[AGÊNCIA DC NEWS]. Nem IA, nem PIX, o desafio tecnológico mais próximo para o varejista é a Reforma Tributária. Edgar de Castro, presidente da Associação Brasileira de Tecnologia para o Comércio e Serviços (Afrac), afirma que as empresas brasileiras têm que fazer uma adequação dos documentos fiscais eletrônicos e integração dos meios de pagamento. “Em caráter de urgência, é a primeira coisa para o próximo ano”, afirmou em entrevista à AGÊNCIA DC NEWS. Mas essa não é a única lição de casa dos varejistas. Segundo ele, para as empresas poderem voltar o olhar para novas tecnologias como a IA, ainda é preciso percorrer um longo caminho de estruturação de seus dados e difundir o tema culturalmente na organização. “Ouço de muitas empresas do segmento que querem utilizar, mas não tem nenhuma informação guardada, bem estruturada.”
Com a lição de casa feita, as empresas do segmento podem iniciar a implementação de novas tecnologias, como o monitoramento de lojas físicas com a IA. Ela permite identificar padrões de comportamento ao analisar as imagens de câmeras em tempo real e avisar sobre ações perigosas como furtos e roubos. “Já existe aqui no Brasil e é acessível para diversos tamanhos de empresas.” Enquanto isso, antigas tecnologias, como o RFID (RFID, ou Identificação por Radiofrequência, tecnologia que usa ondas de rádio para identificar e rastrear objetos automaticamente, sem a necessidade de contato físico), voltam às lojas das varejistas de fast fashion devido ao barateamento do produto. “Em grandes da fast fashion, como na Renner, faz muito sentido.”
Confira a entrevista completa.
AGÊNCIA DC NEWS – Qual é a próxima barreira tecnológica para o varejo no futuro próximo?
EDGAR CASTRO – O próximo desafio para o Brasil é se atualizar para a Reforma Tributária. As empresas têm que fazer uma adequação de documentos fiscais eletrônicos e se adequar a integração dos meios de pagamento. Em caráter de urgência, a primeira coisa é adequar o negócio para a nova realidade da reforma que começa a partir do próximo ano.
AGÊNCIA DC NEWS – A Afrac faz parte do grupo de entidades que ajuda a discutir a reforma. Quanto às adaptações tecnológicas, os varejistas precisam se preocupar com descapitalização perante ao regime do split payment?
EDGAR CASTRO – Na realidade, a gente não pode afirmar. Existe sempre o medo de quando você antecipa um imposto, você poder mexer no fluxo de caixa. Existe a possibilidade, dependendo do formato dele, de afetar ou de alguma maneira antecipar algum valor, sim, mas como não tem nada definido, a gente não consegue afirmar que isso vai alterar o fluxo de caixa.
AGÊNCIA DC NEWS – A IA foi o principal tema da NRF 2025, o maior evento do mundo para o varejo. No comércio brasileiro, ela também tem essa importância?
EDGAR CASTRO – A inteligência artificial está forte fora do Brasil, onde há uma aplicabilidade maior. Aqui, nosso entendimento é que as empresas precisam ter um modelo melhor estruturado de dados para poder aproveitar isso. O que não acontece atualmente. Além disso, culturalmente isso precisa ser bem difundido na organização. Agora é a hora de você identificar bons fornecedores para fazer isso.
Edgar de Castro, presidente da Afrac
AGÊNCIA DC NEWS – Então já sabemos o que fazer, mas ainda estamos em um processo de estruturação?
EDGAR CASTRO – Sim, as empresas estão em processo de criação dos modelos que, posteriormente, também serão treinados. O mais importante agora é ter os dados organizados. Ouço de muitas empresas do segmento que querem utilizar, mas não têm nenhuma informação guardada, bem estruturada.
AGÊNCIA DC NEWS – E no âmbito das lojas físicas, temos possibilidades com a IA?
EDGAR CASTRO – Sim. Há empresas hoje, por exemplo, que utilizam a IA de maneira visual, com a utilização de câmeras e algoritmos para alertar possíveis roubos. Ela analisa todo o movimento na loja, como pessoas pegando produtos da prateleira e identifica se a pessoa está fazendo algo suspeito ou não.
AGÊNCIA DC NEWS – Isso já aplicado aqui no Brasil ou ainda é algo predominante fora do país?
EDGAR CASTRO – Já há empresas como a Veesion que fazem exatamente isso e aqui no Brasil.
AGÊNCIA DC NEWS – E é uma tecnologia acessível para todos os portes de empresas?
EDGAR CASTRO – É acessível para todos. Têm desde um supermercado em Volta Redonda, no Rio de Janeiro, até grandes redes, como a Leroy Merlin.
AGÊNCIA DC NEWS — Existe alguma tecnologia em alta nas lojas físicas que não utilize IA?
EDGAR CASTRO – Há dois anos o RFID, aqueles chips de identificação por radiofrequência, pegou muito forte no setor de moda. Isso porque o preço dessas tags reduziu muito nos últimos anos. Em grandes da fast fashion, como na Renner, faz muito sentido ter. Como são marca própria, fica mais fácil de ter o controle na fabricação e ter certeza de que todas as peças da loja vão ter o item. Essas lojas utilizam essa tecnologia principalmente nos caixas e autoatendimento. Quando chegam na etapa de finalizar a compra, é só colocar as roupas na bandeja e elas são identificadas automaticamente. Isso isenta a necessidade de escanear os itens um a um.