O Banco Santander revisou sua recomendação para as ações da Hypera (HYPE3), mantendo a classificação neutra, mas ajustando o preço-alvo para o final de 2025 de R$ 33,50 para R$ 30,75 – uma queda de 8,2%. As ações da companhia fecharam a R$ 27,32 (na quarta-feira, 23) sofreram uma desvalorização de 18% nos últimos 12 meses. Apesar disso, o banco acredita que há potencial de valorização de 17,5% se a fusão com a EMS (anunciada na última terça-feira, 22) for concretizada. Contudo, segundo os analistas, se o acordo não avançar, há risco de nova desvalorização.
Em Fato Relevante publicado pela Hypera na segunda-feira (21), a companhia listou as principais sinergias destacadas pela EMS em documento de proposta de compra: otimização da presença regional da força comercial; otimização de portfólio; implementação de estratégias de cross-sell e up-sell; ganhos em negociação de matérias-primas; ganhos em negociação de embalagens; aumento na eficiência operacional; maior eficiência com despesas da força de vendas, visitas médicas, amostras e negociação de fretes; escalonamento do P&D e fluxo de caixa, com melhora no capital de giro; melhora na estrutura de capital através da redução do custo de dívida; e, por fim, o incremento de benefícios fiscais por meio da presença da planta da EMS em Manaus.
Para o Santander a fusão gera expectativa de sinergias significativas e a melhoria de margens operacionais elevam as perspectivas para a Hypera caso a transação seja concretizada. A fusão criaria uma nova entidade que poderia acelerar o crescimento da receita e expandir as margens de Ebitda nos próximos anos. Segundo o relatório, as sinergias poderiam gerar um valor presente líquido (VPL) de R$ 3,1 bilhões, com potencial de elevar a margem Ebitda em 1% até 2026. Entretanto, se o acordo não avançar, os analistas acreditam que a Hypera enfrentará dificuldades adicionais em melhorar suas margens e expandir operações de forma independente.
A recomendação neutra e o preço-alvo menor também levam em consideração o processo de otimização de capital de giro da Hypera, que está impactando suas margens de curto prazo. O banco projeta que essa fase de ajustes se estenderá até o final de 2025, o que pode manter as receitas e lucros pressionados. No cenário otimista, caso o acordo de compra avance, o valor das ações da Hypera pode chegar a R$ 36,50, o que representaria ganho de 40%, baseado em uma recuperação mais rápida do sell-in (volume de produtos que sai do fabricante e entra no estoque dos distribuidores) após a otimização de capital de giro e margens mais altas no curto prazo devido à alavancagem operacional.
DESAFIOS – Com expectativa de fechar o ano com receita líquida de R$ 7,5 bilhões, queda de 5% em relação a 2023, e lucro líquido de R$ 1,4 bilhão, a Hypera enfrenta desafios significativos. houve retração no Ebitda, de R$ 2,7 bilhões (2023) para R$ 2,2 bilhões (2024). As projeções para 2025 são mais otimistas, com a expectativa de que a receita da empresa suba para R$ 8,3 bilhões, impulsionada por novos lançamentos de produtos e expansão no mercado institucional. O Santander espera também recuperação no lucro líquido, que pode chegar a R$ 1,5 bilhão em 2025, crescimento de 12,8% em relação a 2024, e Ebitda de R$ 2,5 bilhões. Nos primeiros seis meses de 2024, a Hypera registrou receita líquida de R$ 4 bilhões (+2,2% na comparação anual). O lucro líquido foi de R$ 883 milhões (+4,7%). E o Ebitda das operações continuadas foi de R$ 1,4 bilhão (+1,8%).