SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Saul Klein, filho caçula de Samuel Klein, fundador da Casas Bahia, pediu a Justiça de São Paulo a antecipação de sua parte na herança do pai, que morreu em 2014. Segundo seus advogados, o empresário precisa do dinheiro para lidar com gastos médicos depois de passar por uma cirurgia,
O juiz José Francisco Matos, da 4ª Vara Cível de São Caetano do Sul, onde o processo de partilha tramita desde 2015, deu prazo para Michael Klein, irmão de Saul que é o responsável pelo inventário, se manifestar sobre o pedido.
Em nota, os representantes de Michael dizem que Saul é o único herdeiro que já conseguiu antecipar quinhão da partilha -R$ 30 milhões em novembro de 2020. Dois anos depois, ele teria feito novo pedido, esse negado pela Justiça. Por isso, para o inventariante, a solicitação feita agora “afrontaria a coisa julgada.”
Os advogados de Saul dizem no pedido à Justiça que no dia 11 de julho ele foi internado em estado grave de anemia e com uma perfuração de úlcera, o que exigiu uma cirurgia no hospital Vila Nova Star, em São Paulo.
Para se recuperar, segundo o relatório assinado pelo médico Roberto Zeballos, “é fundamental que o senhor Saul Klein se proteja e se blinde de situações estressantes por pelo menos três meses.”
Os representantes do empresário afirmam no pedido que ele precisa de amparo material e tranquilidade para se recuperar. “A criticidade do quadro, aliada à idade avançada do paciente [71 anos], torna a situação bastante grave, a ensejar gastos elevados com cirurgias, internações, medicamentos, cuidadores, convênio de saúde etc.”
Para a defesa de seu irmão Michael, o argumento de que ele precisaria de acesso ao dinheiro por ter que bancar despesas médica não teria sentido pois ele teria plano privado de assistência médica.
“É de sobejo conhecida a vida ostentada pelo ‘enfermo Saul’. Suas ‘proezas’ estão sendo analisadas nas searas criminais. A cerebrina postulação visa, tão somente, amealhar recursos para prosseguir nessa senda.”, afirmam os representantes de Michael.
Saul chegou a ter prisão preventiva pedida pela Polícia Civil de São Paulo, que começou a investigá-lo em 2020 em um processo em que jovens o acusam de crimes como estupro, lesão corporal e transmissão de doença venérea. O pedido foi negado pela Justiça em 2022.
Na época, os advogados do empresário afirmaram que ele nunca cometeu crime algum e que o indiciamento e o pedido de prisão eram “atos discricionários da autoridade policial que não vinculam os demais atores processuais”.
No processo em que pede a antecipação dos valores a que tem direito na herança, os advogados afirmam que “Saul Klein luta pela própria sobrevivência.” No pedido, eles juntaram fotos do empresário no leito hospitalar.
A antecipação afetaria apenas os valores introversos da herança, ou seja, aquilo sobre o qual não há dúvida de que ele direito. O pedido judicial não diz quanto seria esse quinhão, mas aponta que “sendo Saul filho e herdeiro necessário de Samuel Klein, empresário com um dos patrimônios mais significativos do Brasil, seria da mais absoluta insensatez e desumanidade que se admitisse privá-lo do acesso ao conforto e ao amparo necessários em momento tão delicado.”
Os herdeiros de Samuel Klein vêm brigando na Justiça há anos e trocam acusações mútuas em público e na Justiça. Além dos dois, outra irmã, Eva, também é herdeira do fundador da Casas Bahia. Há ainda um quarto possível herdeiro que morreu em 2021, tentando provar que era filho de Samuel. A família de Samuel Klein continuam a tentar integrar o espólio de Klein.