SÃO PAULO, SP (UOL/FOLHAPRESS) – Stephanie Hockridge, ex-apresentadora de um telejornal de Phoenix (EUA), foi condenada a dez anos de prisão por desviar US$ 63 milhões (R$ 340 milhões, na cotação atual) em verbas de auxílio durante a pandemia da covid-19, junto com o marido Nathan Reis.
A informação foi divulgada pelo Departamento de Justiça dos Estados Unidos. Segundo a instituição, Stephanie e Nathan cofundaram em abril de 2020 uma empresa chamada Blueacorn, supostamente para ajudar pequenas empresas e pessoas físicas a obterem empréstimos do Programa de Proteção ao Salário (PPP), auxílio emergencial estadunidense durante a pandemia.
Em 2022, um relatório do congresso americano revelou que a Blueacorn recebeu mais de US$ 1 bilhão de dinheiro público apenas para processar empréstimos. Informou ainda que os bancos parceiros da empresa liberaram quase três vezes mais empréstimos PPP em 2021 do que JP Morgan Chase e Bank of America juntos, conforme reportagem da AZ Family.
A sentença de Stephanie Hockridge, de 42 anos, foi proferida na sexta-feira, depois que um júri a declarou culpada por conspiração para cometer fraude eletrônica, em junho. Enquanto isso, seu marido se declarou culpado em agosto. A ex-apresentadora ainda foi condenada a pagar mais de US$ 63 milhões em restituição às vítimas.
Stephanie Hockridge trabalhou como apresentadora na ABC15 entre 2011 e 2018. A emissora é afiliada da rede ABC em Phoenix, no Arizona.
COMO FUNCIONAVA O ESQUEMA
Reis e Hockridge e outros cúmplices “falsificaram documentos, incluindo folhas de pagamento, declarações fiscais e extratos bancários” para obter mais de US$ 63 milhões em empréstimos do PPP. Eles também “cobravam propinas dos tomadores de empréstimo com base em uma porcentagem do valor recebido”, acrescentou o Departamento de Justiça.
Como parte do golpe, Hockridge e seus comparsas ofereciam um serviço personalizado chamado “VIPPP”, que ajudava os clientes a preencher os pedidos de empréstimo do PPP. Ela recrutava agentes de indicação para o VIPPP e orientava os tomadores sobre como enviar pedidos com informações falsas.
Tudo isso era feito para maximizar as comissões cobradas dos clientes e as taxas que a própria Blueacorn recebia do governo e dos bancos. No total, o grupo processou mais de US$ 63 milhões em empréstimos fraudulentos.