[AGÊNCIA DE NOTÍCIAS DC NEWS]
Governador do Paraná desde 2019, Carlos Roberto Massa Júnior (44 anos), mais conhecido como Ratinho Júnior (PSD), esteve na Associação Comercial de São Paulo (ACSP) na manhã de segunda-feira (22) para o que se pode chamar de road show de suas administrações – eleito em 2018 (com 60% dos votos) e reeleito em 2022 (com 70% dos votos), ambos em primeiro turno. Potencial candidato a presidente em 2026, sua apresentação esteve mais para um pitch a investidores do que um monólogo de candidato. Em vez de falar e falar e falar, preferiu mostrar. Uma das novidades será o lançamento de um fundo soberano, aos moldes do que têm Arábia Saudita, Noruega e Singapura, para investimentos em grandes projetos. “Em 60 dias a gente deve estar com isso organizado para poder rodar”, afirmou Ratinho Júnior. Já rodam ou estão em fase de lançamento outros modelos de fundo para diversos setores, do agro ao saneamento.
“Uma das grandes missões que tenho é poder implantar a cultura do planejamento no poder público”, disse. “Coisa que a iniciativa privada já tem há muito tempo.” Em resumo, deixar de lado apenas a persona política e investir mais na persona técnica. Com essa estratégia, disse que o Paraná vai dobrar o PIB entre 2018 e o ano que vem. “No primeiro semestre, crescemos 6,1% [estado que mais cresceu].” No mesmo período, o Brasil avançou 3,2%. “Fechamos em seis meses o PIB de 2016 inteiro.” Ladeado por Roberto Mateus Ordine, presidente da ACSP, e Gilberto Kassab, presidente do PSD e secretário de Governo e Relações Institucionais do Estado de São Paulo, Ratinho Júnior preparou um verdadeiro dossiê sobre seu estado. Em outras palavras, preparou seu currículo a presidente. A seguir, os principais tópicos apresentados pelo governador paranaense. A apresentação na íntegra está no canal no YouTube da ACSP.
PLANEJAMENTO
“Em oito anos de governo, vamos dobrar o PIB. Isso foi fruto de algo mirabolante que fizemos? Não. Nós simplesmente buscamos fazer o que os países do primeiro mundo já conseguiram fazer há muito tempo, que é se planejar. Mas no poder público brasileiro essa cultura ainda não se criou. Pensar o planejamento a médio e longo prazo. Geralmente, o gestor público brasileiro, seja um prefeito, um governador e até mesmo um presidente pensa no mandato dele e o próximo que vier que se vire com o país ou com o estado ou com o município.”
ENVELHECIMENTO POPULACIONAL
“Estive na China em 2017, e desde então já fui cinco vezes. Eles já estavam fazendo o planejamento para 2050, para os mais de meio bilhão de idosos que vão ter. Planejamento de segurança alimentar. Nós não temos esse hábito. A ponto de estarmos nos transformando num país de idosos e não temos nenhuma política para o idoso. O Brasil não se preparou para a velhice. Em 2030, o meu estado vai ter mais idosos do que jovens de até 14 anos. Hoje, temos 150 escolas que poderiam ser fechadas por falta de aluno. E olha que o Paraná ainda é um estado jovem comparado a outros. É preciso fazer a lição de casa, e fazer o planejamento a médio e longo prazo.”
VOCAÇÃO ECONÔMICA
“No Paraná, decidimos o que é diferencial e vocação econômica. Aquilo que foi feito em vários países. Por exemplo, na Alemanha, que transformou a engenharia na base da economia. Ou nos Estados Unidos, com o setor de serviços e a indústria bélica. No Paraná, escolhemos alguns potenciais. Entre eles, a produção de alimentos. O Brasil é o celeiro do mundo para os próximos anos, mas ainda faz uma agricultura que eu chamo extrativista. Pegamos a soja, o milho, colocamos no navio e mandamos para engordar os porcos, os peixes e as aves dos asiáticos, em vez de fazer isso internamente. Deixamos bilhões de dólares dentro do navio por não ter a capacidade de industrializar. No Paraná, resolvemos fazer o caminho inverso. Hoje, somos o terceiro maior produtor de grãos do Brasil [atrás de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul]. Só que somos deficitários em grãos, porque tudo o que produzimos de grãos transformamos em proteína animal. Somos o maior produtor de proteína animal do país.”
CENTRAL LOGÍSTICA
“Outro potencial mapeado é posicionar o Paraná como uma central logística da América do Sul. Num raio de 1,5 mil quilômetros estamos no centro de 70% do PIB da América do Sul. Esse atrativo logístico para as indústrias que querem se instalar no Brasil se tornou um grande potencial na atração de investimento, a ponto de a gente conseguir, em sete anos, atrair mais de R$ 330 bilhões de novos investimentos privados. Por exemplo, a Nissim está instalando a maior fábrica do mundo, US$ 1 bilhão de investimento, que vai atender a América do Sul e a África. Trouxemos também a maior fábrica da América Latina, da Electrolux.”
DESEMPREGO
“Isso derruba o desemprego. Estamos em 3,3% caminhando para 2% [no índice de desocupação no estado], o que é uma loucura. É um bom problema, porque nós temos hoje mais vagas de emprego do que gente para trabalhar. Um momento muito bom, mas desafiador, porque essas vagas precisam ser preenchidas, né? Hoje, estamos recebendo muita gente de Cuba, da Venezuela, de outros estados brasileiros que estão indo nos ajudar a preencher essas vagas.”
CONTAS PÚBLICAS
“O Paraná tem uma situação muito favorável e confortável. Pela primeira vez desde o Plano Real, o Paraná chegou ao Capag A+ [referência da Secretaria do Tesouro Nacional para a capacidade de pagamento da dívida pública estadual]. Já estamos com dois anos consecutivos com A+. O Paraná hoje tem a maior poupança pública do Brasil, em torno de R$ 35 bilhões, sendo R$ 15 bilhões livres para investimentos. Nenhum estado do Brasil proporcionalmente tem esse volume de dinheiro para investimento e isso nos dá uma condição de ter uma dívida negativa, porque o Paraná tem uma dívida em torno de R$ 24 bilhões, entre precatórios, empréstimos feitos há 15, 20 anos e, se quiséssemos, poderíamos pagar essa dívida e ainda ter R$ 7 bilhões no caixa para continuar tocando o estado.”
JUSTIÇA TRIBUTÁRIA
“Como a gente está com uma situação confortável do caixa, começamos a avançar numa justiça tributária para o cidadão. Na Cesta Básica, os maiores itens de não tributação de produtos do Brasil são do Paraná. A menor cobrança de ICMS das empresas do Simples (4,7%) é do Paraná. Reduzimos em 45% o IPVA, já foi aprovado na Assembleia [a oposição é de apenas 15% dos 54 deputados]. E agora vamos avançar no imposto sobre a doação do patrimônio em vida. Hoje o Paraná cobra 4%. Estamos estudando para que quase 90% da população não precise pagar esse tributo. Quero anunciar até final início de outubro
FUNDO PARA O AGRO
“É uma situação que nos dá muito conforto. Com isso, criamos o que eu tenho dito que é a carta de alforria para o agronegócio. O primeiro Fiagro [de estado] do Brasil, para o setor privado poder se autofinanciar. Já temos 15 fundos. O estado coloca um dinheiro, um pedaço desse fundo, no qual equalizamos o juro para baixo, para ficar mais barato para quem vai captar o recurso, e quem faz o investimento é o setor privado. Quem faz a gestão é o privado, o estado não se mete na gestão. Só que esse dinheiro tem de ser destinado para planta de biogás, de energia eólica, fotovoltaica, investimento em aviário, investimento em irrigação. Está um sucesso, e isso vai alavancar muito o crescimento da agricultura e do agronegócio como um todo no estado do Paraná, consolidando a gente como supermercado do mundo.”
FUNDO PARA O SANEAMENTO
“E com a experiência que tivemos do Fiagro, nos abriu a oportunidade de fazer outros fundos para o desenvolvimento do estado, investimento no estado. Já estamos criando o fundo de saneamento básico – o Paraná já está com 83% de saneamento básico [coleta de esgoto e de tratamento de esgoto] e 100% de água potável em todas as cidades. Queremos chegar a 90%, que é a última dívida. E a 100%, o Marco do Saneamento, que é a universalização do saneamento básico, no final de 2028.”
FUNDO PARA A ENERGIA
“Igualmente estamos fazendo um fundo para a energia. Justamente para incentivar mais PCHs, pequenas centrais elétricas, onde o Paraná tem um potencial gigante. E dinheiro também para plantas de biogás. De 1,5 mil plantas de biogás no Brasil, 600 estão no Paraná, e estamos ampliando muito isso. Por quê? Criamos um negócio chamado Descomplica Energia, que veio do Descomplica Rural, um programa que nós fizemos, que é facilitar a licença ambiental para quem quer gerar energia limpa. Com uma autodeclaração de um engenheiro ambiental, no nosso software do órgão ambiental, ele consegue em no máximo 15 dias a autorização para fazer sua planta de biogás, sua planta de biometano, a sua PCH, o seu pequeno parque de energia solar. E isso fez com que o estado desse um salto nesse tipo de investimento.”
FUNDO SOBERANO
“E vamos criar agora um Fundo Soberano. Uma inspiração nos que têm Árabia Saudita, Noruega, Singapura. Um fundo onde vamos colocar um dinheiro do estado para equalizar também esse juro, para ser um juro mais barato, e captar dinheiro nacional e internacional para poder também fazer parte desse fundo. E todo ele será colocado à disposição do setor produtivo. Na área de incorporação, área de novas plantas industriais, de construção de novos portos… Vai ser para áreas onde há necessidade de grandes investimentos. A modelagem está sendo feito pelo BID e pelo Fundo BlackRock. Em 60 dias a gente deve estar com isso organizado para poder rodar.”