Nova ameaça tarifária do presidente americano pode azedar de vez a relação com líder russo e o que importa no mercado

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SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Nova ameaça tarifária do presidente americano pode azedar de vez a relação com líder russo, China é cada vez mais importante para o Brasil, Tesla cai no júri popular e outros destaques do mercado nesta terça-feira (15).

**AMINIMIGOS**

Donald Trump e Vladimir Putin se amam ou se odeiam? Vez ou outra, o mercado se faz essa pergunta.

Nas primeiras semanas de mandato, em fevereiro deste ano, o presidente americano se aproximou do líder russo e reverteu as políticas americanas para a Guerra da Ucrânia.

Mas… Trump deu um ultimato a Putin ontem: ou ele acerta uma trégua com Kiev em até 50 dias, ou Moscou será alvo de novas e duras sanções econômicas –como a aplicação de uma tarifa de 100% sobre países que compram dos russos. Está bom ou quer mais?

O republicano ainda confirmou a retomada do envio de sistemas de defesa aérea para os ucranianos, dizendo que a conta será paga pela Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte).

O Patriot, sistema antimísseis que os EUA pretendem enviar para as forças de Kiev, é um dos mais avançados já desenvolvidos. Cada unidade custa mais de US$ 2,5 bilhões (R$ 14 bilhões).

PENSANDO DUAS VEZES

A mudança repentina de atitude com o Kremlin vem de uma chateação de Trump. Ele não achou que seria tão difícil fazer com que Moscou concordasse com um acordo de cessar-fogo na guerra com a Ucrânia.

O chefe da Casa Branca já conversou cinco vezes diretamente com o russo sobre o conflito desde que assumiu o segundo mandato.

O americano tenta mais uma vez usar as sanções econômicas para conseguir o que quer de rivais e aliados –uma forma peculiar de negociar.

PARENTE DE SEGUNDO GRAU

As novas medidas não devem atingir Moscou diretamente, e sim países que comercializam com os russos.

É uma forma de dissuadir outros países de comprar ou vender para os rivais, já que podem sofrer consequências por tabela.

A escolha de Trump se deve ao fato de a Rússia já sofrer com diversas sanções dos americanos, aplicadas na época em que a guerra contra Kiev foi deflagrada, em 2022. Mais uma sanção, menos uma sanção, faria pouca diferença.

“Tarifas secundárias são muito poderosas. Espero que dê certo”, disse Trump, citando alíquotas de até 100%.

No Congresso americano, tramita uma proposta que sugere uma sobretaxa de 500% aos compradores do petróleo russo.

E NÓS COM ISSO?

O Brasil tem tudo a ver com a nova ameaça. Além de o país estar em uma guerra comercial aberta com os EUA, também é um grande comprador do óleo diesel da Rússia.

**NÃO HÁ ESPAÇOS VAZIOS**

Se os Estados Unidos saem de cena, deixam espaço para que a China ocupe os holofotes. Ao menos, é o que parece estar acontecendo na América Latina, com a ameaça do tarifaço de Donald Trump dificultando o comércio da região com o vizinho do Norte.

A China ampliou as vendas de bens de consumo para o Brasil no primeiro semestre deste ano e bateu recorde na participação das importações brasileiras no período.

Os dados consolidam o país asiático como o principal fornecedor de produtos ao mercado brasileiro.

Hoje, 26% das importações brasileiras têm origem na China.

Não é novidade. Os chineses não chegaram aqui de supetão. Eles vêm aumentando sua fatia do mercado brasileiro aos poucos desde o início desta década.

O Incomex (Indicador de Comércio Exterior), divulgado pelo FGV Ibre ontem, aponta um aumento de quase 12% na quantidade de compras brasileiras de bens de consumo duráveis da China neste primeiro semestre em relação ao mesmo período do ano passado.

PISANDO FUNDO

O aumento das vendas de automóveis chineses no mercado brasileiro é um dos responsáveis pelas cifras vultosas.

Só em maio, por exemplo, o porto de Itajaí, em Santa Catarina, recebeu 7.000 carros da BYD vindos da China —até então, o quarto desembarque em portos brasileiros da empresa no ano.

↳ Isso sem contar os desembarques de veículos de outras montadoras chinesas, incluindo elétricos e a combustão.

A enxurrada, claro, coloca uma pulga atrás da orelha dos fabricantes locais, que veem a porcentagem de importados vendidos aqui aumentar.

A BYD abriu em 30 de junho sua primeira fábrica aqui. Ainda assim, parece que a maioria dos veículos é mais “made in China” do que “made in Brasil”.

**NO TRIBUNAL**

Quem não desconfia do piloto automático? A primeira reação de um motorista experiente ao ver um carro conduzindo a si próprio talvez seja pensar que aquilo não vai dar certo. Em alguns casos, não deu mesmo –e houve vítimas.

A Tesla, que tem um dos principais modelos de “Autopilot” do mercado, enfrenta uma série de processos originados por acidentes com o sistema. Pela primeira vez, a empresa comandada por Elon Musk vai a júri popular por um caso desses.

O ACIDENTE

Em 2019, um Tesla Model S, com o sistema Autopilot ativado, colidiu com outro carro estacionado, matando Naibel Benavides e ferindo Dillon Angulo, ambos pedestres. O motorista do carro deixou cair seu celular e se inclinou para procurá-lo quando o veículo bateu.

Dados do automóvel mostram que o condutor, George Brian McGee, estava com o pé no acelerador, elevando a velocidade a cerca de 100 km/h, acima do permitido, de 70 km/h.

OS DOIS LADOS

McGee afirma que estava com o mecanismo de pilotagem automática acionado, o que, em sua concepção, deveria prevenir acidentes.

Já a montadora argumenta que, ao pressionar o acelerador, o motorista tirou o controle do Autopilot, tornando-o o único responsável pela colisão.

POLÊMICAS

A montadora de carros supertecnológicos de Elon Musk não saiu do noticiário nos últimos meses. Além do envolvimento do fundador com a política americana (história que não teve um final feliz), a empresa tem apresentado um desempenho fraco em algumas regiões.

A Tesla teve uma queda de 13% nas vendas no segundo trimestre.

Na Europa, a fabricante chegou a ver uma retração de 40% na venda de veículos em fevereiro, na comparação anual.

EXPANDINDO HORIZONTES

Fecham-se portas, abrem-se janelas. A janela da Tesla é a Índia, o terceiro maior mercado de automóveis do mundo.

A companhia estreia hoje no país, em um evento de lançamento de um showroom em Mumbai. Para entrar no mercado indiano, o preço a ser pago é alto. A empresa deverá pagar cerca de 70% em impostos de importação e outros encargos.

**O QUE MAIS VOCÊ PRECISA SABER**

No meio do caminho, tinha uma baleia. A dona do famoso “prédio da baleia”, na Faria Lima, está negociando com a prefeitura a compra de um trecho da Alameda das Artes.

A marca da besta. Você sabe usar o travessão quando escreve? Aparentemente, muita gente não sabe –e, por isso, está associando o uso do sinal de pontuação com textos escritos por inteligência artificial.

Escrutínio. A CVM (Comissão de Valores Mobiliários) abriu uma investigação contra toda a cúpula do BRB (Banco de Brasília). O foco está na elaboração do balanço de 2024 da instituição.

Rota de colisão. A pauta econômica está na raíz dos embates entre o presidente da Argentina, Javier Milei, e sua vice, Victoria Villarruel. O clima da briga esquentou ontem.

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