Pix Parcelado reformula o setor de pagamentos no Brasil e pressiona cartões de crédito-Fitch

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São Paulo, 8 de setembro de 2025 – A agência de classificação de risco de crédito Fitch Ratingsdisse que o Pix Parcelado, a nova plataforma de pagamentos que oferece parcelamento e crédito aosclientes da rede de pagamentos instantâneos Pix, do Banco Central do Brasil, pode intensificar aconcorrência com os cartões de crédito, reformular a economia do varejo e do setor bancário eimpulsionar a inovação em fintechs em meio à digitalização dos pagamentos. A potencialdisrupção e as implicações do produto dependerão de como cada instituição financeira e redede pagamento com cartão se adaptar e de até que ponto oferecerão produtos competitivos eaproveitarão dados para uma gestão de crédito eficiente, o que exigirá maior investimento emtecnologia, avalia a agência.

“O sistema Pix do Brasil rapidamente se tornou parte integrante do ecossistema de pagamentos dopaís, com mais de 90% da população bancária utilizando a plataforma. Com lançamento previstopara este mês, o Pix Parcelado é apontado como a maior evolução da plataforma PIX desde seulançamento em novembro de 2020, já que o PIX agora não é apenas uma plataforma de pagamento, mastambém uma plataforma que oferece opções de crédito, com pagamentos vinculados a uma contabancária ou cartão de crédito”, comenta a Fitch.

A Fitch explica que o produto permitirá que bancos ou outras instituições financeiras nãobancárias e fintechs cobrem juros, diferentemente das ofertas atuais de cartão, como o “parceladosem juros”, em que o banco assume o risco de crédito do cliente, mas não recebe juros. “Éimportante ressaltar que os comerciantes recebem o valor total da transação instantaneamente,eliminando o risco de crédito e minimizando as preocupações com capital de giro. Isso pode servantajoso em relação às vendas tradicionais de parcelamento via cartão de crédito, quefrequentemente atrasam o pagamento integral e cobram taxas de processamento”, pontua.

“Os pagamentos de parcelamento via Pix competirão diretamente com os cartões de crédito, queacreditamos que continuarão a evoluir à medida que os participantes do mercado reformulam suasofertas de produtos para se adaptarem ao ambiente competitivo”, acrescenta.

A Fitch cita que, para manter a relevância, os bancos criaram soluções de parcelamento integradasao Pix, algumas das quais incorporam cartões de crédito. “O produto oferece aos consumidores apossibilidade de dividir os pagamentos das compras em parcelas mensais diretamente na plataformaPix, semelhante às ofertas de “compre agora, pague depois” (BNPL) nos EUA.”

“As parcelas do Pix não são uma modalidade nova ou disruptiva; a diferença é que as parcelas doPix são digitais. Produtos como o BNPL americano existem no Brasil há décadas com outros nomes”,acrescenta.

A Fitch acredita que o novo produto pode reduzir a participação de mercado dos cartões decrédito, especialmente em transações de “parcelado sem juros”, com custos potencialmente menorestanto para consumidores quanto para comerciantes. A agência menciona que, em 2024, os pagamentosparcelados sem juros representaram 13% das transações com cartão de crédito, mas quase metade dovalor total das transações.

“O produto substitui cartões físicos por um cartão digital embutido no celular do usuário,tecnologia já disponível para cartões de crédito, reduzindo o custo de emissão do cartão paraos bancos. Como uma plataforma de pagamento para bancos e fintechs, o Pix Parcelado tem o potencialde reduzir o número de intermediários, com potencial de disrupção para adquirentes e redes decartões de crédito como Visa e MasterCard, que precisarão se adaptar e criar novos produtos efuncionalidades para seus cartões a fim de gerar valor e manter participação de mercado”,explica.

A análise cita dado do BC de que existem cerca de 60 milhões de brasileiros sem cartão decrédito. “Ao contrário dos cartões de crédito, que geralmente exigem maior capacidade decrédito e cobram diversas taxas, espera-se que o Pix Parcelado amplie o acesso ao crédito,beneficiando consumidores de baixa renda e pessoas com acesso limitado a serviços bancários, quenormalmente estão sujeitos a altas taxas de juros e tarifas e podem considerá-lo uma alternativamais atraente e acessível.”

A Fitch também avalia que as fintechs estão bem posicionadas para se beneficiar da inovação einclusão aceleradas. “Ao integrar a funcionalidade para novas populações, as fintechs podemexpandir a oferta de crédito para pessoas carentes, desenvolver ferramentas inovadoras deorçamento e competir com os bancos tradicionais. A menor dependência das redes de cartão decrédito permitirá que bancos e fintechs otimizem as operações e reduzam custos”, finaliza.

Cynara Escobar – cynara.escobar@cma.com.br (Safras News)

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