Maioria dos bancos vê ritmo de expansão do crédito desacelerar, de forma gradual, em 2025

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São Paulo, 18 de agosto de 2025 – A maioria dos bancos (70%) entende que o próximo ciclo de quedada taxa Selic deve se iniciar no 1º trimestre de 2026, revela a Pesquisa de Economia Bancária eExpectativas da Febraban. O resultado do levantamento, feito com 20 bancos entre 05 e 11 de agosto,mostra que se mantém os sinais de melhora nas expectativas sobre o cenário inflacionário, apesardas projeções seguirem em patamar elevado.

Na pesquisa de maio, 77,3% esperavam que o IPCA ficasse entre 5,0% e 5,5% neste ano; esse percentualse reduziu para 71,4% em junho e está em 70% em agosto. Enquanto isso, aumentou de 28,6% em junhopara 30% os que esperam uma inflação abaixo de 5,0% no final do ano.

Nesse contexto, tem se consolidado as expectativas de que o ciclo de queda da Selic se iniciará emjaneiro de 2026 na pesquisa anterior era 61,9%. A mediana captada pela Pesquisa segue projetandomanutenção da taxa Selic em 15,00% ao ano até o fim de 2025, com reduções de 0,25 pontospercentuais e 0,50 pp, nesta ordem, nas duas primeiras reuniões de 2026, quando atingiria 14,25% aoano em março de 2026.

A pesquisa, realizada sempre após a divulgação da Ata da reunião do Comitê de PolíticaMonetária (Copom), aponta ainda estabilidade na estimativa do crescimento de crédito este ano,mantendo-se nos 8,7% verificados na pesquisa anterior. A estabilidade ante estimativas anterioresevidencia a perspectiva de que o crescimento do crédito deve mostrar alguma desaceleração no 2ºsemestre, considerando que, segundo o Banco Central, a alta anual registrada em junho foi de 10,7%.

A revisão mais relevante no comportamento do crédito ocorreu novamente no crédito para pessoasjurídicas (PJ) com recursos direcionados, cuja expansão projetada passou de 10,1% para 10,9%. Essaevolução ainda é reflexo do efeito dos programas públicos de crédito. No crédito direcionadopara pessoas físicas (PF), a expansão esperada se manteve estável em 9,1%. Com isso, a projeçãode alta da carteira de crédito direcionado teve elevação de 9,3% para 9,6%.

Em contraposição a essa evolução no crédito direcionado, a alta esperada para a carteira comrecursos livres caiu de 8,2% para 8,1%, puxada pela expectativa de um menor crescimento do créditodestinado às empresas (5,9%, ante 6,1%). Esse segmento tem apresentado menor dinamismo, refletindoas condições financeiras mais apertadas, além da concorrência enfrentada com as operaçõesdirecionadas e o mercado de capitais. Por outro lado, a expectativa para o crédito livre para asfamílias subiu de 9,5% para 9,7%, em um cenário marcado pelo mercado de trabalho ainda aquecido.

A pesquisa captou uma aparente consolidação das expectativas para o desempenho da economia. Emrelação ao crédito, a projeção se manteve estável em 8,7%, ainda que com alguma mudança entreo comportamento esperado das carteiras, avalia Rubens Sardenberg, diretor de Economia, RegulaçãoPrudencial e Riscos da Febraban.

De forma semelhante, do ponto de vista da atividade e política monetária, as projeções tambémficaram menos dispersas, com alguma convergência para a expectativa de um crescimento próximo a 2%neste ano, além da perspectiva de que o Copom só deve começar a reduzir a taxa Selic no iníciode 2026, complementa Sardenberg.

Inadimplência

A trajetória da taxa de inadimplência se mantém como um ponto de atenção. A projeção doindicador para a carteira com recursos livres se manteve em 5,0%, mesmo patamar projetado para 2026e o reportado pelo Banco Central no dado de junho, indicando a expectativa de estabilidade a partirde então, mas em patamar mais elevado do que o observado ao longo de 2024.

Crédito 2026

Para o próximo ano, a pesquisa captou ligeira queda na expansão projetada para o crédito,passando de 7,9% para 7,8%. Na comparação com a pesquisa anterior, houve revisão negativa tantopara a carteira livre (de 7,5% para 7,4%), como direcionada (de 8,7% para 8,5%).

PIB

Com relação à atividade, as projeções também se mostraram menos dispersas. Agora, para 70,0%dos participantes, o crescimento do PIB deve ficar em torno de 2,2% no ano, atual consenso domercado (ante 42,9% observado na pesquisa de junho). A principal diferença é que entre osconsultados, ninguém mais espera um crescimento superior a este patamar.

Mercado de Trabalho e Inflação

Quanto ao impacto do mercado de trabalho aquecido sobre a inflação, a percepção para a maioriados entrevistados (55,0%) é que sua influência tende a ser moderada. Ou seja, embora dificulte aconvergência da inflação para a meta, não a impede. Já para 40,0%, sua influência é relevantee pode comprometer a convergência da inflação para a meta.

EUA

Quanto à política monetária nos EUA, os dados mais fracos do payroll elevaram as chances de umciclo mais agressivo de queda dos Fed Funds neste ano. Além de pouco mais da metade dosentrevistados (60,0% ante 52,4%) projetar 2 cortes de 0,25 pp até o fim do ano, 20,0% já enxergam3 cortes desta magnitude em 2025, ante apenas 4,8% na pesquisa anterior.

As informações partem da Febraban.

Cynara Escobar – cynara.escobar@cma.com.br (Safras News)

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