FecomercioSP diz que o varejo sente a desaceleração do PIB. Crescimento deste ano ficará abaixo de 2024
Vestuário, supermercados e farmácias são atividades que se destacam em 2025
(Divulgação)
Entidade estima em R$ 1,5 trilhão o faturamento bruto, alta de 5% sobre o ano passado, quando o setor havia crescido 9,3%
Áreas de itens essenciais (como supermercados e farmácias) crescem mais em relação às que dependem de crédito
Por Vitor NuzziCompartilhe:
[AGÊNCIA DE NOTÍCIAS DC NEWS] A Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP) estima em R$ 1,54 trilhão o faturamento bruto do varejo paulista em 2025, com crescimento aproximado de 5% sobre o ano anterior. O crescimento – sustentado pelo consumo das famílias – é inferior ao registrado no ano passado, quando o setor teve receita 9,3% maior em relação a 2023, somando R$ 1,47 trilhão (valor já atualizado pela inflação), recorde na série, iniciada em 2008. O resultado, segundo a FecomercioSP, se dá “em consonância com o desempenho da economia brasileira, sobretudo neste segundo semestre”. Para os economistas da entidade, a projeção reflete uma conjuntura complexa, marcada por elementos positivos e, da mesma forma, “por desafios relevantes com os quais o país deverá lidar no ano que se aproxima”.
Entre esses “elementos positivos”, a federação destaca principalmente o mercado de trabalho. Segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Contínua, do IBGE, a taxa de desocupação (desemprego) ficou em 5,4% no trimestre encerrado em outubro, a menor da série, iniciada em 2012. É isso que “mantém as famílias consumindo e impacta a renda média”. A FecomercioSP cita levantamento do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) sobre rendimentos do trabalho. “É a dinâmica que fará o Brasil cumprir as expectativas de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) deste ano, entre 2% e 2,5%.”
Segundo o balanço, atividades como farmácias&perfumarias e supermercados, “que comercializam itens essenciais”, crescerão 6% e 5%, respectivamente. O setor de supermercados corresponde a pouco mais de um terço (34%) do total. Segmentos “mais sensíveis à disponibilidade do crédito” tiveram altas menos expressivas ou retração. Casos de eletrodomésticos&eletrônicos (+4%), móveis& decoração (-2%) e materiais de construção (+1%). “São efeitos mais evidentes dos juros altos”, disse a FecomercioSP. A maior alta (10%) é no setor que inclui vestuário&calçados.
De acordo com os dados divulgados pela federação, o Brasil teve semestres distintos: economia mais forte na primeira metade de 2025 e esfriando na segunda. Apenas de janeiro a março, o varejo cresceu 9%, “estimulado pelas lojas de roupas e, sobretudo, pelas vendas de automóveis”. De abril a junho, alta de 7%, “dessa vez com um salto dos supermercados e a manutenção do vestuário”. Mas no terceiro trimestre houve desaceleração de 2% (-7% em móveis e -1% em peças de veículos). Essa taxa deve se manter no último período do ano.
Fonte: FecomercioSP
Além disso, segundo a FecomercioSP, a inflação começou a ceder a partir do segundo semestre, mesmo permanecendo acima do teto da meta fixada pelo Conselho Monetário Nacional (CMN). O IPCA acumulado dos últimos 12 meses, até outubro, ficou em 4,68%. Mas a edição mais recente do Focus, boletim do Banco Central, mostra projeção de 4,40% para o IPCA deste ano. A federação também cita a taxa básica de juros (Selic) como “fator de desestímulo às vendas, principalmente de bens duráveis”. A taxa está em 15% ao ano. O Comitê de Política Monetária (Copom) faz nesta semana sua última reunião de 2025, e não deve mexer na Selic.
“Ademais, as incertezas fiscais aumentam riscos do ambiente de negócios”, afirmou a FecomercioSP. A falta de um plano “robusto” de corte de gastos e frequentes questionamentos de integrantes do governo sobre os juros provocam volatilidade. O que pressiona o câmbio e mantém “expectativa de inflação em alta”, adiando o início do ciclo de queda dos juros. A federação cita projeção de crescimento de 1% da atividade industrial – ante 3,1% em 2024, também segundo o IBGE.