Paulista tem esquerda e direita em atos após prisão de Bolsonaro

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SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Um ato em comemoração à prisão do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) tomou a calçada e parte da pista da avenida Paulista, nas proximidades do Masp (Museu de Arte de São Paulo) na tarde deste domingo (23).

O evento convocado na véspera por organizações de esquerda começou tímido, também prejudicado porque a avenida ficou excepcionalmente aberta para carros devido à realização de provas de vestibular da Fuvest.

Ganhando adesão de pedestres atraídos pelo formato da manifestação, uma roda de samba, o ato provocava redução da velocidade dos carros e alguns motoristas buscavam desvios para ruas paralelas. No centro do grupo havia um boneco inflável gigante de Bolsonaro caracterizado como presidiário.

No lado oposto da avenida, um ato contra o governo Lula (PT), organizado por integrantes do partido Novo, também tinha um bonecão inflável, mas do petista com o traje listrado.

Os manifestantes de direita se dizem contra a forma como ocorreu a prisão de Bolsonaro, mas afirmam que o ato não foi motivado por isso e que já estava previsto.

Um pouco adiante, em frente à sede da Fiesp (Federação das Indústrias de São Paulo), dezenas de bolsonaristas iniciaram um novo protesto no decorrer da tarde.

Esse grupo pedia a anistia para Bolsonaro e integrantes da direita presos pelos atos do 8 de Janeiro, conta Nataly Fuertes, 33, uma das participantes do ato.

Presidente da UNE (União Nacional dos Estudantes), Bianca Borges, 26, disse que a entidade que ela dirige foi a responsável pela convocação da mobilização da esquerda. Filiada ao PC do B, afirmou que a prisão materializa o desfecho da tentativa frustrada de golpe dos bolsonaristas.

Em um dos protestos da direita, a organizadora que se apresentou como pré-candidata a deputada estadual pelo Novo, Catharina Donato, 34, afirmou discordar da prisão do ex-presidente por considerar que houve parcialidade na decisão do Supremo.

Ela também disse que Lula não deveria ter sido eleito após escândalos de corrupção como mensalão e petrolão.

A Polícia Federal prendeu de forma preventiva Bolsonaro na manhã deste sábado (22), em Brasília, na reta final do processo da trama golpista no STF (Supremo Tribunal Federal).

Bolsonaro estava em prisão domiciliar desde 4 de agosto. Em sua decisão pela prisão preventiva em regime fechado, o ministro Alexandre de Moraes apontou tentativa de violação da tornozeleira eletrônica, reportada pelo monitoramento do Distrito Federal, e risco de fuga para a embaixada dos Estados Unidos, agravado por uma vigília programada perto de sua residência.

Em vídeo, Bolsonaro admitiu a uma agente distrital que aplicou ferro quente na tornozeleira. “Usei ferro quente, ferro quente aí… curiosidade”, disse o ex-presidente. Ele explicou ter utilizado um ferro de solda, ferramenta pontiaguda que atinge alta temperatura e permite derreter metais.

A decisão do magistrado ocorreu após outras fugas para o exterior dos deputados bolsonaristas Carla Zambelli (PL-SP) e Alexandre Ramagem (PL-RJ), ambos condenados pela corte, além de Eduardo Bolsonaro (PL-SP), filho do ex-presidente que atuou nos EUA por sanções do governo Donald Trump a ministros do STF e ao Brasil.

Em nota antes da divulgação do vídeo e do relatório da Secretaria de Administração Penitenciária do DF, os advogados de Bolsonaro afirmaram que a prisão foi baseada na realização de uma “vigília de orações”, garantida pela Constituição, e que a determinação de Moraes causou “profunda perplexidade”.

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