Ex-diretor financeiro da Ambipar diz ser 'bode expiatório' e pede busca e apreensão na empresa

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SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O ex-diretor financeiro da Ambipar, João Arruda, entrou com uma ação cautelar de busca e apreensão de documentos na companhia, inclusive e-mails e registros eletrônicos. Segundo o pedido, o material é fundamental para provar a inocência do executivo nas acusações ligadas à crise financeira que levou o grupo a pedir RJ (recuperação judicial).

Procurada pela Folha, a assessoria de imprensa disse que a Ambipar não comentaria.

A ação, que está na Vara Empresarial de São Paulo, aponta risco de destruição de provas e afirma que Arruda vem sendo “transformado em bode expiatório” por uma estratégia interna da Ambipar, supostamente criada para proteger os verdadeiros responsáveis pela crise.

“Emails podem ser deletados permanentemente, servidores podem ser ‘limpos’ e documentos podem desaparecer. A simples intimação para que apresentem os documentos voluntariamente seria o equivalente a entregar-lhes um convite para destruir as provas que os incriminam”, destaca trecho da inicial.

Foi anexado na ação a carta de renúncia encaminhada ao conselho de administração e ao CEO e fundador da Ambipar, Tércio Borlenghi Júnior. Arruda pediu para sair do cargo em 19 de setembro. No documento, relata que decisões estratégicas e financeiras relevantes vinham sendo conduzidas diretamente por Borlenghi e por diretores ligados a ele, sem transparência e sem sua participação –incluindo reuniões com bancos e credores das quais era excluído.

A ação, protocolada na última quinta-feira (23), também questiona a governança em relação ao caixa e às aplicações financeiras da Ambipar, especialmente a estrutura de Fidc (Fundo de Investimento em Direitos Creditórios), estimada em bilhões de reais. A existência de Fidc só teria sido conhecida por Arruda e pelo mercado após a divulgação do balanço do segundo trimestre, auditado pela Deloitte –contratação que o próprio Arruda declara ter solicitado.

De acordo com o ex-diretor financeiro, bancos credores apontam que o esvaziamento do caixa da Ambipar pode estar ligado a operações envolvendo o controlador Tércio Borlenghi e seu filho, Guilherme Borlenghi, e não ao contrato de swap com o Deutsche Bank, como a companhia vem sustentando.

A cautelar ainda destaca a contradição entre o caixa de R$ 4,7 bilhões, informado por auditorias externas BDO e Deloitte, e a afrimação posterior de que a empresa não teria recursos para cobrir uma chamada de margem de apenas R$ 60 milhões feita pelo banco alemão.

Essa discrepância, segundo declaração de Arruda, reforçaria a necessidade de apuração sobre quem efetivamente controlava o caixa da Ambipar e como as decisões eram comunicadas ao mercado.

Na Justiça, Arruda pede ainda que a empresa apresente documentos que comprovem que ele não assinou o aditivo contratual com o Deutsche Bank e que a operação não teve irregularidades. Ele sustenta que o contrato melhorou as condições financeiras da Ambipar, reduziu custos de swap e ampliou a proteção cambial, representando, portanto, uma medida tecnicamente correta e benéfica à companhia.

Após obter os documentos, o Arruda pretende ajuizar ações criminal e cível contra a empresa e seus dirigentes, alegando denunciação caluniosa e danos à sua reputação profissional, que diz ter sido construída de forma ilibada ao longo de sua trajetória no mercado financeiro.

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