BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – A brasileira Bruna Caroline Ferreira, que é mãe do sobrinho da porta-voz da Casa Branca foi detida pelo ICE, a agência de imigração dos Estados Unidos, disse nesta quarta-feira (26) o advogado dela à rede CNN.
De acordo com a emissora americana, citando uma pessoa com conhecimento do assunto sob anonimato, o sobrinho da porta-voz Karoline Leavitt vive desde que nasceu com o pai, que é irmão da porta-voz, em New Hampshire. Leavitt e Ferreira não se falariam há anos, ainda de acordo com essa pessoa, citada pela CNN.
Procurado pela reportagem, o Departamento de Segurança Interna americano afirmou em nota que a brasileira estava de forma ilegal no país desde junho de 1999, quando seu visto de turista B2 venceu e ela não deixou os EUA. Segundo o órgão, Ferreira é “uma estrangeira criminosa ilegal do Brasil” que já foi detida por agressão.
“Atualmente, encontra-se no Centro de Processamento do ICE no sul da Louisiana, aguardando o processo de deportação”, afirma o texto do departamento. “Sob a administração do presidente Trump e da secretária [Kristi] Noem, todos os indivíduos em situação irregular nos Estados Unidos estão sujeitos à deportação.”
A reportagem não conseguiu contato com Ferreira ou seu advogado, Todd Pomerleau. À CNN, Pomerleau afirma que o comunicado do departamento sobre a brasileira é incorreto. “Nós contestamos a afirmação de que ela tem ficha policial. Ela não é uma ‘estrangeira criminosa ilegal'”, afirmou ele.
O irmão da porta-voz da Casa Branca, Michael Leavitt, declarou a emissoras locais de rádio e televisão que se preocupa com a segurança e privacidade do filho. Ele diz que sempre tentou manter uma relação com a brasileira, e que o filho não fala com a mãe desde sua detenção.
Uma vaquinha online foi criada há seis dias pela irmã de Bruna, Graziela, e arrecadou até o começo da tarde desta quarta-feira cerca de US$ 24 mil (R$ 128 mil). “Minha irmã foi recentemente detida pela imigração e agora está lutando para continuar no país que ela chama de casa por quase toda sua vida”, diz o texto da vaquinha.
“Bruna foi trazida aos Estados Unidos por nossos pais em dezembro de 1998, quando ela era apenas uma criança, com visto. Desde então, ela fez de tudo para construir uma vida honesta e estável aqui. Ela manteve seu status legal pelo DACA [programa do governo Obama que regularizou alguns imigrantes], seguiu todos os requisitos, e sempre se esforçou para fazer o que é certo”, afirma.
Graziela diz ainda que o filho de Bruna com o irmão da porta-voz da Casa Branca tem 11 anos. “Estamos pedindo ajuda financeira para cobrir taxas e custos legais necessárias para dar a Bruna a melhor chance possível de voltar para sua família.”
O clima de pânico causado pelas constantes operações anti-imigração do ICE tem tomado conta de comunidades estrangeiras nos EUA. Com forte presença em algumas regiões do país, brasileiros relatam mudanças na rotina como um todo, como mostrou a Folha de S.Paulo anteriormente.
Dados da imigração americana mostram que o número de deportações de brasileiros nos primeiros meses deste ano se manteve estável em relação ao mesmo período de anos anteriores. Em outra frente, no entanto, o governo Lula (PT) detectou aumento na detenção de imigrantes brasileiros desde de 2025, segundo um integrante do Itamaraty. O Ministério das Relações Exteriores brasileiro não divulgou números à reportagem.