Petrobras reduz em 4,9% preço da gasolina, em reajuste que pode baixar inflação para teto da meta, dizem economistas

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RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) – A Petrobras informou nesta segunda-feira (20) que reduzirá em 4,9% o preço da gasolina em suas refinarias a partir desta terça (21). O corte era esperado pelo mercado, já que a estatal vinha operando com valores acima das cotações internacionais.

Segundo a Petrobras, o corte será de R$ 0,14 por litro, com o preço médio de venda de suas refinarias passando a R$ 2,71 por litro. O valor do diesel vendido pela companhia, que está abaixo das cotações internacionais, não será alterado.

Neste comunicado de reajuste, a Petrobras preferiu não estimar qual seria o repasse ao consumidor final, como vinha fazendo desde o início da gestão petista. A parcela de gasolina pura representa cerca de um terço do valor médio pago pelo consumidor nas bombas.

O restante é formado pela parcela de etanol, que hoje representa 30% da mistura, impostos e margens de lucro de postos e distribuidoras -alvos do governo Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que acusa os empresários de abocanhar parcela dos cortes promovidos nas refinarias da estatal.

Desde dezembro de 2022, a Petrobras reduziu o preço da gasolina em suas refinarias em R$ 0,36 por litro. “Considerando a inflação do período, esta redução é de 22,4%”, diz o comunicado da estatal.

O corte anunciado nesta segunda reduz o prêmio que a Petrobras vinha recebendo com a venda de gasolina acima das cotações internacionais desde meados de junho, segundo diferentes indicadores de diferentes instituições.

Em setembro, segundo o Ineep (Instituto de Estudos Estratégicos em Petróleo Gás e Biocombustíveis), o prêmio médio foi de 12%. Na abertura do mercado desta segunda, estava em 8%, ou R$ 0,22 por litro, acima da paridade de importação medida pela Abicom (Associação Brasileira dos Importadores de Combustíveis).

QUEDA NAS PROJEÇÕES DE INFLAÇÃO

O corte anunciado pela Petrobras levou a uma redução nas previsões de economistas para o índice oficial de inflação do Brasil no acumulado de 2025.

Há quem projete IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) dentro do teto de 4,5% da meta perseguida pelo BC (Banco Central). É o caso da instituição financeira Asa, que baixou sua estimativa de 4,7% para 4,5%.

“Além do efeito direto da gasolina, as coletas recentes de preços reforçam a tendência de revisões baixistas em alimentação no domicílio, com pouca pressão nos alimentos in natura, que costumam ter comportamento mais desfavorável no quarto trimestre”, disse a casa.

A Warren Investimentos também cortou sua previsão para o IPCA deste ano: de 4,5% para 4,4%. A gasolina é o componente que mais pesa no cálculo do índice, divulgado pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).

O economista-chefe da consultoria MB Associados, Sergio Vale, reduziu sua estimativa para o IPCA de 2025 de 4,8% para 4,6%. A previsão, embora esteja em queda, segue acima do teto.

Por ora, Vale não vê surpresas adicionais de alimentos ou câmbio que poderiam levar a um número mais baixo.

Em 2025, o BC passou a perseguir a meta de inflação de maneira contínua, abandonando o chamado ano-calendário (janeiro a dezembro).

No novo modelo, o alvo é considerado descumprido quando o IPCA acumulado permanece por seis meses seguidos fora do intervalo de tolerância, que vai de 1,5% (piso) a 4,5% (teto). O centro é de 3%.

O índice estourou a meta contínua pela primeira vez em junho.

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