.

QUAL A DIFERENÇA?

Enquanto as criptos são geradas por sistemas descentralizados e operam com pouca regulamentação, as moedas digitais são emitidas e supervisionadas por autoridades monetárias, como o BC.

O coordenador do projeto, Fabio Araujo, afirma que a expressão moeda digital “não captura toda a extensão da iniciativa Drex” —mesmo assim, até o momento não há expressão que a defina melhor.

↳ Roberto Campos Neto, ex-presidente da autoridade monetária e incentivador da digitalização do sistema financeiro, dá uma visão do que pode ser o Drex na coluna que escreveu para a Folha de S.Paulo.

CALENDÁRIO REVISADO

O BC resolveu adiar o lançamento e reduzir as funcionalidades em desenvolvimento do projeto. Obstáculos tecnológicos e impasses relacionados à privacidade foram decisivos na mudança de rota para 2026.

No piloto, a equipe tentou testar o sistema em casos de impacto na vida cotidiana dos usuários: operações com imóveis, negociações de veículos, transações com ativos do agronegócio, entre outros.

Uma parte das funções funcionou, mas o BC está preocupado com a capacidade da infraestrutura de aguentar a demanda uma vez que os produtos forem lançados.

À MANIVELA

As questões tecnológicas são o principal obstáculo para colocar o Drex para rodar, segundo o chefe da iniciativa, mas não o único.

Araujo destacou a falta de funcionários no quadro do BC como um dos motivos para a desidratação do projeto.

💡 Lembrete: a autarquia pressiona o Legislativo para a aprovação de uma PEC (Proposta de Emenda à Constituição) que dá autonomia financeira e orçamentária ao Banco Central. Um dos pontos em discussão é a maior liberdade da autarquia em despesas com pessoal.

**O QUE MAIS VOCÊ PRECISA SABER**

Sem segredo. As empresas de telemarketing serão identificadas em ligações a partir deste mês. A medida atinge 350 entidades que fazem mais de 500 mil ligações mensais.

Investigando. O Cade abriu um inquérito para apurar uma suspeita de cartel contra executivos do setor da soja.

Temporada de balanços. O lucro do Itaú cresceu 11,3% no ano e vai a R$ 11,9 bilhões no terceiro trimestre.

“Gatonet” fugiu. Uma operação contra a pirataria na Argentina derrubou a TV Box no Brasil. A rede tem até 8 milhões de usuários pagantes.

O mais rico do Reino Unido. Gopichand Hinduja (1940-2025) morreu aos 85 anos. O conglomerado que ele administrava reúne hotéis e investimentos em petróleo, entretenimento e veículos comerciais.

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