SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O gigante americano do setor financeiro Goldman Sachs divulgou na semana passada a contratação de um novo funcionário: o primeiro modelo de inteligência artificial a trabalhar como engenheiro em um banco tradicional.
Trata-se de Devin, que foi apresentado no ano passado como a primeira IA engenheira de programação a chegar ao mercado, em anúncio da startup Cognition. Em maio, o programa recebeu uma atualização para facilitar o uso e, desde então, a tecnologia vem conquistando espaço no mercado.
De acordo com o vice-presidente de tecnologia do Goldman, Marco Argenti, o Devin vai aumentar a força de trabalho do banco. “Ele vai ser como nosso novo empregado, que começará produzindo coisas no lugar de nossos programadores”, afirmou ele, em entrevista ao canal de televisão americano CNBC.
Todo o trabalho de Devin, afirmou o executivo à emissora, será supervisionado por profissionais humanos durante a primeira fase de testes. “Inicialmente, vamos ter centenas de Devins e podemos chegar aos milhares, dependendo de como conseguirmos aplicar a tecnologia.”
Vídeos da Cognition mostram como o Devin funciona. Primeiro, o usuário passa uma tarefa à IA, que, antes de qualquer coisa, traça um plano de como resolverá o problema. Depois, o modelo começa a tentar executar a rota que traçou e, uma vez que encontra falhas, pesquisa o motivo do erro, o corrige e avança até chegar a um resultado satisfatório.
Na mesma medida em que a tecnologia é mais eficiente na resolução de problemas, é também mais dispendiosa, porque envolve diversas interações com o motor da inteligência artificial. No ambiente corporativo, cada pedido para o modelo de IA e sua respectiva resposta têm um custo variável, que vai se somando enquanto o agente busca uma solução adequada.
Desde maio, o Devin passou a sinalizar antes de começar a trabalhar se está confiante de que pode resolver o problema. A medida ajuda as empresas a evitar tentativas em vão e eventuais desperdícios de recursos.
O Goldman é o primeiro cliente do setor bancário da Cognition, uma startup que reuniu gênios da matemática a fim de criar o primeiro engenheiro de programação autônomo.
Entre os três fundadores da criadora do Devin, dois foram campeões das Olimpíadas Internacionais de Informática (IOI), Scott Wu e Steven Hao. O terceiro é Walden Yan, que tem menos de 30 anos, assim como seus pares.
Em março, a Cognition chegou a avaliação de mercado de US$ 4 bilhões, ao receber um investimento do Founders Fund, de Peter Thiel, megainvestidor que esteve entre os primeiros a apostar em Facebook e OpenAI.