Porto Alegre, 5 de novembro de 2025 – A Selic está no nível mais alto em quase duas décadas.Nesse patamar, a taxa de juros real está em torno de 10,5% a.a., quando se considera a inflaçãoesperada nos próximos 12 meses, de 4,06%. A taxa de juros real está aproximadamente 5,5 p.p. acimada taxa neutra, que não estimula nem desestimula a atividade econômica, estimada em 5% a.a. peloBanco Central.
A CNI estima que a taxa básica de juros de equilíbrio deveria estar em 11,9% a.a., considerando asexpectativas de inflação para os próximos 12 meses. Assim, os juros atuais estão 3,1 p.p. acimado necessário para controlar a inflação e evitar prejuízos ao crescimento econômico.
Juros elevados deixaram crédito ainda mais caro
O crédito está cada vez mais caro por causa da Selic elevada. Segundo o próprio Banco Central, ataxa de juros média cobrada das empresas nas concessões de crédito, considerando as linhas comrecursos livres, subiu de 20,6% a.a., em setembro de 2024, quando se iniciou o atual ciclo de altasna Selic, para 24,5% a.a. em setembro de 2025.
Para os consumidores, a taxa de juros média das operações de crédito passou de 52,3% para 58,2%a.a., desde setembro do ano passado, considerando apenas os recursos livres. Além de reduzir oconsumo, o crédito caro tem contribuído para aumentar a inadimplência das famílias junto aosistema financeiro, que passou de 3,7% para 4,8%, no mesmo período de comparação.
Atividade econômica com evidente perda de ritmo
O custo do financiamento e as condições financeiras fragilizadas das empresas e dos consumidoresatrapalham a atividade econômica e se refletem no Produto Interno Bruto (PIB), que cresceu apenas0,4% no 2º trimestre de 2025; bem menos que a alta de 1,3% do 1º trimestre.
Os dados parciais de julho e agosto não são nada animadores, sugerindo menos crescimento do PIB no3º trimestre. Indicador do Banco Central que serve como prévia do PIB, o IBC-Br de agosto ficou0,1% abaixo do registrado em junho, último mês do 2º trimestre.
Inflação com sinais favoráveis
Os números reforçam que a manutenção da Selic é incompatível com a situação da inflação. OIndice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), do IBGE, segue em tendência de queda, com oacumulado em 12 meses saindo de 5,5%, em abril, para 5,2%, em setembro.
Parte dessa melhora se deve ao comportamento dos preços de alimentos, que caíram em junho, julho,agosto e setembro, e dos preços de bens industriais, que passou de crescimento de 4,1%, noacumulado em 12 meses até abril, para crescimento de 3,2%, no acumulado até setembro. Essadesaceleração se deve, em grande medida, à apreciação do real.
Por fim, é preciso salientar que as expectativas para a inflação no final de 2025 têm sidosucessivamente revistas para baixo, saindo de 5,6%, em abril, para 4,5%, no fim de outubro, deacordo com o Relatório Focus. Adicionalmente, as projeções para a inflação de 2026, 2027 e 2028também vêm apresentando sucessivas quedas, situando-se atualmente em 4,2%, 3,8% e 3,5%,respectivamente; fortalecendo a percepção de melhora no horizonte.
As informações partem de assessoria de imprensa.
Fabio Rubenich – fabio@safras.com.br (Safras News)
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