SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O presidente da França, Emmanuel Macron, criticou nesta quarta-feira (30) o acordo firmado entre a União Europeia e os Estados Unidos no último domingo (27), que estipulou em 15% as tarifas sobre os produtos europeus exportados para EUA.
Em sua avaliação, o bloco não mostrou que poderia ser um obstáculo para o presidente dos EUA, Donald Trump. “Para ser livre, você precisa ser temido. Não fomos temidos o suficiente”, disse ele aos ministros, segundo autoridades francesas.
Embora o acordo ofereça mais visibilidade às empresas francesas, Macron afirmou que era apenas um primeiro passo e que continuaria a ser negociado.
“Agora, mais do que nunca, é importante acelerar a agenda europeia de soberania e competitividade”, comentou Macron no encontro, de acordo com as autoridades.
Na segunda-feira, o primeiro-ministro da França, François Bayrou, também havia criticado a postura do bloco europeu, que classificou como “submisso” aos EUA.
“É um dia sombrio quando uma aliança de povos livres, reunidos para afirmar seus valores comuns e defender seus interesses comuns, se resigna à submissão”, postou Bayrou na rede social X (antigo Twitter) sobre o que ele chamou de “acordo Von der Leyen-Trump”, em referência ao presidente dos EUA e à líder da Comissão Europeia, Ursula Von der Leyen.
Os ministros do governo francês reconheceram que o acordo tinha alguns benefícios -incluindo isenções para setores como o de bebidas alcoólicas e o aeroespacial- mas disseram que ele continuava fundamentalmente desequilibrado.
“Esse estado de coisas não é satisfatório e não pode ser mantido”, disse o ministro francês de Assuntos Europeus, Benjamin Haddad, em post no X, pedindo que a UE ative seu chamado instrumento anti-coerção, que permitiria uma retaliação não tarifária.
O ministro do Comércio, Laurent Saint-Martin, criticou a forma como a UE lidou com as negociações, dizendo que o bloco não deveria ter se abstido de revidar no que ele descreveu como uma luta pelo poder iniciada por Trump.
“Donald Trump só entende de força”, disse ele à rádio France Inter. “Teria sido melhor responder mostrando nossa capacidade de retaliação mais cedo. E o acordo provavelmente poderia ter sido diferente”, acrescentou.