BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – As exportações brasileiras para os Estados Unidos somaram US$ 3,71 bilhões em julho, um mês antes de entrar em vigor a sobretaxa de 50% imposta por Donald Trump ao país. O montante representa um crescimento de 3,8% em relação ao mesmo período do ano anterior.
Às vésperas do tarifaço, cresceram as vendas tanto de produtos que acabaram entrando na lista de exceções previstas na ordem executiva assinada por Trump, como componentes de aviação civil e suco de laranja, quanto de itens que acabaram taxados, como café e carne.
Segundo dados divulgados pela Secretaria de Comércio Exterior do Mdic (Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços) nesta quarta-feira (6), em julho, houve um salto de 159% no valor exportado de aeronaves e outros equipamentos aos EUA e um crescimento de 32,2% em sucos de frutas.
No caso do café não torrado, produto importante na relação comercial entre os dois países, a variação foi positiva em 5% no valor em julho, mas houve redução de 30% na quantidade destinada aos EUA. Já a carne bovina registrou no mês crescimento de 3,3% em valor, mas também queda de 12% no volume exportado.
Diante dessa movimentação, o diretor de Estatisticas e Estudos de Comercio Exterior, Herlon Brandao, disse ver como “bastante provável” a possibilidade de antecipação do embarque de mercadorias às vésperas do aumento da tarifa aplicada pelos EUA.
“Vimos crescimento de aeronaves, ferro gusa, óleos e gorduras animais, máquinas, sucos de frutas. Nem todos entraram na medida, mas desde a divulgação de julho [quando Trump anunciou a sobretaxa], não se sabia o que ia entrar ou ficar de fora”, disse.
A área técnica da Secex, contudo, ponderou que as exportações de aeronaves costumam ser pontuais, podendo haver grande variação de um ano a outro na comparação mensal.
“São equipamentos com valores muito grandes, US$ 15 milhões, US$ 20 milhões, US$ 30 milhões. Se [o valor] deixou de entrar em um mês e entrou no mês seguinte, causa muita oscilação na base de comparação. É natural que tenha grandes aumentos ou grandes quedas nesse produto”, disse Brandão.
Em julho, as importações feitas pelo Brasil dos EUA aumentaram 18,2% e chegaram a US$ 4,27 bilhões. Com isso, o saldo da balança comercial foi deficitário para o Brasil em US$ 560 milhões no mês passado. A corrente de comércio entre os dois países registrou aumento de 11%, alcançando US$ 7,98 bilhões.
No acumulado do ano, o déficit do Brasil na balança comercial com os EUA já soma US$ 2,26 bilhões -as exportações atingiram US$ 23,72 bilhões (crescimento de 4,2% em relação ao mesmo período do ano anterior) e as importações totalizaram US$ 25,97 bilhões (aumento de 12,6% no mesmo intervalo de 2024). O país acumulou sete meses seguidos de déficit nas transações comerciais com os americanos
Ao analisar a trajetória das exportações brasileiras aos EUA nos meses anteriores, o diretor do Mdic ressaltou que os dados mostram vendas bem mais fortes em abril (crescimento de 20%) e maio (alta de 10%) e desaceleração em junho (aumento de 2%).
“Esse valor exportado em julho, de US$ 3,7 bi, é um valor relativamente alto, mas tivemos passado recente valores maiores”, afirmou, citando os meses de março e dezembro de 2024. “É um pico recente, mas não é dos maiores valores já exportados.”
No mês passado, a balança comercial brasileira registrou superávit de US$ 7,07 bilhões -resultado 6,3% menor do que o registrado em julho de 2024. As exportações somaram US$ 32,31 bilhões em julho (alta de 4,8% em relação ao ano passado), enquanto as importações totalizaram no mês US$ 25,24 bilhões (crescimento de 8,4%).
No acumulado do ano, de janeiro a julho, o superávit da balança atingiu US$ 36,98 bilhões, o que representa uma queda de 24,7% na comparação anual.