Dólar sobe e Bolsa cai em dia de 'Superquarta', com dados dos EUA no radar

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SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O dólar está em alta nesta quarta-feira (30), com investidores à espera das decisões de juros no Brasil e nos Estados Unidos.

O dia é apelidado de “superquarta” pelos mercados. A previsão é que o Copom (Comitê de Política Monetária) do Banco Central e o Fed (Federal Reserve, a autoridade monetária norte-americana) mantenham as taxas atuais.

Dados fortes dos Estados Unidos e as tentativas de negociação comercial entre os governos Donald Trump e Lula (PT) também balizam as operações.

Às 14h29, a moeda norte-americana subia 0,47%, cotada a R$ 5,596. Já a Bolsa tinha queda de 0,11%, a 132.574 pontos.

O Copom deve manter a taxa básica de juros do país, a Selic, inalterada em 15% ao ano —maior nível em quase duas décadas— e encerrar o ciclo de aperto depois de dez meses de alta nesta “Superquarta”.

Qualquer decisão diferente dessa será motivo de surpresa para o mercado financeiro, que espera que o colegiado siga o plano traçado no encontro anterior, em junho, quando sinalizou a pausa a fim de examinar os impactos acumulados do ajuste já realizado.

Foram 4,5 pontos percentuais acumulados após sete aumentos consecutivos desde o início do ciclo, em setembro do ano passado, ainda na gestão de Roberto Campos Neto.

Entre os agentes econômicos, a expectativa é de um Copom de poucas novidades, com foco na mensagem de que a Selic deverá ficar estacionada em um patamar alto o suficiente para contrair a economia por período bastante prolongado.

A perspectiva em torno da decisão do Fed é semelhante. Operadores esperam que os juros sejam mantidos na faixa de 4,25% a 4,5% apesar da pressão de Donald Trump, que prega pela diminuição da taxa.

O presidente norte-americano defende uma redução acentuada para até 1% —um corte que, para analistas, aumentaria a inflação e está mais alinhado com o que um banco central faria para tirar a economia de uma recessão.

Mas a atividade dos Estados Unidos está longe de apontar para essa direção. Dados do PIB do segundo trimestre indicaram um crescimento de 3% na base anual, uma recuperação da contração de 0,5% do trimestre anterior e acima das expectativas de 2,4% de uma pesquisa da Reuters.

Ainda, o relatório da ADP sobre o setor privado informou que foram criados 104 mil postos de trabalho em julho, revertendo a perda de 23 mil vagas em junho e acima dos 75 mil esperados pelo mercado.

Os dados indicam uma economia resiliente, apesar das políticas comerciais erráticas de Trump. Analistas temiam que as medidas tarifárias diminuíssem o ritmo de crescimento da atividade e aumentasse a inflação, mas esses impactos ainda não se traduziram nos números.

A resiliência reduz ainda mais o espaço para cortes de juros do Fed neste ano, já que um afrouxamento monetário costuma injetar mais dinamismo na economia. Com a atividade aquecida, a expectativa do mercado é que o banco central continue adotando a postura de “ver para agir”.

Trump, porém, segue advogando pelo corte de juros. Após a divulgação dos dados do PIB, ele publicou na rede social Truth Social em letras maiúsculas: “O PIB DO 2º TRIMESTRE ACABOU DE SER DIVULGADO: 3%, MUITO MELHOR DO QUE O ESPERADO!”

“‘Tarde demais’ [apelido pejorativo para Jerome Powell, o presidente do Fed] AGORA TEM QUE ABAIXAR A TAXA. Sem inflação! Deixe as pessoas comprarem e refinanciarem suas casas!”, escreveu.

O Fed divulgará a decisão às 15h (horário de Brasília); o Copom, às 18h, após o fechamento dos mercados.

Os investidores também seguem monitorando as tentativas de negociação do Brasil com os Estados Unidos no âmbito das tarifas de importação. O prazo imposto pelo governo Trump se encerra na sexta-feira (1º), e, enquanto algumas economias conseguiram desenhar acordos comerciais, outras, como o Brasil, têm enfrentado dificuldades para sentar à mesa com os norte-americanos.

O governo Lula tenta contato com os Estados Unidos desde 9 de julho, quando Trump publicou a carta que anunciava as sobretaxas de 50% a produtos brasileiros, mas até agora não teve sucesso nas tratativas.

Nesta quarta, o ministro Fernando Haddad (Fazenda) afirmou que a equipe do secretário do Tesouro dos EUA, Scott Bessent, indicou a possibilidade de uma conversa com o governo brasileiro às vésperas do tarifaço de 50% anunciado pelo presidente americano, Donald Trump.

Segundo Haddad, Bessent estava na Europa, mas poderia fazer contato ao voltar dessa viagem.

“A assessoria dele pediu um pouco de paciência em função das missões que ele está cumprindo lá, mas disse que, ao regressar aos EUA, haveria possibilidade de uma nova conversa”, disse o ministro.

No entanto, em uma escalada de tensões entre os dois países, o governo Trump anunciou sanções econômicas ao ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Alexandre de Moraes, sob alegações de prisões arbitrárias e supressão da liberdade de expressão.

Moraes é o relator do processo contra o ex-presidente Jair Bolsonaro, acusado de planejar um golpe de Estado. Trump vinculou, em parte, as novas tarifas sobre o Brasil ao que ele chamou de “caça às bruxas” contra seu aliado político.

O ministro “investigou, processou e reprimiu aqueles que se envolveram em discursos protegidos pela Constituição dos EUA, submetendo repetidamente as vítimas a longas detenções preventivas sem apresentar acusações”, disse o Departamento do Tesouro norte-americano em um comunicado.

As sanções foram impostas por meio da chamada Lei Magnitsky, uma legislação que trata de graves violações aos direitos humanos. Por meio dessa decisão, o governo Trump determina o congelamento de qualquer bem ou ativo que Moraes tenha nos EUA, e também pode proibir entidades financeiras americanas de fazerem operações em dólares com uma pessoa sancionada. Isso inclui as bandeiras de cartões de crédito Mastercard e Visa, por exemplo.

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