Sandro Wuicik, da market4u: "Em 2028, projetamos faturar R$ 1 bilhão e fazer o IPO"

Uma image de notas de 20 reais
Sandro Wuicik do Paraná para o Brasil: plano é levar a proposta para todas as regiões
(Divulgação)
  • Empresa paranaense especializada em mercados autônomos já começou a auditar seus balanços olhando para a abertura de capital
  • Hoje são 2,2 mil lojas em operação – e 60% delas estão em prédios residenciais e comerciais em São Paulo. Meta é chegar a 5 mil em três anos
Por Bruno Cirillo Compartilhe: Ícone Facebook Ícone X Ícone Linkedin Ícone Whatsapp Ícone Telegram

[AGÊNCIA DC NEWS]. Desde que foi lançada, num condomínio de Curitiba (PR) em fevereiro de 2020, a operação da market4u (a empresa grafa em minúsculas), franquia de mercados autônomos (aqueles que não têm atendentes), acumulou resultados surpreendentes, que hoje justificam seu plano maior. Em cinco anos eles atingiram 2,2 mil lojas entre franqueadas e próprias – 60% delas no Estado de São Paulo, em prédios residenciais e comerciais. O ritmo de crescimento desde sua fundação é de 70% ao ano. Em entrevista à AGÊNCIA DC NEWS, o cofundador, sócio e diretor comercial da empresa, Sandro Wuicik, revela que toda a atenção está voltada para 2028. É quando a market4u pretende abrir seu capital. É também quando a empresa projeta faturar R$ 1 bilhão e somar 5 mil mercadinhos em atividade no Brasil. “Será nosso grande salto. O IPO em 2028.”

“Receber cerveja em 15 minutos é bom, mas você fazer isso em um minuto, pegando o elevador, é mais do que cômodo”, disse o executivo. “Nós estamos sendo o canal mais próximo. É a ultra comodidade.” Segundo a market4u, a operação de um mercado autônomo é 100% gerenciável a distância. Os franqueados podem acompanhar vendas, estoques e performance por dashboards online. E, além disso, o aplicativo oferece promoções exclusivas, baseadas no perfil de cada consumidor, como uma rede social do condomínio. “Para nós, todos os perfis deram certo. Desde o Minha Casa, Minha Vida até condomínios de altíssimo padrão”, afirmou Wuicik. Sensores e câmeras inteligentes garantem segurança e funcionamento autônomo, embora o alto nível de furtos em mercados como os da empresa já tenha chamado a atenção.

O mercado global de automação no varejo deve ultrapassar US$ 64 bilhões até 2032, avançando a uma taxa média anual de 12,9%, de acordo com a consultoria americana Fortune Business Insights. E isso envolve o desenvolvimento dos mercadinhos autônomos. No Brasil ainda não há pesquisas que mensurem o tamanho exato deste mercado, mas a estimativa da Confederação Nacional dos Lojistas é de algo entre 14 mil e 15 mil operações do tipo. Além da market4u, também brigam neste mercado redes como Minha Quitandinha (400 lojas) e a Nutricar (350). Para Wuicik, o segmento, ainda muito pulverizado, passa por um momento de consolidação, e muitos donos de mercados autônomos estão procurando a market4u para negociar. “Hoje, 70% das lojas que a gente inaugura estão em condomínios que já tinham outras empresas de minimercado”, afirmou Wuicik. Confira, a seguir, a entrevista completa.

Escolhas do Editor

AGÊNCIA DC NEWS – O que caracteriza o mercado autônomo? 
SANDRO WUICIK – São minimercados instalados principalmente dentro de condomínios, empresas, hotéis e que não precisam de funcionários no local. Então, o cliente consegue fazer a compra, através da nossa tecnologia, sem precisar de um atendente.

AGÊNCIA DC NEWS – Quando surgiu esse modelo? 
SANDRO WUICIK – Fomos os pioneiros. Nossa primeira loja foi lançada em fevereiro de 2020, em Curitiba. Chama edifício Red e até hoje tem a loja lá. Foi o primeiro minimercado autônomo dentro de um condomínio no Brasil. Com certeza, pode até ser que às vezes você encontrava não o minimercado, mas as máquinas de venda que existiam antigamente, sabe? Que tem em aeroporto, em hospital, como se fosse uma geladeira grandona, que você coloca o cartão, gira uma mola lá dentro, cai o produto, você pega numa gavetinha ali embaixo. Isso já existia, as vending machines. Mas mercado aberto, que a pessoa pega o produto com a mão e depois paga, isso não. 

AGÊNCIA DC NEWS – O faturamento atual é de quanto, e quanto vocês devem crescer?
SANDRO WUICIK – A gente está crescendo em torno de 70% ano após ano. Entre 2024 e 2025, o nosso crescimento deve ser de 70%. Temos hoje mais de 2,2 mil lojas e 700 franqueados em mais de 150 cidades. 

Aspas

Nossa governança é muito forte, um diferencial obrigatório por causa do número de franqueados

Aspas
Sandro Wuicik, market4u

AGÊNCIA DC NEWS – Como você observa a evolução da empresa desde que surgiu até agora?
SANDRO WUICIK – Conseguimos criar toda uma governança na companhia, tem um conselho consultivo. A gente está implementando, agora, o SAP que é o maior ERP (software de gestão) do mundo. A empresa está realmente numa governança muito forte, esse é um diferencial obrigatório por causa do número de franqueados, de lojas e o faturamento. A pessoa vê o mercadinho lá, na ponta, ela não sabe que por trás do mercadinho tem uma estrutura enorme para dar suporte ao franqueado. A evolução da empresa foi realmente construir um time bom. O franqueado faz a gestão das suas lojas a partir disso. 

AGÊNCIA DC NEWS – Você diria, então, que é um momento de governança? 
SANDRO WUICIK – É isso aí. Já passamos daquela fase de validar o produto, crescer e gerar caixa. Desde o primeiro dia, a empresa gera caixa. Construímos uma empresa extremamente saudável, gerando caixa, dinheiro aplicado e agora colocando governança. Geramos cada vez mais governança para dar um salto muito maior agora. O nosso grande objetivo é 2028, o IPO. Por isso que estamos aprendendo desde já essa questão de governança e nosso balanço vai começar a ser auditado. Vamos fazer um planejamento estratégico e já está muito bem alinhado onde é que a gente quer chegar. Tem que ter três anos de balanço para abrir o capital. Então, estamos começando agora. 

AGÊNCIA DC NEWS – Olhando para o passado, como você vê a evolução do segmento?
SANDRO WUICIK – Vai se consolidar muito. Para você ter uma ideia, hoje 70% das lojas que a gente inaugura estão em condomínios que já tinham outras empresas de minimercado. O síndico e os moradores estão optando pelo market4u. Por uma questão de tecnologia, preço dos produtos e uma experiência melhor no ambiente de compra. Quem achou que era fácil montar um minimercado e operar por conta própria está passando por alguns desafios grandes. Não tem uma negociação com a indústria, não consegue comprar bem os produtos, então pega no atacado, no mercado, leva até a loja, e isso gera um precinho caro. Nós temos volume, conseguimos ter outros atrativos. Toda semana, temos três, quatro empresas ligando para saber se queremos adquirir as lojas. Mas a consolidação não vai ser feita por uma empresa só, porque o mercado é muito grande.

AGÊNCIA DC NEWS – E deve continuar crescendo…
SANDRO WUICIK – Sim. E a demanda também. É um espaço gigantesco para o crescimento. Em qualquer capital. Belo Horizonte, Rio de Janeiro, Curitiba, Salvador, Porto Alegre, não para de subir condomínio. Sem contar empresas com mais de 100 funcionários que também são clientes em potencial. O que vai acontecer, por mais que o mercado seja gigante e e tenha muito para crescer ainda, é que esses pequenos players que operam poucas unidades não vão conseguir escala para operar. O varejo é mais complexo e precisa de grande volume, precisa de tecnologia também.

AGÊNCIA DC NEWS – E como vocês têm feito esse processo de escala para manter o negócio viável?
SANDRO WUICIK – A distribuição, negociações com a indústria – estamos cada vez melhor. Hoje temos 300 pessoas em nossa equipe. Trouxemos muita gente de mercado também para dar uma governança na companhia como todo. Pessoas para negociar com a indústria, pessoas para melhorar o mix de produto, pessoas da parte tecnológica. Focamos primeiro em criar toda essa estrutura para depois pensar no crescimento. Acho que o grande diferencial é suporte à franquia. O resto é tecnologia – o market4u não é empresa de varejo, mas de tecnologia. As concorrentes não fizeram isso, terceirizavam a tecnologia e pegaram um sistema muito simples.

AGÊNCIA DC NEWS – E vocês têm o centro de distribuição também?
SANDRO WUICIK – Nós temos dois, um em Osasco (SP) e outro na Zona Sul de São Paulo, perto do Aeroporto de Congonhas.

AGÊNCIA DC NEWS – Como funciona a gestão dos espaços? 
SANDRO WUICIK – É tudo à distância. O sistema que a gente criou faz toda essa inteligência do franqueado, para saber o que que ele precisa comprar, o que ele precisa levar, quantas unidades, onde é que fica a exposição de cada produto na prateleira. Temos 2,3 mil lojas, em nenhuma a variedade de produtos sai igual a outra. Isso é possível por causa da tecnologia. 

AGÊNCIA DC NEWS – Como você enxerga o modelo de lojas automatizadas em relação ao varejo comum – quais são as principais vantagens que a gente pode destacar? 
SANDRO WUICIK – O tempo. Vamos pensar no consumidor final. O consumidor final é o tempo. A gente não substitui o mercado. As pessoas ainda vão ao mercado. Mas a compra que ele vai fazer, de um, dois, três itens, ele faz dentro da própria casa. É a extensão da geladeira dela ali. Nós estamos do lado da porta dele.

AGÊNCIA DC NEWS – Como está a concorrência no preço? Vocês conseguem brigar?
SANDRO WUICIK – Com relação ao varejo ter um preço extremamente competitivo – e de quebra estar dentro da casa das pessoas. Hoje existem os atacadões, claro, que são um pouco mais distantes, para fazer compras grandes, esse não é nosso foco. O nosso foco é a comodidade. Receber cerveja em 15 minutos é bom, mas você fazer isso em um minuto, pegando o elevador, é mais do que cômodo. Faz a pessoa economizar muito tempo. Não precisa pegar o carro, botar a cadeirinha das crianças e ir para o mercado.

AGÊNCIA DC NEWS – Essa comodidade tem um custo tecnólogico alto…
SANDRO WUICIK – Sim. E por isso esse é nosso principal investimento. Hoje a empresa tem um setor específico, por exemplo, de inteligência artificial, que tem dez pessoas trabalhando só nisso. O nosso time de tecnologia tem mais de 30 pessoas, são desenvolvedores, programadores. Estamos agora na fase de ter um ganho de escala de produtividade, seja para o nosso time, seja para o franqueado, sempre visamos tecnologia desde o começo.

AGÊNCIA DC NEWS – Como esses avanços mudam a vida do franqueado?
SANDRO WUICIK – Hoje o franqueado não precisa precificar uma loja. Quem precifica a loja dele é a inteligência artificial. O tempo que ele gastava lá para ficar calculando preço de custo, preço de venda, margem bruta, isso, aquilo, ele não precisa mais perder um segundo do dia dele – quem faz isso é a inteligência artificial que a gente criou aqui. 

AGÊNCIA DC NEWS – Outra questão importante é a segurança. Como garantir que uma pessoa não vai pegar o produto e sair sem pagar?
SANDRO WUICIK – As nossas câmeras não são câmeras tradicionais de mercado. Não são essas câmeras comuns que você pode comprar no MercadoLivre ou na Amazon. É um software específico nosso, então tem visão computacional para a gente ler o comportamento da pessoa, o histórico de compra, quantas vezes ela destravou uma geladeira e não abriu. Tem toda uma segurança tecnológica.

Na palma da mão: app da rede é personalizado com descontos e promoções para o perfil do cliente
(Divulgação)

AGÊNCIA DC NEWS – Todas as lojas têm um aplicativo?
SANDRO WUICIK – Para usar a loja, você tem um aplicativo. Hoje, fazemos um milhão de transações por mês. Temos mapeado o perfil de todos os consumidores, o que gera mais personalização em cada promoção que a gente faz, para cada consumidor, cada condomínio. Eu entendo o perfil daquele condomínio, daqueles moradores para fazer promoções personalizadas para cada um. 

AGÊNCIA DC NEWS – Qual é o perfil do consumidor médio? 
SANDRO WUICIK – Nos surpreendemos positivamente porque todos os perfis deram certo. Padrões A, B, C, D, desde o Minha Casa, Minha Vida até condomínios de altíssimo padrão. Idoso, jovem, homem, mulher. Talvez o que ainda não conseguimos acertar é o altíssimo padrão: pessoas que têm uma dispensa muito grande em casa, estocam muitos produtos. Mas vemos apartamentos de R$ 250 mil, R$ 300 mil indo bem, e apartamentos de R$ 2 milhões, R$ 3 milhões indo bem também. 

AGÊNCIA DC NEWS – Sobre o perfil do seu franqueado, cada um deles têm mais de uma operação atualmente?
SANDRO WUICIK – Sim. Em média, de quatro ou cinco lojas. Também temos em torno de umas 70 lojas próprias. Totalizando 2,2 mil unidades, e 60% delas em São Paulo.

AGÊNCIA DC NEWS – Qual é o investimento inicial para abrir uma franquia dessas? 
SANDRO WUICIK – R$ 50 mil, a taxa de franquia. E ela dá direito ao franqueado abrir cinco lojas. Para inaugurar ali uma loja, ele vai investir em torno de R$ 30 mil com equipamento, estoque, câmera, enfim, uma loja completa. O retorno vai de 15% a 20% líquido.

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