Expostos ao caso Master, BRB, Oncoclínicas e Emae caem na Bolsa

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SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Empresas com ligação com o Banco Master estão enfrentando um dia de fortes perdas no pregão da Bolsa desta quarta-feira (19).

A instituição financeira teve sua liquidação decretada pelo BC (Banco Central) na terça-feira, depois que a Polícia Federal prendeu seu controlador, Daniel Vorcaro. Os efeitos dessa decisão se estendem para todos os 1,6 milhão de investidores que tinham aportes nos CDBs (Certificados de Depósito Bancário) e em outros papéis do banco –esse grupo inclui empresas de capital aberto, listadas na B3.

A Oncoclínicas, por exemplo, tinha R$ 433 milhões em CDBs do Master. A Emae (Empresa Metropolitana de Águas e Energia), detinha R$ 140 milhões desses papéis por meio do Banco Lestbank, do conglomerado de Vorcaro.Outro exemplo é o BRB, também no cerne da operação Compliance Zero da Polícia Federal e que tentou comprar o Master no início deste ano. O Banco de Brasília teve dois executivos —o presidente Paulo Henrique Costa e o diretor financeiro Dario Oswaldo Garcia Júnior— afastados por 60 dias em meio às investigações das autoridades. Nesta quarta, anunciou que irá contratar uma auditoria externa especializada para apurar os fatos apontados pela operação.

Todas essas companhias estão no vermelho na B3. A Oncoclínicas, depois de derreter 10% na terça-feira, estendia as perdas em mais de 3% nesta quarta, por volta das 16h. A Emae tombava 7,6% e o BRB, 6,7%.

O caso, na análise de Paulo Silva, co-fundador da consultoria Advisory 360, expôs uma fragilidade no segmento de bancos médios no país: “Carteiras pouco transparentes, forte dependência de crédito de maior risco e vínculos com empresas em recuperação judicial”.

No mercado acionário, a Oncoclínicas foi a mais afetada “devido à exposição a títulos do Master, o que exigiu provisões relevantes e um aumento de capital significativo, pressionando o preço da ação e elevando a percepção de risco”.

Já Jeff Patzlaff, planejador financeiro autônomo e especialista em investimentos, afirma que a empresa de clínicas de tratamento de câncer pode comprar cotas de fundos que detêm papéis da própria empresa, o que, na prática, “faria ela pegar de volta suas próprias ações para cobrir o rombo do calote do Master”. Mas o dano maior, para ele, é de reputação.

É o mesmo caso do BRB, afirma Silva. O impacto reputacional é motor da queda neste pregão, já que, a princípio, não há “indícios de risco sistêmico imediato para o banco”.

No caso da Emae, Silva vê como um movimento mais amplo de aversão ao risco. “Investidores estão reprecificando empresas com algum grau de dependência de crédito estruturado ou exposição a contrapartes de menor solidez”, afirma. Ele afirma que a liquidação do banco reforça a importância de diversificação de carteira e análise de governança, especialmente em um ambiente onde “retornos muito altos podem sinalizar fragilidades ocultas”.

As companhias Oncoclínicas e Emae se pronunciaram na véspera. A rede de clínicas oncológicas disse que “tomará todas as medidas cabíveis” para retomar ações suas que estão nos fundos Tessália e Quíron, que pertencem ao Master e que representam uma participação de 15% nos negócios da companhia.

Já a Emae, que em outubro teve o controle adquirido pela Sabesp por R$ 1,13 bilhão, disse em fato relevante que os CDBs não têm garantia específica e seguem o regime aplicável à liquidação. A empresa afirma que está adotando as providências cabíveis para receber os valores aplicados.

“A companhia informa que sua capacidade operacional não foi impactada e que mantém posição de caixa suficiente para fazer frente às suas obrigações e ao curso normal de seus negócios”, disse a Emae.

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