[AGÊNCIA DC NEWS]. O Índice Nacional de Confiança (INC), da Associação Comercial de São Paulo (ACSP) recuou em fevereiro pelo segundo mês seguido, agora para 99 pontos, e entrou no campo pessimista (abaixo de 100). Isso não acontecia desde junho do ano passado, quando o INC marcou 98 pontos. O resultado mostra queda de 2,9% tanto em relação a janeiro deste ano como na comparação com fevereiro do ano passado – 102 pontos nesses dois casos. Nos 12 últimos meses, o INC ficou abaixo de 100 em cinco. Nos 12 imediatamente anteriores, isso só havia acontecido uma vez. É o pior resultado para fevereiro desde 2022 (89 pontos). O INC, que vai até 200 pontos, é divulgado desde 2005. Nestes 20 anos, teve o pico em janeiro de 2012 (186 pontos) e o pior resultado em julho de 2017 (66).
Segundo o economista Ulisses Ruiz de Gamboa, do Instituto de Economia Gastão Vidigal (IEGV-ACSP), o resultado da pesquisa já mostra sinais de desaquecimento da atividade econômica. “Que começam a se refletir na menor geração de empregos, além da aceleração da inflação, com destaque para os aumentos de preços de produtos básicos, como alimentos e bebidas”, afirmou. Isso acontece em um “contexto de elevado grau de endividamento das famílias e juros altos, o que tende a deixar o consumidor mais cauteloso na hora de comprar”.
O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), indicador oficial da inflação no país, está acumulado em 4,56%. Houve desaceleração em janeiro (0,16%), com fator sazonal, mas se espera alta no resultado de fevereiro, que será divulgado na próxima quarta-feira (12). A “prévia” (IPCA-15) já mostrou taxa maior, de 1,23%, a maior para fevereiro desde 2016. O IPCA-15 soma 4,96% em 12 meses. Ao mesmo tempo, a taxa básica de juros (Selic) está em 13,25% ao ano, no maior nível dos últimos 18 meses. É esperado novo aumento na próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central, marcada para os dias 18 e 19.
De acordo com os dados do INC, a confiança caiu em todas as regiões, principalmente no Centro-Oeste e Norte. “No caso das classes socioeconômicas, também houve recuo generalizado, principalmente para as famílias pertencentes à classe C”, disse a ACSP. “Houve deterioração da percepção das famílias em relação à situação financeira atual e em termos das expectativas futuras de renda e emprego, com redução da segurança no emprego”. Os índices de confiança da Fundação Getulio Vargas (FGV) mostram queda generalizada, com destaque justamente para o comércio (85,5 pontos). “Os empresários do setor sinalizam que o volume de demanda tem pedido força e não enxergam cenário de reversão dessa tendência negativa no curto prazo”, afirmou a FGV.
No caso do INC, a redução da confiança se reflete em diminuição da disposição a comprar itens de maior valor – como automóveis e casas. Além da redução da intenção de adquirir bens duráveis, como geladeiras e fogões. “E menor propensão para investir.” Elaborado pelo aplicativo PiniOn, o índice é elaborado a partir de amostra com 1.679 famílias, em todo o país, em capitais e cidades do interior.