Dólar oscila e Bolsa tem alta após divulgação de ata do Copom e prisão domiciliar de Bolsonaro

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SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Apesar do anúncio da prisão domiciliar do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) na noite da última segunda-feira (4) e do temor por uma escalada tarifária entre os EUA e o Brasil, o dólar opera próximo da estabilidade nesta terça-feira (5).

A ata da mais recente reunião do Banco Central, defendendo cautela com juros em meio à guerra comercial de Trump, e dados da economia dos Estados Unidos também estiveram no foco dos investidores durante a manhã.

Às 13h05, a moeda norte-americana subia 0,01%, cotada a R$ 5,506. Já a Bolsa subia 0,28%, a 133.386 pontos.

Na última segunda-feira (4), o ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Alexandre de Moraes determinou a prisão domiciliar de Jair Bolsonaro, presidente do Brasil entre 2019 e 2022 e réu em processo sobre uma trama golpista no final de seu governo.

O magistrado afirmou que o ex-presidente descumpriu determinação anterior ao aparecer em vídeos exibidos por apoiadores durante manifestações no domingo (3).

Horas depois da prisão domiciliar do ex-presidente ser decretada, o governo Donald Trump disse condenar a decisão do ministro Alexandre de Moraes e que responsabilizará aqueles que ajudarem “condutas sancionadas” do magistrado.

O posicionamento foi feito por meio de post no X (ex-Twitter) na página do Escritório para o Hemisfério Ocidental do Departamento de Estado, que trata da diplomacia americana.

A decisão do ministro da Suprema Corte promete acirrar os ânimos no âmbito doméstico. Integrantes do governo Lula (PT) admitiram, sob reservas, a possibilidade de a decretação da prisão domiciliar de Bolsonaro irritar o presidente Trump na proximidade da adoção das sanções anunciadas por ele contra o Brasil.

O Brasil será sobretaxado em 50%, a maior tarifa anunciada até o momento, a partir desta quarta (6). Apesar disso, o país se beneficiou de uma isenção para cerca de 700 produtos exportados aos EUA.

Enquanto isso, o governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) continua buscando ampliar a lista de exceções ao tarifaço de Trump para poupar mais empresas.

Uma das apostas é na abertura de um canal de diálogo do ministro Fernando Haddad (PT), da Fazenda, com o secretário do Tesouro americano, Scott Bessent. Essa ponte poderia permitir, em outro momento, uma ligação entre Trump e o presidente Lula.

Em evento em Brasília, no domingo, Lula disse que há limites na negociação e demonstrou preocupação com a relação diplomática entre os dois países.

“O governo tem que fazer aquilo que ele tem que fazer. Por exemplo, nessa briga que a gente está fazendo agora, com a taxação dos Estados Unidos, eu tenho um limite de briga com o governo americano. Eu não posso falar tudo que eu acho que eu devo falar, tenho que falar o que é possível, porque eu acho que nós temos que falar aquilo que é necessário”, disse.

Segundo João Duarte, especialista em câmbio da One Investimentos, com o fim do prazo determinado por Donald Trump, cresce a ansiedade. “A reação da Casa Branca nas próximas horas será crucial para determinar o rumo do câmbio no restante da semana”.

Ainda no cenário doméstico, as tarifas dos EUA sobre o Brasil também foram abordadas em ata divulgada nesta terça pelo BC (Banco Central). No documento, o colegiado da instituição diz acreditar que o tarifaço imposto pelos Estados Unidos às exportações brasileiras tem impacto relevante sobre setores, e que o Copom (Comitê de Política Monetária) deve ter cautela na condução da política de juros.

O colegiado reforçou que o cenário externo está “mais adverso e incerto” em função da política comercial do governo de Donald Trump na ata.

O Copom disse acompanhar com atenção os potenciais impactos das tarifas sobre a economia real e sobre o comportamento dos ativos financeiros e afirmou que terá como foco os reflexos do cenário externo sobre a inflação doméstica à frente.

Na última quarta (30), o Copom decidiu manter inalterada a taxa básica de juros em 15% ao ano –maior patamar em 19 anos–, interrompendo o ciclo de alta da Selic.

No cenário internacional, o Instituto de Gestão de Fornecimento (ISM) informou nesta terça que seu Índice de Gerentes de Compras (PMI, na sigla em inglês) não manufatureiro caiu de 50,8 em junho para 50,1 em julho. O resultado aponta para o enfraquecimento do emprego no setor de serviços norte-americanos.

Economistas consultados pela Reuters previam que o PMI de serviços subiria para 51,5. Uma leitura acima de 50 indica crescimento no setor de serviços, que responde por mais de dois terços da economia.

O dado reforça uma desaceleração da economia americana indicada pelo payroll (folha de pagamento, em inglês) americano de sexta-feira. O relatório apontou que foram abertas 73 mil vagas de trabalho em julho, ante expectativa de 110 mil, e que a taxa de desemprego subiu de 4,1% para 4,2%.

Além disso, houve uma revisão dos dados do mês de junho. Em vez de 147 mil vagas, como reportado anteriormente, foram criadas apenas 14 mil.

Para Rubens Cittadin, operador de renda variável da Manchester Investimentos, “os dados revelam uma economia menos aquecida e indica um espaço maior para corte de juros no EUA”. O Fed, banco central americano, volta a se reunir em 16 e 17 de setembro.

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