[AGÊNCIA DE NOTÍCIAS DC NEWS]
Com o Brasil registrando alta na cobertura vacinal em quase todo o calendário infantil – 15 das 16 vacinas apresentaram crescimento em 2024, segundo o Ministério da Saúde –, a Saúde Livre Vacinas aposta em um modelo agressivo de expansão para surfar o mesmo movimento positivo. A empresa projeta faturar R$ 101,5 milhões em 2025, alta de 80% sobre o ano anterior, e pretende chegar a 254 clínicas em operação até o fim de 2026, o que pode acrescentar 2 milhões de brasileiros ao mapa da imunização. Fundada em 2012, em Mato Grosso, por Rosane e Fábio Argenta, a rede nasceu de uma demanda pessoal e se tornou uma das maiores empresas privadas de vacinação do país. “Apesar de termos ampliado a oferta de vacinas, ainda temos uma baixíssima cobertura vacinal”, afirmou Rosane. A meta agora é crescer levando informação e combatendo fake news um desafio que, de acordo com ela, exige tanto investimento em comunicação quanto em seringas.
A empresa mato-grossense, que já vacinou mais de 1 milhão de pessoas, surgiu da vontade do casal em vacinar o filho com antígenos que a rede pública não provê – as chamadas vacinas complementares. Ao analisarem a questão mais a fundo, notaram também a falta de oferta para a população acima dos 50 anos, como a vacina contra pneumonia. “E aí vimos que tinha mercado nisso”, disse. O investimento inicial na estruturação, padronização e registro da marca foi de aproximadamente R$ 500 mil a R$ 1 milhão. Com os investimentos acumulados, já ultrapassam R$ 5 milhões, devido à expansão e à necessidade de montar departamentos de apoio, em especial o de marketing.
Ambos já tinham carreira no ramo da saúde: Rosane, por exemplo, atuava como dentista e mantinha o próprio consultório odontológico até 2018, quando passou a se dedicar totalmente à Saúde Livre Vacinas. Até 2015, eram cinco unidades próprias no estado. O crescimento levou a uma transição estratégica: migrar para o modelo de franquias “para facilitar a expansão”. “Já tínhamos todos os nossos processos padronizados, então quando a ideia surgiu, abraçamos.” A primeira franquia foi inaugurada em 2017, e três das cinco unidades próprias originais viraram franquias devido à distância. O grande salto da rede ocorreu durante a pandemia, quando a demanda por franquias disparou, atraindo mais de 2 mil pessoas interessadas. “Contratamos uma nova empresa para fazer essa triagem de possíveis franqueados, era muita coisa”, afirmou. “Era muita gente que achou que faturaria com a pandemia, que vacinas seriam o novo negócio. Não funciona assim.”
Apesar disso, o crescimento é notório. Cerca de 20% dos franqueados têm mais de uma unidade, chegando até mesmo a dez clínicas. No momento, a franqueadora tem 138 clínicas em operação e outras 230 em fase de implementação. No entanto, a empresa enfrenta desafios para ampliar a cobertura vacinal no Brasil. Rosane destaca que a estratégia não é competir diretamente com clínicas estabelecidas, mas sim conquistar novos mercados e, principalmente, educar a população. “Queremos ampliar a cobertura vacinal no país, não competir. Não pensamos dessa forma”, disse. Ela afirma ainda que a desinformação e as fake news em torno de vacinas tornam esse objetivo ainda mais difícil. “O nosso desafio é sempre levar informação. Quando as pessoas sabem, entendem a necessidade e querem se vacinar”, afirmou. “Mas tem quem ganha fama com o desserviço.”
Uma manifestação da missão da empresa é o projeto Saúde Livre Solidária, que está em sua oitava edição. A iniciativa destina 0,5% do faturamento de cada unidade à vacinação de famílias carentes fora das faixas atendidas pelo SUS. Cada franquia tem a responsabilidade de eleger uma entidade local para ampliar o projeto, que costuma acontecer no final do ano. “Não é que a clínica vai pagar a vacina”, disse. “Esse valor é destinado à vacinação; não doamos o dinheiro.”
DADOS NACIONAIS – O avanço da Saúde Livre Vacinas ocorre em paralelo a uma retomada nacional da imunização, segundo o Ministério da Saúde. Em 2024, 15 das 16 vacinas do calendário infantil tiveram aumento de cobertura – movimento que inverteu a tendência de queda observada desde 2016. Entre os destaques, a tríplice viral (primeira dose) saltou de 80,7% para 96,3%, e a poliomielite chegou a 100% das crianças vacinadas. Outros imunizantes, como a pneumocócica (reforço) e a tríplice viral (segunda dose), também cresceram, alcançando respectivamente 85,6% e 74,5% de cobertura. Ainda assim, reforços e vacinas de faixas etárias mais altas – como HPV e herpes-zóster –continuam abaixo das metas recomendadas pela OMS.
A rede Saúde Livre Vacinas atua justamente nesses segmentos, oferecendo imunizantes como HPV9, herpes-zóster inativada, pneumocócicas 15 e 20, meningocócicas ACWY e B, influenza quadrivalente, hexavalente e pentavalente acelular, entre outros. Com isso, a companhia amplia o acesso a vacinas de alta complexidade e reforço, alinhando-se ao esforço nacional de elevar os índices de cobertura em todas as faixas etárias.