São Paulo, 16 de dezembro de 2025 – As exportações da India surpreenderam positivamente emnovembro, apesar das tarifas elevadas impostas pelos Estados Unidos, fortalecendo a posição deNova Délhi nas negociações comerciais com Washington. As vendas para os EUA cresceram mais de 22%em relação ao ano anterior, superando a alta geral das exportações indianas, que avançaram maisde 19% e alcançaram US$ 38,13 bilhões, considerado o melhor resultado para um mês de novembro emuma década. O desempenho reduziu os temores de uma desaceleração prolongada após o fracasso dasnegociações e a elevação das tarifas americanas para até 50%.
A recuperação ocorre após um período de forte pressão, quando as exportações para os EUAhaviam caído em outubro e a rúpia (a moeda indiana) atingido mínima histórica. Economistasavaliam que a combinação de retomada das exportações e força da demanda doméstica diminui aurgência de concessões indianas nas negociações comerciais. Analistas destacam que, mesmo semalívio tarifário, a resiliência das vendas externas dá à India maior poder de barganha parapressionar por uma redução das tarifas.
A diversificação das exportações tem sido um fator-chave desse desempenho. Setores isentosde tarifas, como eletrônicos, lideraram os embarques, enquanto áreas afetadas pelas tarifas sesaíram melhor do que o esperado ao buscar novos mercados. A produção doméstica de smartphones,impulsionada por empresas globais como a Apple, também ganhou relevância, com grande parte dosiPhones exportados a partir da India sendo direcionados aos EUA. Além disso, as exportações deserviços somaram cerca de US$ 35,9 bilhões em novembro, gerando um expressivo superávit comercialno setor, enquanto a desvalorização da rúpia ajudou a amortecer o impacto das tarifas.
Animado pelos dados, o governo indiano mantém uma postura firme nas negociações, mostrandopouca flexibilidade em temas sensíveis como importações agrícolas e organismos geneticamentemodificados. Embora autoridades sinalizem expectativa de um acordo para reduzir tarifas recíprocas,setores específicos seguem cautelosos. Exportadores de produtos do mar, por exemplo, relatam quedaacentuada nas vendas aos EUA devido às tarifas elevadas, alertando que a recuperação plena dessemercado dependerá de um acordo comercial duradouro.
Vanessa Zampronho / Safras News
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