Defesa não explica tentativa de violação a tornozeleira e diz que Bolsonaro não tinha como fugir de casa

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BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – O advogado de Jair Bolsonaro (PL) Paulo Cunha Bueno não explicou a violação à tornozeleira eletrônica do ex-presidente.

Mesmo com vídeo e documento do STF (Supremo Tribunal Federal) mostrando as avarias no equipamento, o advogado afirmou que a informação está sendo usada como narrativa para “justificar o injustificável”.

“O presidente Bolsonaro não teria de forma alguma como subtrair-se, como evadir-se de sua casa. Ele tem uma viatura armada com agentes federais 24 horas por dia, sete dias por semana na porta da casa dele”, declarou.

Na fala a jornalistas, concedida na saída da sede da Superintendência da Polícia Federal, onde Bolsonaro cumpre a preventiva, o advogado citou casos como o do também ex-presidente Fernando Collor de Mello, que foi enviado à prisão domiciliar sob alegações de problemas de saúde.

A prisão preventiva de Bolsonaro foi decretada neste sábado (22) pelo ministro Alexandre de Moraes, do STF. Entre os motivos, o ministro levantou a possibilidade de fuga, o respeito à ordem após Flávio Bolsonaro convocar uma vigília no condomínio do pai, e a violação ao equipamento.

Na tarde deste sábado, Moraes determinou que a defesa de Bolsonaro esclarecesse o motivo de ele ter tentado avariar a tornozeleira eletrônica.

O ex-presidente afirmou a uma agente que fez uso de “ferro de soldar” para tentar abrir sua tornozeleira. A declaração está registrada em vídeo e em um relatório da Secretaria de Administração Penitenciária do Distrito Federal.

“Meti um ferro quente aí… curiosidade”, disse o ex-presidente à agente. Ao ser questionado: “Que ferro foi? Ferro de passar?” ele respondeu: “Ferro de soldar, solda”.

O relatório da secretaria diz que o alerta de violação da tornozeleira aconteceu à 0h07 deste sábado, e que imediatamente a equipe do órgão foi ao local. Inicialmente, a administração penitenciária havia sido informada de que o ex-presidente havia batido o dispositivo na escada. No entanto, a perícia constatou que não havia sinais de colisão ou choque em superfícies.

“Trata-se de um indivíduo que compareceu a todos os atos do processo antes mesmo de ser convocado, sempre esteve disponível, nunca se esquivou de responder a qualquer ato desse famigerado processo”, disse Bueno em frente à PF.

“É um idoso, padece de problemas que são pública e ostensivamente graves à sua saúde. Foi submetido, desde a criminosa facada, a seis cirurgias, a última de 12 horas e internado diversas vezes com semiobstruções intestinais.”

Bueno disse que a situação é uma humilhação para o ex-presidente e afirmou que não havia chance de fuga, visto que Bolsonaro estava com viatura armada na porta de casa.

O advogado também se disse indignado com a determinação de prisão preventiva e voltou a alegar o estado de saúde de Bolsonaro como impeditivo para o regime fechado.

O advogado chegou por volta de 13h à Superintendência da PF em Brasília, onde Bolsonaro foi levado para cumprir a prisão preventiva. Mais cedo, a defesa emitiu uma nota conjunta afirmando que a determinação da prisão causou “profunda perplexidade”.

Bueno e Celso Vilardi haviam pedido na sexta-feira (21) que Bolsonaro pudesse continuar o cumprimento de sua pena no regime domiciliar, devido ao estado de saúde do ex-presidente, o que foi negado por Moraes.

Na carceragem da PF, Bolsonaro está em um quarto com ar-condicionado, banheiro privativo, frigobar e televisão. Moraes determinou que ele receba atendimento médico “em tempo integral” e com trânsito livre da equipe médica que o acompanha, sem necessidade de autorização prévia do STF.

Os advogados afirmaram ainda que apresentarão os recursos cabíveis no caso.

No fim da tarde, a defesa também pediu que os familiares do ex-presidente, entre eles seus filhos e a esposa, Michelle Bolsonaro, possam visitá-lo na prisão.

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