SÃO PAULO, SP (UOL/FOLHAPRESS) – Dois estudos mostram queda no tráfego e sites devido aos resumos feitos por IA nos resultados de busca do Google. As informações são do jornal “The Guardian”.
Estudo da Authoritas, com sites do Reino Unido, apontam queda de até 80% de cliques em sites antes ranqueados nas primeiras posições. Segundo a consultoria de SEO, especializada na otimização de conteúdos para resultados de busca, houve queda de tráfego quando o resultado era apresentado abaixo de um resumo feito por IA.
Levantamento foi anexado a processo de órgão que avalia práticas anticompetitivas no estado. O CMA (Autoridade de Concorrência e Mercados), do Reino Unido, tem uma reclamação formal pelo uso do resumo de IA feita pela Independent Publishers Alliance (associação que representa editores do país), junto com as associações Movement for an Open Web e Foxglove.
Outro estudo, da Pew Research, dos EUA, mostra que usuários clicaram 1 vez em cada 100 em links abaixo de resumo feito por IA. Isso mostra que as pessoas têm menos propensão a clicar quando aparece uma síntese do assunto no resultado. O levantamento foi feito com 900 adultos dos EUA em março de 2025 e analisou 69 mil buscas.
Porta-voz do Google diz que estudos são “imprecisos e baseados em premissas falsas”. Representante da gigante das buscas diz que possibilidade de realizar múltiplas perguntas faz com que sejam criadas oportunidades para sites serem descobertos. Além disso, empresa afirma que envia bilhões de cliques para sites todos os dias e que não observa quedas significativas no tráfego direcionado pela empresa.
EDITORA BRITÂNICA RECLAMA DE QUEDA DE TRÁFEGO EM SITES DE NOTÍCIAS
Versão eletrônica do tabloide britânico Daily Mail teve queda de audiência na casa dos 50%. De acordo com executiva do jornal, Carly Steven, em maio, graças ao resumo feito por IA, houve queda de 56% de tráfego no desktop (computador) e 48,2% em celulares, segundo o jornal britânico Guardian.
Já seria ruim se o Google simplesmente roubasse o trabalho feito pelos jornalistas e exibisse como fosse deles. Porém, é pior: eles estão usando este trabalho para melhorar suas ferramentas e lucrar, enquanto torna mais difícil para sites alcançarem leitores que sustentam o trabalho jornalísticoRosa Curling, diretora da Foxglove, em entrevista ao jornal britânico The Guardian
Diretor-executivo, da News Media Association, do Reino Unido, acusa Google de lucrar com conteúdo dos outros. Owen Meredith diz que o Google quer manter as pessoas “na sua plataforma” e “monetizar em conteúdos produzidos pelo trabalho duro de terceiros”. “A situação é insustentável e vai resultar na queda da qualidade da informação online”, disse em entrevista ao jornal britânico The Guardian.
Associação de editoras de jornais dos EUA também reclama dos efeitos de IA no redirecionamento de tráfego. No fim de maio, a News/Media Alliance chamou de “roubo” o recém-lançado Modo IA – que transforma a busca do Google em uma “espécie” de ChatGPT; um sistema muito mais sofisticado que os resumos feitos por IA.
POR QUE IMPORTA?
O Google tem alterado como as pessoas fazem busca: em vez de links, empresa quer dar respostas diretas. Há alguns anos, a empresa já tem feito resumos dependendo da busca realizada, porém este movimento do “modo IA” índica uma mudança maior.
Resumo da IA reduz acesso a links de páginas referenciadas na busca. Sites jornalísticos, que dependem de veiculação de publicidade, devem perder tráfego, enquanto a resposta aparece direto no Google. Além disso, em exemplos dados pela própria empresa, no modo IA tem exibição de propagandas.
A jornada de entrar em diferentes sites e ter acesso a diferentes perspectivas pode estar com os dias contados. Nos exemplos, é mostrado que os links até aparecem no fim do resumo criado no modo IA, mas eles ficam consolidados.
Ao mesmo tempo, Google quer se tornar referência em inteligência artificial. Ainda que o ChatGPT, da OpenAI, seja pioneiro, google.com ainda é uma das páginas mais vistas do mundo. A incorporação do “Modo IA” pode democratizar o acesso à inteligência artificial. Além disso, o Google quer se diferenciar promovendo respostas personalizadas algo que os concorrentes podem implementar, mas que o Google leva vantagem, pois tem anos de dados das pessoas.