Saiba quem é Jeannette Jara, candidata comunista que propõe desenvolvimento com inclusão ao Chile

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BUENOS AIRES, ARGENTINA (FOLHAPRESS) – Ex-ministra do Trabalho do presidente Gabriel Boric e aposta da esquerda para continuar governando o Chile, Jeannette Jara, 51, já deixou uma marca na história política recente do país: com ela, esta é a primeira vez em mais de 25 anos que o Partido Comunista tem uma candidatura presidencial apoiada por todo o pacto de esquerda, após ela ter vencido as primárias na metade do ano.

Jara nasceu em Santiago e é a mais velha de cinco irmãos. Cresceu em uma família de esquerda, sendo filha de um mecânico e de uma dona de casa. A candidata governista disse, ao longo da campanha, sonhar com um Chile onde crianças e jovens não precisem trabalhar excessivamente para alcançar seus objetivos.

A candidata tem o desafio de superar a baixa aprovação do governo. Em sua disputa pela Presidência, ela construiu um programa de governo com tem três eixos principais: desenvolvimento focado na demanda interna, bairros dignos (com a construção de espaços comunitários com serviços básicos) e cidadania plena.

Jara começou a militar no Partido Comunista na juventude. Estudou administração pública e direito, trabalhou no serviço de Receita Federal do Chile e foi líder sindical. Passou a ocupar os holofotes da carreira pública ao ser nomeada subsecretária de Bem-Estar Social de Michelle Bachelet, de 2016 a 2018.

Uma das favoritas nas eleições deste domingo (16) concorreu à prefeitura de Conchalí, mas não conseguiu se eleger. Ao ocupar a pasta do Trabalho no governo Boric, implementou a redução da jornada de trabalho de 45 para 40 horas, impulsionou o aumento dos salários e propõe um programa de renda mínima.

“Vamos garantir que toda família chilena possa pagar as contas. Esse é meu compromisso, essa é minha marca registrada: dignidade, trabalho decente e bons salários”, disse Jara durante seu comício final na praça Maipú, em Santiago.

Ainda que seja militante do PC, Jara faz questão de se mostrar uma política dialoguista e inclinada à conciliação, fez críticas ao regime de Nicolás Maduro, na Venezuela, chamando o líder de autoritário, e avalia suspender sua militância caso seja eleita presidente, ao dizer que não é “subordinada às decisões do PC”.

A esquerdista defende a autonomia do Chile na política externa e, em sua campanha, afirmou que as relações internacionais são conduzidas pelo chefe de Estado, embora tenha prometido manter uma relação pragmática com o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, mesmo que critique seu governo.

“O vínculo entre Chile e EUA é profundo e de longa data. Temos tratados, cooperação tecnológica e um intercâmbio econômico que, na prática, é favorável aos EUA”, destacou Jara, em uma entrevista à AFP.

Apesar da decepção de parte do eleitorado de Boric com o governo do atual presidente, a liderança de Jara nas pesquisas do primeiro turno e uma candidatura competitiva dela em um segundo confronto são vistos como sinais de que a esquerda chilena se manterá como um ator político relevante no próximo ciclo.

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