Fascínio com alta tecnologia leva turistas às fábricas chinesas

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PEQUIM, CHINA (FOLHAPRESS) – Nas últimas semanas, a reportagem visitou duas fábricas de carros elétricos e uma de robôs humanoides na China. Uma delas é a maior da BYD no mundo, em Xian, na província de Shaanxi, antiga capital mais conhecida mundialmente pelo exército de terracota.

Também a da montadora Geely em Changxing, colada a Hangzhou, na província de Zhejiang. E a da Magiclab Robotics em Suzhou, na província de Jiangsu. Visitar fábricas é cada vez mais um programa turístico, atraindo tanto locais como estrangeiros pelo fascínio com a tecnologia chinesa.

Na BYD de Xian, recomenda-se fazer a reserva dez dias antes, pela procura. Escolas e empresas têm prioridade. As famílias podem passear no monotrilho que vai de uma unidade a outra e também entre as linhas de montagem, num micro-ônibus aberto.

Na Geely, o passeio pela unidade é semelhante, até pelo veículo, assim como o impacto visual dos robôs imensos em atividade, montando partes do carro sob mínima supervisão humana.

As visitas são aos sábados, reunindo grupos de 15 a 20 pessoas. Cada ingresso, tanto para adultos como crianças, que devem ser maiores de cinco anos, sai por 299 yuan (R$ 230). Não é permitido, para o visitante comum, tirar fotos.

Na Magiclab, foi possível filmar e fotografar robôs humanoides e cães robôs em ação e também sendo montados e testados, no parque tecnológico da cidade. Os próprios diretores, inclusive o CEO Wu Changzheng, explicavam modelos e funcionamento.

Em Suzhou, startups como Magiclab, Leju Robot e AISpeech, esta de aplicações de inteligência artificial, caso dos tradutores simultâneos para conversas, abrem suas portas sobretudo como estratégia de marketing, para ganhar reconhecimento e se estabelecerem.

Dadas as suas proporções, são as montadoras já estabelecidas de veículos de “nova energia”, como são chamados no país, abrangendo elétricos e híbridos, que mais atraem visitantes, firmando o novo fenômeno no setor chinês de turismo.

Em Pequim, junto aos dias inteiros na Grande Muralha ou caminhando entre a Cidade Proibida e a Praça Tiananmen, turistas passaram a incluir uma parada na fábrica da montadora Xiaomi em Yizhuang, distrito voltado à alta tecnologia, no sul da capital.

O primeiro modelo da Xiaomi foi lançado em abril do ano passado, o SU7, e o impacto comercial abalou a alemã Porsche no mercado chinês. Em janeiro último, a fábrica abriu as portas para turistas, enquanto vídeos virais mostravam o funcionamento da linha de montagem, com uma taxa de automação industrial de 91%.

Pelos dados distribuídos, são 700 robôs, que entregam um novo carro a cada 76 segundos. A passagem preferida é na área de fundição sob pressão, de 9.100 toneladas, alimentada por metal líquido e formando peças de carroceria sem parar.

Como na Geely, o uso de celulares é controlado pelos funcionários, para impedir o vazamento de segredos industriais. Para evitar acidentes, os visitantes devem usar camisas de mangas e calças compridas, evitando saias e chinelos, além de prender os cabelos.

O conceito de “turismo tecnológico industrial” não é novo na China. O marco inicial teria sido o estabelecimento ainda nos anos 1990 de uma agência de turismo pelo grupo FAW, que produz modelos próprios, como o Hongqi, e de marcas como Toyota.

Uma das primeiras linhas de montagem abertas para visitação foi exatamente a do Hongqi, célebre limusine usada pelas autoridades chinesas —e que foi elogiada pelo então presidente americano Joe Biden durante encontro com o líder Xi Jinping em 2023.

Mas o impulso recente para esse gênero turístico veio com a repercussão do estande da Xiaomi e dos debates em torno do conceito na Feira Internacional de Turismo de Xangai, em novembro passado. Desde janeiro, a busca pela fábrica da Xiaomi é grande, com ingressos gratuitos sorteados e depois vendidos online por até 2 mil yuan (R$ 1.540).

Outros exemplos turísticos bem-sucedidos são a “fábrica escura”, sem humanos, da GAC Aion na província de Hunan; o parque industrial de caminhões da Sany, também em Hunan, e a fábrica da AgiBot em Xangai, a primeira voltada para a produção em massa de robôs humanoides.

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