SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – As ações da Embraer dispararam após produtos da empresa serem poupados da tarifa adicional imposta pelo governo de Donald Trump nesta quarta-feira (30). Assim, as exportações da fabricante brasileira de aviões para os EUA permanecem com a tarifa de 10%, em vigor desde o dia 2 de abril.
A alta foi de 10,92%, levando o preço de cada papel a R$ 76,25. Na Bolsa de Valores de Nova York, os ADRs (recibos de ações) da fabricante de aeronaves dispararam 10,54%, a US$ 54,83 (R$ 306,39). Já o dólar fechou em alta de 0,32%, cotado a R$ 5,588, e a Bolsa avançou 0,95%, a 133.989 pontos
“A decisão do governo dos Estados Unidos exclui aeronaves civis e seus componentes, entre outros setores, da tarifa adicional de 40% sobre as importações do Brasil. A notícia confirma o impacto positivo e a importância estratégica das atividades da Embraer para as economias brasileira e norte-americana”, disse a Embraer em nota.
Foram retirados do decreto de sobretaxa adicional itens como turborreatores e turbinas para aeronaves e artigos de aviação civil, incluindo partes para motores de combustão interna de aeronaves.
O decreto de Trump exclui do tarifaço itens cobertos pela World Trade Organization Agreement on Trade in Civil Aircraft (Acordo sobre o Comércio de Aeronaves Civis da Organização Mundial do Comércio, na tradução do inglês).
“Continuamos acreditando e defendendo firmemente o retorno à regra de tarifa zero para a indústria aeroespacial global. Mais importante ainda, apoiamos o diálogo contínuo entre os governos brasileiro e norte-americano e permanecemos confiantes em um resultado positivo para os dois países”, completou a Embraer.
Como a exportação da Embraer aos EUA é de aviação civil, analistas consideram que a empresa escapou da sobretaxa.
“A completa isenção de tarifas para exportações relacionadas à aviação civil não nos surpreende, dado que os impactos à aviação regional americana seriam devastadores pela falta de substitutos ao E1-175 da Embraer”, diz Lucas Esteves, analista do Santander.
De acordo com o especialista, na aviação executiva, o impacto seria indireto, mas não menos nocivo, afetando toda a cadeia.
“Adicionalmente, conforme declarado pela própria Embraer, há valores substanciais de investimento planejados para serem feitos nos EUA nos próximos anos, podendo chegar a US$ 1 bilhão, o que pode ter contribuído para que o governo americano reavaliasse as tarifas para o setor”, completa Esteves.
A lista de exceções exclui 694 produtos das tarifas, sendo 565 referentes ao setor de aviação.
A publicação seguiu a esteira do decreto da Casa Branca que chancelou a tarifa adicional de 40% sobre o Brasil, elevando o valor total da tarifa para 50%.
As taxas entrarão em vigor em sete dias. A medida visa “lidar com as políticas, práticas e ações recentes do governo brasileiro que constituem uma ameaça incomum e extraordinária à segurança nacional, à política externa e à economia dos Estados Unidos”, diz o comunicado sobre a assinatura do decreto.
O decreto cita o nome de Jair Bolsonaro (PL) e diz que ele sofre perseguição do ministro Alexandre de Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal).