Dona da Brastemp investe R$ 3 mi em 'fábrica do futuro' à base de energia solar

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RIO CLARO, SP (FOLHAPRESS) – A Whirlpool, dona das marcas Brastemp e da Consul, inaugurou em Rio Claro, a 175 quilômetros de São Paulo, a sua primeira “fábrica do futuro” no mundo.

Trata-se de um protótipo que consumiu R$ 3 milhões em investimentos da Whirlpool. Lá, os funcionários acessam tecnologias emergentes, como robôs, realidade aumentada e inteligência artificial com o objetivo de pensar em aplicações na indústria.

Hoje, toda a planta de Rio Claro opera com energia renovável, com o uso de painéis de energia solar que produzem mais do que o gasto de eletricidade do local. O excedente de energia é compensado na rede de distribuição.

A unidade produz lavadoras, fogões e cooktops. O espaço de 188 mil metros quadrados, o equivalente a 27 estádios do Maracanã, é local de trabalho de 3.000 funcionários.

O projeto da fábrica do futuro, conta Vinícius Tokuda, diretor da planta de Rio Claro, começou com um defeito em duas máquinas novas da linha de produção, que passa por um processo de automação desde 2019. “Não tínhamos profissionais que soubessem consertá-las, e mandamos três técnicos para treinamentos no exterior para capacitá-los.”

Restringir essa habilidade a esses poucos profissionais era uma solução de curto prazo, segundo Tokuda. A fábrica do futuro seria a ferramenta para incentivar os funcionários a desenvolverem novas habilidades ligadas à tecnologia.

A Whirlpool, então, começou a ouvir funcionários e juntou as sugestões a seu plano de atualização tecnológica. O resultado está em uma sala em que há desde óculos de realidade aumentada para estudar o desenho tridimensional dos eletrodoméstico até um cachorro inteligente. “É um equipamento atrativo e de fácil programação, que convida nossos colaboradores”, diz o gerente de operações Pedro Sena.

Os planos são de atrair também os estudantes da Faculdade de Tecnologia do Estado de São Paulo de Rio Claro, onde se lançou o terceiro curso de ensino superior em inteligência artificial do país.

De acordo com a vice-presidente de cadeia de suprimentos para América Latina da Whirlpool, Evelyn Veronese, a automação na indústria protege empregos em vez de substituí-los porque garante competitividade. “Se não for competitivo, esse mercado vai para qualquer outro ponto do mundo, não vai estar aqui em Rio Claro”, disse.

A ideia de tornar a fábrica mais inteligente começou ainda em 2019, com o traço de um plano de implementação de novas tecnologias. O advento do 5G e de sensores que monitoram o maquinário foi essencial. Entre 2020 e 2025, a quantidade de dados coletados na fábrica se multiplicou por 16. A densidade de automação avançou 200%.

No período, a empresa investiu R$ 348 milhões, sendo R$ 80 milhões em tecnologias digitais. Parte desse montante veio de linhas dedicadas à inovação do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social).

Segundo o presidente da Whirpool no Brasil, Gustavo Ambar, o Brasil é prioridade para a multinacional. “Hoje, o país é o décimo maior PIB do mundo, mas é nosso segundo maior mercado.”

A fabricante de eletrodomésticos também tem unidades em Joinville, no interior de Santa Catarina, e em Manaus. No total, houve investimento de R$ 1,3 bi no Brasil nos últimos cinco anos, afirma Âmbar.

Ainda de acordo com Ambar, o país vive uma alta procura por produtos da linha branca desde 2023 porque os equipamentos nas casas das pessoas ficaram ultrapassados. A indústria oferece soluções novas, como o forno com air fryer e a máquina lava-e-seca. “As pessoas querem se qualidade.”

RAIO-X | WHIRPOOL

Faturamento (2024): US$ 17 bilhões, no mundo

Funcionários: 44 mil

Principais concorrentes: Electrolux, LG, Panasonic e Midea

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