WASHINGTON, EUA (FOLHAPRESS) – O grupo de senadores brasileiros que está nos Estados Unidos nesta semana articula uma nova manifestação de empresários para pedir o adiamento das tarifas de 50% sobre produtos importados, previstas para entrar em vigor na sexta (1º).
Segundo o senador Nelsinho Trad (PSD-MS), que preside a comitiva de oito parlamentares, o assunto foi debatido durante reunião com representantes de diversos setores da economia nesta segunda-feira (28) em Washington.
A ideia é que a Câmara de Comércio dos Estados Unidos, onde ocorreu o encontro entre senadores e empresários americanos, faça uma carta direcionada a autoridades dos EUA solicitando uma extensão ao prazo.
“Saiu uma sugestão de um manifesto, uma carta, solicitando a prorrogação desse caso, até porque a classe empresarial precisa de previsibilidade para poder se adequar, principalmente no caso de produtos perecíveis”, disse Trad, que também preside a Comissão de Relações Exteriores do Senado Federal, a jornalistas.
“A gente sabe que isso é difícil [estender o prazo], mas o não nós já temos, vamos correr atrás do sim”, disse.
O líder do governo no Senado, Jaques Wagner (PT-BA), também reconheceu nesta segunda que é difícil conseguir adiar o prazo. ” Eu acho que não [é possível adiar]. O que a gente está fazendo é a diplomacia parlamentar. É preciso que os governos se entendam. A gente está aqui para contribuir”, afirmou ele, também integrante da comitiva.
Em 15 de julho, a Câmara do Comércio americana, maior associação empresarial do país, já havia tratado publicamente do tema. Em nota assinada com a Amcham (Câmara Americana de Comércio no Brasil), fez um apelo pela negociação em torno das sobretaxas para evitar sua implementação em 1º de agosto. O órgão diz que 6.500 pequenas empresas seriam impactadas nos EUA.
“A tarifa proposta de 50% afetaria produtos essenciais às cadeias produtivas e aos consumidores norte-americanos, elevando os custos para as famílias e reduzindo a competitividade de setores produtivos estratégicos dos Estados Unidos”, afirmou a câmara.
Participaram da reunião desta segunda empresas que representam os setores petroleiro e de energia, farmacêutico, agro químico, siderúrgico, transporte e tecnologia.
Estão na lista das que se reuniram com os senadores: Cargill, Caterpilar, DHL, Exxon Mobil, Gilead Sciences, IBM, Johnson & Jonhson, Kimberly-Clark, Merck, Novelis, S&P Global, Shell Usa, The Dow Chemical, Company, TSEA e Vantive.
Segundo o senador Carlos Viana (Podemos-MG), também foi solicitada à Câmara de Comércio que ajude a intermediar uma conversa entre o presidente Donald Trump e Lula (PT) para avançar na negociação das tarifas.
A comitiva de senadores é presidida por Trad e formada por oito senadores, sendo dois ex-ministros de Jair Bolsonaro: Tereza Cristina (Agricultura) e Marcos Pontes (Ciência e Tecnologia).
O grupo ainda tem o líder do governo Lula no Senado, Jaques Wagner (PT-BA), Carlos Viana (Podemos-MG), Rogério Carvalho (PT-SE), Esperidião Amin (PP-SC), e Fernando Farias (MDB-AL).
Mais cedo, os senadores tiveram reunião com integrantes do BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento) na Embaixada do Brasil nos Estados Unidos.
Depois do encontro, Trad afirmou que o objetivo da missão é distensionar as relações entre Brasil e EUA com os parlamentares americanos. O senador disse que tem encontros marcados com seis senadores, democratas e republicanos, mas não quis dizer quais para evitar que atrapalhem os encontros.
“Essa reunião está previamente marcada para amanhã [esta terça-feira] nós já temos seis parlamentares. Alguns outros já estão entrando em contato e a gente está aguardando até em função de uma estratégia essa informação para que não haja nenhuma interferência no sentido de inibir ou cancelar qualquer agenda previamente marcada”, disse.
O deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) tem atuado para impedir a agenda dos brasileiros com as autoridades americanas. Trad, porém, evitou atribuir o medo da interferência ao filho de Jair Bolsonaro (PL).