IPCA-15 acelera em julho com pressão da conta de luz; alimentos caem pelo 2º mês seguido

Uma image de notas de 20 reais

Crédito: Bruno Peres/Agência Brasil

RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) – A inflação medida pelo IPCA-15 (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15) acelerou a 0,33% em julho, após marcar 0,26% em junho, apontam dados divulgados sexta (25) pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).

O novo resultado ficou acima da mediana das projeções do mercado financeiro, que era de 0,30%, segundo a agência Bloomberg. O intervalo das estimativas ia de 0,20% a 0,36%.

O índice de julho foi pressionado pelas altas da energia elétrica (3,01%) e da passagem aérea (19,86%).

Os preços de parte dos alimentos, por outro lado, voltaram a recuar neste mês. A alimentação no domicílio (-0,40%) teve a segunda queda consecutiva.

Com os dados de julho, o IPCA-15 passou a acumular alta de 5,30% em 12 meses. Houve leve aceleração ante a taxa de 5,27% até junho.

A taxa segue acima do teto de 4,5% da meta de inflação perseguida pelo BC (Banco Central) para o IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo).

O IPCA é o indicador oficial de preços do Brasil. Também é calculado pelo IBGE.

O IPCA-15, por ser divulgado antes, sinaliza uma tendência para o IPCA. Uma das diferenças entre os dois é o período de coleta das informações.

A apuração dos preços do IPCA-15 se concentra na segunda metade do mês anterior e na primeira metade do mês de referência. No caso do índice de julho, a coleta foi realizada de 14 de junho a 15 de julho.

Já a apuração do IPCA ocorre no mês de referência. Por isso, o resultado de julho ainda não é conhecido. Será divulgado em 12 de agosto.

Na mediana, as projeções do mercado financeiro apontam IPCA de 5,1% no acumulado de 2025, de acordo com a edição mais recente do boletim Focus, divulgada pelo BC na segunda (21).

A previsão caiu pela oitava semana consecutiva, mas segue acima do teto da meta de 4,5%.

Em janeiro de 2025, o BC passou a perseguir o alvo de maneira contínua, abandonando o chamado ano-calendário (janeiro a dezembro).

No modelo atual, a meta de inflação é considerada descumprida quando o IPCA acumulado permanece por seis meses seguidos fora do intervalo de tolerância, que vai de 1,5% (piso) a 4,5% (teto). O centro é de 3%.

O IPCA estourou a meta contínua pela primeira vez em junho.

POSSÍVEL EFEITO DO TARIFAÇO

Um elemento de incerteza para o cenário de inflação no país é o tarifaço prometido pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.

Ele anunciou em 9 de julho que vai sobretaxar as exportações brasileiras em 50% a partir de 1º de agosto.

Economistas afirmam que a redução das vendas externas pode resultar em uma oferta maior de produtos no mercado interno em um primeiro momento, aliviando parte dos preços.

Em seguida, porém, as empresas afetadas podem encontrar parceiros comerciais substitutos ou simplesmente reduzir a produção, com riscos a empregos no Brasil.

Além disso, períodos de incerteza ou turbulência na economia trazem chance de aumento na cotação do dólar. Uma eventual desvalorização do real ameaçaria a inflação brasileira, incluindo a de alimentos.

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