Polícia faz operação em postos de combustíveis suspeitos de ligação com o PCC em SP

Uma image de notas de 20 reais

Imagem gerada por IA

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – A Polícia Civil de São Paulo faz operação nesta terça-feira (21) em postos de combustíveis no litoral paulista e no interior suspeitos de ligação com o PCC (Primeiro Comando da Capital), que estaria por trás de adulteração de combustível e lavagem de dinheiro.

A Operação Octanagem cumpriu seis mandados de busca e apreensão em postos nas cidades de Santos e Praia Grande, na Baixada Santista, e em Araraquara (a 273 km de São Paulo), no interior. Três deles foram em Santos, dois em Praia Grande e um em Araraquara.

Segundo o delegado Tiago Fernando Correia, da 3ª Dicca (Divisão de Investigação sobre Crimes contra a Administração e Combate a Lavagem de Dinheiro), responsável pela operação, a ação é um desdobramento da Operação Carbono Oculto, deflagrada em agosto contra um esquema bilionário do crime organizado no setor de combustíveis.

De acordo com o delegado, a ação desta terça visa “atacar o braço varejista”, ou seja, postos de combustíveis que teriam ligação com Himad Mourad, primo de Mohamad Hussein Mourad, um dos principais alvos da Carbono Oculto. A reportagem não localizou as defesas de Himad e Mohamad.

“Estamos analisando esses postos para saber se estão em condições adequadas para o consumo, se há sonegação fiscal e descobrir quem são os sócios ocultos com envolvimento nesse esquema criminoso”, disse.

Em pelo menos um dos postos vistoriados, com apoio da ANP (Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis), do Ipem (Instituto de Pesos e Medidas) e da Secretaria da Fazenda, foi constatada adulteração no combustível, além de fraude volumétrica, com bombas que liberam menos combustível do que o indicado no visor.

As bombas foram lacradas, segundo a SSP (Secretaria de Segurança Pública).

Foram mobilizados 32 policiais civis para a ação, além de equipes da DIG (Delegacia de Investigações Gerais) de Araraquara. Os casos serão registrados na 3ª Dicca, do DPPC (Departamento de Polícia de Proteção à Cidadania).

Mourad é considerado um dos principais operadores do esquema criminoso, que envolveria fraudes fiscais e contábeis, estelionato e lavagem de dinheiro, entre outros delitos que estão sendo investigados.

Segundo os promotores, Mourad administra uma rede de empresas -o que inclui usinas sucroenergéticas, distribuidoras, transportadoras, produção e refino, terminais de armazenamento, redes de postos de combustíveis, conveniências e padarias- que serve para ocultar a origem e o destino de dinheiro ilícito.

Ele já havia sido alvo da Operação Cassiopeia, que investigou fraudes fiscais e contábeis na empresa formuladora de combustíveis Copape e sua distribuidora, a Aster.

“Foram identificados fortes laços do grupo de Mohamad Hussein Mourad com a organização criminosa PCC (Primeiro Comando da Capital), especialmente através das redes de postos e distribuidoras”, diz a decisão judicial que autorizou a operação.

Depois de se tornar alvo da investigação, segundo os promotores, Mourad teria começado a constituir empresas em nome de laranjas.

A investigação também aponta que a circulação do dinheiro dele e de sua família era camuflada com empresas de fachada sem finalidade econômica real, com duplicidade de CNPJs, sob titulares diversos e incongruências contábeis e fiscais -“todos sinais evidentes de instrumentalização para lavagem de capitais”, segundo a investigação.

Estabelecimentos supostamente ligados ao PCC movimentaram R$ 52 bilhões entre 2020 e 2024, de acordo com o fisco. A investigação aponta para a sofisticação no manejo de fundos de investimento e pequenas fintechs de aluguel para dificultar o rastreamento do dinheiro.

Voltar ao topo