[AGÊNCIA DE NOTÍCIAS DC NEWS]
A SmartStore, empresa de Campinas (SP) fundada em 2019 e líder no segmento de mercados autônomos, trabalha com duas metas ambiciosas para o médio prazo. A primeira é alcançar 3 mil lojas e faturar R$ 450 milhões no Brasil até 2027, ante base atual de 1,9 mil unidades. A segunda é inaugurar 1 mil lojas no exterior até 2028, com faturamento anual de R$ 250 milhões. Desde o ano passado, a companhia já atua na Flórida (EUA), com 10 licenciados, e conta com 30 pontos de venda em Medellín, na Colômbia. Segundo Stephanie Bueno, gerente comercial da SmartStore, a operação brasileira deve crescer 23% em 2025 – e atingir R$ 300 milhões em faturamento. Sobre os negócios internacionais, ele afirma ter sido oportunidade. “Investidores nos procuraram com a intenção de abrir lojas com a marca brasileira. E nós fomos em frente.”
Stephanie acompanha a trajetória da SmartStore – Alwaysmart, no exterior – desde a fundação, em 2019. Em 2024, a empresa inaugurou 388 lojas, principalmente em condomínios, e mais 146 foram entregues em 2025. Outras 50 devem ser abertas até dezembro. A empresa não segue modelo padrão de franquia, segundo Bueno, devido ao entendimento de que os empresários precisam de liberdade para compor as prateleiras de maneira personalizada, não podendo ficar compromemtido com a venda de um portfólio imposto pela marca, mas orientado pela demanda de cada ponto de venda. Aqui os parceiros são chamados de licenciados que, segundo a executiva, “recebem o direito de uso da marca, mas não precisam seguir à risca os preceitos da matriz”, disse. O negócio requer investimento mínimo de R$ 35 mil, resultante em um faturamento médio de R$ 20 mil por mês e margem líquida de 25%.
A representante destacou também, em entrevista à AGÊNCIA DC NEWS, a evolução das tecnologias para evitar os furtos nas lojas, que constituem uma das principais preocupações do segmento, e a melhoria na relação dos licenciados com os condomínios, em questões como a escolha do mix de produtos. “Para cada edifício, é necessário ter um portfólio diferente”, afirmou. “Temos uma padronização de layout, porém abrimos margem para fornecedores externos.” Confira a seguir a entrevista completa:
AGÊNCIA DC NEWS – Como é ser, talvez, a maior empresa do seu segmento no mundo?
STEPHANIE BUENO – Acreditamos ser a maior, sim. O que nos colocou nesse patamar foi perceber logo de cara que o tino do negócio envolve acompanhar o licenciado. Então, hoje tenho uma equipe de prospecção. Temos todo o suporte para captação do ponto de venda e acompanhamos o nosso licenciado em todo o processo. Temos também uma equipe de especialistas na negociação do ponto de venda. Atuamos não só em condomínio residencial, mas entendemos que academias, empresas, indústrias também englobam esse modelo de negócio. Acompanhamos os licenciados desde que iniciam conosco, já que a maioria dos nossos investidores são pessoas que trabalham CLT – nunca empreenderam.
AGÊNCIA DC NEWS – Por que vocês optaram por fazer licenciamento, em vez de franquia?
STEPHANIE BUENO – Optamos por licenciamento para dar maior flexibilidade ao investidor. Temos uma padronização de layout, porém abrimos margem para os licenciados comprarem com fornecedores externos. Temos grandes parcerias com alguns fornecedores e disponibilizamos isso para os licenciados, mas eles não têm a obrigatoriedade de comprar diretamente com essas marcas.
AGÊNCIA DC NEWS – Qual é o perfil desses empresários?
STEPHANIE BUENO – Em sua maioria, buscam fonte de renda complementar, mas também temos aquele perfil que busca migrar do CLT. A pandemia trouxe isso: a mudança de perfil do consumidor e do investidor. Como ele ganha o dinheiro, ao entender que pode ter uma flexibilidade maior no dia a dia. Ele entra em contato conosco nessa busca e constrói isso com a SmartStore. Tem ali em torno de R$ 50 mil para investir, então coloca aquele valor, inaugura a primeira loja, daí caminha para as próximas. A ideia é ter essa expansão progressiva.
AGÊNCIA DC NEWS – Qual foi a primeira loja aberta?
STEPHANIE BUENO – Num condomínio residencial em Campinas. O Residencial Topázio Ville. É nossa primeira loja e continua aberta. Esse nosso licenciado foi premiado com uma placa de cinco anos de abertura.
AGÊNCIA DC NEWS – E quantos donos têm mais de uma loja?
STEPHANIE BUENO – Muitos. A maioria tem mais de três lojas. O maior já chegou a bater 27 lojas.
AGÊNCIA DC NEWS – Todas as lojas têm mais ou menos o mesmo tamanho?
STEPHANIE BUENO – Não, é bem variado. Algumas são bem grandes, depende do local que vamos os atender. Temos condomínios de 2 mil apartamentos e atendemos indústrias com 5 mil funcionários. Então varia, de um condomínio no centro de São Paulo com 55 apartamentos, até o Morada Park, no centro de Campinas, com 74 apartamentos.
AGÊNCIA DC NEWS – As lojas menores funcionam bem?
STEPHANIE BUENO – Funcionam bem. Obviamente que o mix de produtos é mais restrito, e a quantidade de abastecimento também. O faturamento é bem menor. Mas acaba sendo proporcional ao investimento. Hoje, quem investe num condomínio maior acaba investindo no menor também. Nós damos prioridade para quem tem mais de uma loja na mesma região e consegue fazer esse complemento de lucratividade.
AGÊNCIA DC NEWS – Tem Smart Store tanto na Cohab quanto em edifícios de alto padrão, em todas as classes sociais?
STEPHANIE BUENO – Exatamente, todas as classes. Mas as classes que mais faturam são B e C. Muitos investidores entram em contato conosco tendo em vista um condomínio de alto padrão, pensando que vai ter um faturamento maior, mas é legal visualizar esse perfil – as classes B e C são as que mais faturam. Condomínios estilo MRV [da incorporadora MRV Engenharia] são os que mais faturam.
AGÊNCIA DC NEWS – Como calibrar os preços em relação ao supermercado e shopping center?
STEPHANIE BUENO – Orientamos o investidor a trabalhar com markup de 60% em cima do valor da compra [o markup indica quanto do preço do produto está acima do seu custo de produção e distribuição]. Mas fazemos também um jogo de números ali com relação ao produto-chave. A Coca-Cola, a Heineken, o café, por exemplo, que estão com um valor inflacionado, nós trabalhamos com uma margem menor para que ele consiga ter um equilíbrio de faturamento também. Acaba que você trabalha com um valor competitivo com o mercado de bairro. A ideia é não chegar aos preços de lojas de conveniência ainda – que vai trabalhar com 80% até 100% de markup.
AGÊNCIA DC NEWS – Por que vocês escolheram a Florida e Medelín para sua expansão internacional?
STEPHANIE BUENO – Oportunidades. Investidores nos procuraram com a intenção de abrir lojas com a marca brasileira e nós fomos em frente. Na Colômbia, fizemos uma parceria com um empresário que já atuava lá com o segmento e juntamos ambas marcas. Eles nos procuraram com a intenção de vender o ponto. Então, fizemos uma junção.
AGÊNCIA DC NEWS – São quantos empresários? É o mesmo empresário nos EUA e na Colômbia?
STEPHANIE BUENO – Não, são distintos. São dois. Um da Colômbia e o outro, na verdade, é o nosso representante, ele atua como um master licenciado nos EUA. E nós estamos com a projeção, até 2028, de ter 1 mil lojas. Lá fora atuamos com o nome Alwaysmart.
AGÊNCIA DC NEWS – Por que vocês não mantiveram o nome?
STEPHANIE BUENO – Foi uma pesquisa de mercado. Para essa expansão no exterior, não tínhamos muito conhecimento, então nos aprofundamos e resolvemos atuar como Alwaysmart.
AGÊNCIA DC NEWS – E o que você está sentindo de diferente em atuar no Brasil e nesses mercados?
STEPHANIE BUENO – O perfil de compra acaba sendo quase o mesmo. Mas nos EUA, por exemplo, não podemos atuar com bebidas alcoólicas – e no Brasil a bebida alcoólica é o produto que mais sai. Então, esse foi um dos desafios. Na Colômbia a gente já atua, mas acredito que o desafio seja encontrar o ponto apropriado para entrar nos condomínios. Enquanto no Brasil a maioria dos condomínios tem síndicos profissionais, no exterior é um pouco diferente, então também tivemos esse desafio inicial. Mas acredito ser somente uma questão de encontrar o meio certo para entrar. Ainda estamos explorando o potencial desses mercados. No mercado brasileiro, já chegamos onde queríamos e agora é só expandir.
AGÊNCIA DC NEWS – Em termos de automação das lojas, qual é a novidade?
STEPHANIE BUENO – Temos um sistema que avisa o nosso licenciado sobre furtos, que está em teste e utiliza inteligência artificial. Estamos verificando o sistema, aperfeiçoando para que ele tenha uma identificação mais rápida, mas o nosso percentual é de 80% do valor retornado ao licenciado após a identificação de um furto. Fazemos sempre uma abordagem leve: “Olha, tal dia, tal horário”
AGÊNCIA DC NEWS – Quem faz isso?
STEPHANIE BUENO – O próprio investidor. O proprietário da loja que identifica. Orientamos como ele deve fazer, mas é só uma orientação. Fica por conta dele.
AGÊNCIA DC NEWS – Há outros investimentos em tecnologia que vocês estão fazendo agora, além disso?
STEPHANIE BUENO – Implantamos recentemente um dashboard no qual o licenciado pode fazer todo o controle do mercado por meio de um sistema, tanto o financeiro, o DRE [demonstração do resultado do exercício], as notas dele e emitir um relatório para perfil de consumidor. É um sistema bem completo.
AGÊNCIA DC NEWS – O que você viu mudar na empresa nos últimos cinco anos?
STEPHANIE BUENO – Acredito que vamos nos aperfeiçoando. Os desafios existem porque buscamos cada vez mais nos especializar. Nossa ideia hoje é que, o empreendedor, como também os colaboradores, sejam especialistas. Numa negociação de condomínio, por exemplo, entender o mix de produtos que ele deve oferecer e como se relacionar com os moradores. Muitas vezes, ele tem mais de uma loja, então às vezes um produto que ele oferta em uma, não é o mesmo que vai oferecer em outra – tem que fazer a rotatividade.