JOANESBURGO, ÁFRICA DOSUL, BELÉM, PA, E BERLIM, ALEMANHA (FOLHAPRESS) – O primeiro-ministro da Alemanha, Friedrich Merz, disse a Lula (PT) neste sábado (22) que não teve a intenção de ofender Belém e os brasileiros ao expressar alívio por retornar ao seu país depois da COP30. Merz, entretanto, não chegou a se desculpar pela declaração.
O premiê e o presidente brasileiro tiveram um encontro bilateral de pouco mais de meia hora durante a cúpula do G20, que acontece neste fim de semana em Joanesburgo, na África do Sul.
Respondendo sobre o encontro à TV Globo depois de participar de uma entrevista coletiva com jornalistas alemães, Merz descreveu a reunião com Lula como “ótima”. O premiê ressaltou que o brasileiro irá a Hanover, na Alemanha, em abril de 2026, para visitar uma feira industrial.
“Somos amigos próximos. Estou realmente ansioso para encontrá-lo várias vezes no futuro”, acrescentou Merz, que foi pressionado pela oposição na Alemanha após a fala sobre Belém. A declaração, na qual o premiê disse que todos ficaram felizes de ir embora “daquele lugar”, causou mal-estar entre políticos brasileiros como o prefeito de Belém, Igor Normando (MDB), o governador do Pará, Helder Barbalho (MDB), e o prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes (PSD), que se referiu ao alemão como “filhote de Hitler vagabundo” nas redes sociais.
No encontro com Merz neste sábado, Lula falou das belezas de Belém, da comida e das danças típicas da região. Também estavam na pauta do evento outros temas de interesse dos dois países, como o apoio alemão ao TFFF, o fundo para preservação das florestas tropicais lançado pelo Brasil na COP30.
Após a reunião, Merz fez uma publicação em uma rede social e disse: “Foi um prazer revê-lo hoje, presidente Lula” os dois estiveram juntos na capital paraense no último dia 7 para a Cúpula de Líderes, que antecedeu o início oficial da COP30. “Na próxima vez que estiver em Belém, explorarei mais desde os passos de dança à gastronomia local e à floresta tropical. Espero fortalecer ainda mais nossa relação de parceria e amizade”, concluiu o primeiro-ministro.
O governo alemão quer incentivar o investimento privado no Fundo de Florestas. Berlim anunciou 1 bilhão para a iniciativa na última quarta-feira (21) e espera que o valor “seja um catalisador para mais financiamento privado” e “contribuição fundamental para a abordagem inovadora do TFFF”.
Segundo o Ministério de Cooperação Econômica e Desenvolvimento do país, “o mecanismo exato de contribuição ainda está sendo avaliado pelo governo”. A explicação dada à Folha contrasta com a assertiva no meio da semana de Carsten Schneider, ministro do Meio Ambiente, que descreveu o aporte como “subvenção, não investimento”.
Isso significa que a Alemanha está colocando recursos no fundo sem expectativa de retorno, como uma doação, o que progressivamente aumentaria a participação alemã no fundo. “É particularmente importante que 20% dos recursos sejam destinados diretamente às populações indígenas que vivem na floresta e dela dependem”, disse Carsten em Belém.
A proposta inicial do governo brasileiro era levantar US$ 25 bilhões com países, valor que alavancaria outros US$ 100 bilhões de investidores privados. A aplicação dos recursos em papéis de mercado, notadamente em título de países em desenvolvimento, geraria rendimentos para remunerar os investidores e também os países que preservarem suas florestas.