Embraer projeta custo de R$ 20 bi até 2030 com tarifas de Trump

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SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – A sobretaxa de 50% imposta pelo presidente dos EUA, Donald Trump, a produtos brasileiros custará R$ 2 bilhões em pagamento de tarifas pela Embraer somente neste ano, de acordo com o CEO da fabricante, Francisco Gomes Neto. Segundo ele, até 2030, o montante a ser pago em taxas chegará a R$ 20 bilhões.

Em entrevista a jornalistas nesta terça-feira (15), Gomes Neto afirmou também que a empresa terá um custo adicional de R$ 50 milhões por avião caso a sobretaxa se confirme. De acordo com o executivo, o cenário inviabilizaria as vendas do jato comercial 195 E1.

“Dificilmente uma companhia vai concordar em pagar uma tarifa desse montante. Por isso que a gente acredita que isso pode e deve ser revertido num processo de negociação”, disse.

Os EUA são hoje o principal mercado da Embraer. A fabricante já atua no país há 45 anos e emprega 3.000 profissionais americanos. De acordo com a companhia, um terço dos voos regionais em grandes aeroportos dos EUA são feitos com aviões da Embraer.

Segundo Gomes Neto, diferentemente do que podem fazer os produtores de commodities, a indústria de aviação não costuma remanejar as vendas para outros clientes.

O executivo afirma que a sobretaxa imposta pelo governo americano prejudicaria não só postos de trabalho da Embraer nos EUA, mas também no Brasil.

“Um atenuante é que cerca de 45% do custo do avião é equipamento americano, e sobre esta parte não incide a tarifa. Mas o [cálculo de] R$ 50 milhões por avião já leva em conta essa condição. Para vocês verem como é impactante essa tarifa de 50%.”

O executivo diz, ainda, que o impacto da tarifa pode ser semelhante ao da pandemia e que considera as novas taxas “quase um embargo”.

Uma das alternativas caso a sobretaxa seja mantida por Trump seria aumentar a produção nos EUA, segundo Gomes Neto. No entanto, a opção levaria tempo e exigiria um investimento muito alto, afirma.

“Na aviação comercial, é muito mais difícil. O avião já é quase 50% americano. Os volumes [de produção] desse avião para o futuro não são crescentes. A gente vê uma manutenção aí de cerca de 40, 45 aviões por ano nos próximos 10 anos. Fica difícil fazer um modelo de negócio com um investimento muito alto para um volume que não cresce”, afirma o CEO da empresa.

Apesar do cenário ruim, Gomes Neto disse estar otimista com um avanço nas negociações. Ele foi um dos representantes do setor produtivo que estiveram reunidos com o vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB) para tratar do assunto.

Após o encontro com o empresariado, Alckmin afirmou nesta terça que a prioridade do governo Lula (PT) é reverter a sobretaxa imposta por Trump, antes que ela comece a valer, em 1º de agosto, mas disse que pode pedir a prorrogação deste prazo, se for necessário. O adiamento foi proposto pela CNI (Confederação Nacional da Indústria).

Segundo Gomes Neto, até o momento, não houve nenhum cancelamento de entrega de aviões da Embraer e nem pedidos de adiamento. “É uma situação muito nova. Está todo mundo tentando entender esse processo e até trabalhando para uma solução dentro do prazo.”

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