Reunião, que começou hoje, não deve ter surpresas

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São Paulo, 4 de novembro de 2025 – O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central(BC) se reúne hoje e amanhã para definir o futuro da taxa básica de juros da economia brasileira,a Selic (taxa básica de juros), para os próximos 45 dias. A decisão será anunciada no final daquarta (5), a partir das 18h30.

Segundo avaliação unânime do mercado, a Selic deverá ser mantida em 15% ao ano. Asatenções estarão voltadas para o comunicado, com os investidores esperando algum sinal do Comitêsobre os próximos passos a serem tomados.

Na segunda, o boletim Focus do Banco Central, que compila as projeções do mercado, manteve asua estimativa para a Selic no final do ano em 15% ao ano. Diante dos sinais de desaceleração daeconomia, a dúvida neste momento é saber se o ciclo de cortes terá início ainda neste ano ouserá adiado para 2026.

Para o economista-chefe do Itaú, Mário Mesquita, “o Copom volta a se reunir nos dias 4 e 5 denovembro e deve optar, por unanimidade, pela manutenção da taxa Selic em 15,00%, a fim deassegurar a convergência da inflação para a meta no horizonte relevante de política monetária.A decisão deve refletir a combinação entre a necessidade de cautela em um ambiente externo aindaincerto e a leitura de que os efeitos defasados da política monetária permanecem em curso”.

“Desde a última reunião, o conjunto de informações evoluiu de maneira benigna. Os dados deatividade vêm confirmando a tendência de desaceleração em curso (com base nos indicadores maisrecentes, estimamos crescimento de 0,3% no 3T, ante 0,4% no 2T e 1,3% no 1T) e sugerindo inflexãoincipiente do mercado de trabalho. No front de inflação, as medidas de núcleo apresentaram algumamelhora e as surpresas vistas nas últimas divulgações de IPCA devem levar a inflação a encerraro ano mais próxima da banda em torno da meta. Adicionalmente, houve queda relevante dasexpectativas de inflação para prazos mais longos”, prossegue Mesquita

No entanto, a estabilização do mercado de trabalho se dá perto da mínima histórica da taxade desemprego. A inflação corrente segue distante do objetivo de política monetária. E a melhorade expectativas, mesmo que expressiva, ainda deixa as projeções de mercado consistentemente acimada meta de forma que reconhecer esse movimento de melhora, nesse momento, pode sercontraproducente. Por esses motivos, acreditamos que o Copom deve até mencionar alguma melhora nainflação corrente, mas não mudará a sua sinalização de manutenção de juros no patamar de 15%a.a. por período bastante prolongado diante da desancoragem das expectativas, da resiliência domercado de trabalho e das projeções de inflação acima da meta”, pondera o economista do Itaú.

O economista-chefe da Suno Research, Gustavo Sung, entende diz “nossa projeção base, a Selicdeve permanecer em 15,0% até janeiro de 2026, garantindo o tempo necessário para consolidar atransição da economia brasileira para um ambiente de menor pressão inflacionária e reduzir orisco de nova desancoragem das expectativas”.

“Nossa leitura segue alinhada à mensagem de cautela e continuidade que o Copom deve transmitirnesta reunião. Ainda que o comunicado possa reconhecer, de forma sutil, o avanço marginal doprocesso de desinflação e a melhora recente nas expectativas de inflação, o discurso centralcontinuará ancorado na prudência. O Banco Central deve aguardar a consolidação de sinais claros como um hiato do produto negativo, a desaceleração consistente das medidas subjacentes deinflação e expectativas mais bem ancoradas antes de iniciar o ciclo de cortes. Quando essemovimento ocorrer, deverá ser gradual, técnico e orientado pelos dados, preservando acredibilidade conquistada ao longo de 2025”, acrescenta Sung.

“Esperamos que o Copom (Comitê de Política Monetária) mantenha as taxas de juros inalteradasem 15,00% pela terceira reunião consecutiva, reforçando seu compromisso com a desinflação e acredibilidade da política monetária. A decisão deve ser unânime. A próxima comunicação doCopom deverá refletir um tom mais construtivo, reconhecendo os recentes sinais de desinflação particularmente no setor de serviços essenciais e a melhora nas expectativas de inflação. Asprojeções baseadas em modelos devem mostrar uma convergência mais forte em direção à meta,sustentada pela valorização cambial e pela reancoragem parcial das projeções de longo prazo. Noentanto, a economia parece continuar operando acima do potencial, impulsionada por um mercado detrabalho aquecido. Externamente, o ambiente tornou-se mais favorável, com a redução dos riscosgeopolíticos após a retomada do diálogo entre Estados Unidos e Brasil e o acordo comercial com aChina”, opina o Bank of America.

“A política monetária do Brasil permanece profundamente contracionista, com o índice Selicex-ante do real ainda muito acima do nível neutro. Embora o comunicado de novembro provavelmentecontinue dependente de dados econômicos e conservador, adiar o início do ciclo de afrouxamentomonetário pode amplificar o impacto negativo sobre a atividade econômica, que já vem seenfraquecendo desde meados do ano. Em nossa opinião, não cortar as taxas de juros em dezembroseria um erro de política monetária, considerando a perspectiva benigna para a inflação e osefeitos defasados do aperto monetário anterior. O horizonte relevante da política monetária deveser estendido até o segundo trimestre de 2027, e acreditamos que as projeções de inflação daequipe técnica provavelmente foram revisadas para baixo, de 3,4% para 3,3%. Portanto, continuamos aesperar um corte de 50 pontos-base em dezembro e o índice Selic fechando o ano em 14,50%. Prevemosum afrouxamento monetário adicional em 2026, atingindo 11,25% no final do ano”, projeta ainstituição norte-americana.

A Warren Research engrossa o coro de manutenção da Selic: “Nossa expectativa é demanutenção da taxa Selic em 15% na próxima reunião do Copom. O Comitê deve reiterar que osriscos seguem mais elevados do que o usual, sem alterações relevantes no balanço de riscosapresentado nas comunicações anteriores. No nosso cenário, projetamos a manutenção também nareunião de dezembro. A partir de janeiro, o cenário deve evoluir para permitir um corte inicial de25 bps, seguido por reduções subsequentes entre 25 e 50 bps, encerrando o ano com a Selic em12,25% patamar que ainda se configura como restritivo”.

“Esperamos que o Copom mantenha a taxa Selic inalterada em 15,00% em uma decisão unânime, comas orientações continuando a sugerir que o comitê permanecerá com a taxa inalterada por umperíodo prolongado. Um cenário de inflação elevada acima da meta, expectativas de inflação decurto e médio prazo ainda desancoradas, inflação prevista acima da meta em todo o horizonterelevante, um hiato do produto positivo e um mercado de trabalho ainda resiliente, é consistentecom a manutenção da taxa Selic em um nível restritivo de 15,00% com orientações agressivas. Noentanto, esperamos que o Copom reconheça a moderação da atividade real e alguma leve melhora nasexpectativas de inflação e no cenário geral da inflação”, projeta o Goldman Sachs.

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