Ex-presidente peruano Martín Vizcarra é condenado a 14 anos de prisão por corrupção

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SÃO PAULO, SP E BUENOS AIRES, ARGENTINA (FOLHAPRESS) – A Justiça do Peru condenou, nesta quarta-feira (26), o ex-presidente Martín Vizcarra a 14 anos de prisão por aceitar subornos quando era governador regional. O político governou o país sul-americano de 2018 a 2020.

Vizcarra, que defendeu o combate à corrupção durante seu mandato, foi considerado culpado de receber propina de empresas de construção civil quando governou a região de Moquegua, no sul do Peru, entre 2011 e 2014.

O ex-presidente de 62 anos compareceu à leitura da sentença no tribunal de Lima e permaneceu impassível ao ouvi-la, segundo jornalistas da agência de notícias AFP. A promotoria havia pedido até 15 anos de prisão.

Com a decisão, o país sul-americano passou a ter quatro ex-chefes do Executivos presos. Pedro Castillo (2021-2022), Ollanta Humala (2011-2016) e Alejandro Toledo (2001-2006) são os ex-mandatários também em detenção.

Vizcarra, que sempre alegou ser inocente, já havia sido preso em agosto no centro de detenção de Barbadillo, em Lima, a princípio para cumprir cinco meses de prisão preventiva, devido ao suposto risco de fuga. Ele ficou 22 dias no local e, desde então, estava em liberdade.

A ordem de prisão preventiva, naquele momento, pareceu surpreender o político, que momentos antes de a audiência começar havia descartado essa possibilidade. Ele chegou a afirmar à imprensa local que isso não iria acontecer. O ex-presidente, que sempre se disse inocente, respondia em liberdade.

O Ministério Público o acusou de ter recebido subornos de 2,3 milhões de soles (R$ 3,65 milhões) em troca da concessão de obras públicas em Moquegua, no sul do Peru. O órgão afirmou que Vizcarra fazia parte de uma rede criminosa vinculada ao setor de construção. Em 2024, autoridades fizeram buscas com a polícia em duas casas do ex-presidente no âmbito da investigação.

Vizcarra, que era vice-presidente no governo anterior de Pedro Pablo Kuczynski (2016-2018), ocupou a Presidência por dois anos, após a renúncia do mandatário por escândalo de corrupção envolvendo a empreiteira brasileira Odebrecht.

Kuczynski cumpriu três anos de prisão domiciliar e ainda vive sob medidas cautelares, incluindo a proibição de deixar o país.

Em 2019, Vizcarra dissolveu o Congresso e convocou novas eleições legislativas. O renovado Parlamento o destituiu em novembro de 2020, o que ocasionou protestos massivos que deixaram dois manifestantes mortos.

“Fui condenado por me opor ao pacto da máfia. Isso não é justiça, é vingança. Mas eles não vão me quebrar. A resposta está nas urnas. Meu irmão Mario Vizcarra continuará esta luta por vocês. O Peru vem em primeiro lugar, e ninguém conseguirá silenciá-lo”, escreveu o ex-presidente no X, indicando que seu irmão deve ser candidato à Presidência em 2026 pelo partido Peru Primeiro.

A sigla publicou uma carta acusando o governo, o Congresso e Judiciário de serem controlados por um “pacto mafioso”. O partido afirma que a condenação de Vizcarra é uma forma de punir opositores e que o julgamento foi parcial.

Além de rejeitar a condenação, o grupo propõe fortalecer sua presença nas próximas eleições.

De um veículo nas proximidades do tribunal, Mario Vizcarra disse à mídia e aos apoiadores do irmão que este “é um dia de vergonha” para o país.

CRISE POLÍTICA NO PERU

_Relembre os ex-presidentes do país desde 2016_

**Ollanta Humala (jul.11-jul.16)**

Último líder peruano a concluir o mandato

**Pedro Pablo Kuczynski (jul.16-mar.18)**

Eleito em 2016, renunciou antes de ser destituído por denúncias de corrupção

**Martín Vizcarra (mar.18-nov.20)**

Foi vice de PPK, destituído pelo Congresso por denúncias de corrupção

**Manuel Arturo Merino (10.nov.20-15.nov.20)**

Era presidente do Congresso, renunciou por falta de apoio

**Francisco Sagasti (nov.20-jul.21)**

Presidia o Congresso, assumiu para completar mandato

**Pedro Castillo (jul.21-dez.22)**

Eleito em 2021, foi destituído ao tentar um autogolpe

**Dina Boluarte (dez.22-out.25)**

Foi vice de Castillo, deposta pelo Congresso por ‘incapacidade moral’

**José Jeri (desde 10.out)**

Presidia o Congresso, deve completar mandato até as eleições de 2026

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