Fazer a compra online e retirar na loja física é tendência para as vendas de final de ano

Uma image de notas de 20 reais
Agilizar o pedido via internet e usar a loja para retirada pode ser diferencial competitivo no Natal
(Freepik)
  • Consumidores aderem ao phygital para garantir agilidade, evitar atrasos e facilitar trocas durante o período de maior demanda.
  • Tecnologia integrada sustenta o modelo híbrido, reduz custos operacionais e consolida a loja física como ponto de conveniência.
Por Pedro Jansen

[AGÊNCIA DE NOTÍCIAS DC NEWS]
Com a aproximação do Natal, o varejo brasileiro se prepara para um movimento financeiro que pode chegar a R$ 85 bilhões e levar 124,3 milhões de consumidores às compras, segundo a Confederação Nacional dos Distribuidores Lojistas (CNDL). Desse universo, 94,2 milhões planejam adquirir ao menos um presente pela internet. Em um período de alta demanda, a jornada se divide em dois caminhos: nas lojas físicas, pesa o receio de enfrentar pontos de venda lotados, estoques reduzidos e atendimento pressionado; no ambiente digital, crescem as preocupações com golpes, prazos de entrega e a garantia de que o produto chegará a tempo. A solução, para muitos consumidores, está na fusão dos dois modelos. Dados da Abiacom (antiga ABComm) mostram que metade dos compradores online pretende retirar o pedido na loja física para evitar atrasos e reduzir custos logísticos. O movimento tem nome: phygital e para José Barletta, diretor técnico da Ingenico, trata-se de uma virada estrutural no setor: “O modelo híbrido elimina barreiras e transforma a loja física em um ponto de conveniência, não apenas de venda.”

Ser híbrido, no entanto, não é tarefa fácil. O varejo físico precisa operar com a mesma precisão e fluidez do digital. Segundo o executivo da Ingenico, empresa de soluções de pagamento, ferramentas que medem a performance, integram modalidades de pagamentos e organiza fluxo de saída são essenciais para operar no varejo físico e digital simultaneamente. O modelo híbrido, diz ele, depende de processos bem amarrados: estoques sincronizados em tempo real, pontos de retirada dedicados, confirmação automática de disponibilidade e times treinados para atuar como extensão do e-commerce. No Natal, quando a pressão por atendimento, filas e logística cresce, a capacidade de transformar a loja em um hub de conveniência – com retirada rápida, pagamento simplificado e trocas imediatas – torna-se um diferencial competitivo. É essa engenharia invisível, que define se a experiência phygital será percebida como vantagem ou como mais um atrito na jornada.

A pesquisa da CNDL mostra que o digital terá peso decisivo neste Natal. Entre os 124,3 milhões de consumidores que devem ir às compras, cerca de 75% pretendem adquirir ao menos um presente pela internet. Antes de fechar negócio, porém, o consumidor passa por uma etapa cada vez mais criteriosa: 87% farão pesquisa de preços online e 75% usarão sites e aplicativos para comparar ofertas, acompanhar promoções e verificar disponibilidade. Redes sociais também entram no radar, citadas por 47% dos entrevistados como fonte de consulta. Essa jornada mais investigativa reforça a necessidade de informações alinhadas entre canais e de uma operação capaz de garantir ao cliente que o item visto no digital estará, de fato, disponível para retirada ou troca na loja física.

Escolhas do Editor

As projeções da CNDL indicam um consumidor disposto a gastar, mas atento aos preços. O tíquete médio previsto para este Natal é de R$ 174, valor impulsionado pelas classes A/B, que pretendem comprar em média cinco itens – acima da média geral de quatro presentes. Entre todos os entrevistados, 41% planejam gastar mais do que em 2024, seja porque os produtos estão mais caros, porque querem presentear melhor ou porque conseguiram economizar ao longo do ano. Já 26% devem reduzir as compras, motivados por busca de economia, dificuldades financeiras ou incertezas sobre a economia no início de 2026. As categorias mais procuradas continuam sendo roupas, perfumes/cosméticos, calçados e brinquedos, enquanto as experiências ganham espaço e já atraem 43% dos consumidores. Na forma de pagamento, o PIX lidera com 54%, seguido pelo cartão de crédito parcelado (39%), com média de 4,8 parcelas, o que empurra parte das compras para o primeiro trimestre de 2026.

ORGANIZAÇÃO – O estudo também revela um consumidor que combina cautela e pragmatismo. Para 59% dos entrevistados, os preços dos presentes estão mais altos que no ano passado, o que intensifica a busca por pesquisa antecipada e comparações detalhadas entre canais. Oito em cada dez consumidores pretendem pesquisar antes de comprar, reforçando a tendência de planejamento financeiro que marca este fim de ano. Nesse cenário, o presidente da CNDL, José César da Costa, disse que a disposição de compra não diminui, mas muda de forma: “O consumidor chega ao Natal mais informado, mais comparador e mais atento ao valor real do produto. Ele não deixa de comprar, mas passa a gastar com critério.” Para o varejo, isso significa ajustar preços, exposição e atendimento a uma jornada mais racional e cada vez mais multicanal.

No crédito, o estudo aponta um comportamento que deve se estender para os primeiros meses de 2026. O PIX será a principal forma de pagamento neste Natal, citado por 54% dos consumidores, seguido pelo cartão de crédito parcelado (39%), com média de 4,8 parcelas – o que empurra parte das despesas para abril ou maio do próximo ano. Para 79% dos entrevistados, a oferta de crédito influencia muito ou um pouco a decisão de compra, e 39% afirmam que comprariam menos presentes sem essa possibilidade. O dado evidencia que, apesar do impulso das festas, o consumidor mantém uma preocupação constante com orçamento e previsibilidade, reforçando a necessidade de o varejo calibrar preços, condições e atendimento ao longo de toda a temporada.

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