TCU multa ex-diretor da Caixa Asset que tentou aprovar R$ 500 milhões em letras do Master

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BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – O TCU (Tribunal de Contas da União) decidiu multar em R$ 10 mil Igor Macedo Laino, ex-diretor da Caixa Asset —braço de gestão de fundos de investimento da Caixa—, por tentar aprovar a compra de R$ 500 milhões em letras financeiras do Banco Master.

O relator Antonio Anastasia entendeu que Laino ignorou pareceres técnicos e críticas feitas por unidades especializadas que apontavam liquidez baixa, prazo excessivo, concentração atípica e necessidade de avaliações adicionais sobre a operação com o Banco Master.

Ao investigar o caso, técnicos do TCU apontaram que, ao propor a habilitação (início da relação com o banco), Laino omitiu informações relevantes sobre a empresa, tais como resultados de pesquisa reputacional, notícias desabonadoras e processos regulatórios, além de enfatizar somente os aspectos positivos, enviesando a tomada de decisão.

Na época dos fatos, em 2024, ele encabeçava a Diter (Diretoria de Gestão de Fundos de Investimento). Foi destituído do cargo pelo Conselho de Administração da empresa em junho deste ano. A Caixa Econômica Federal foi procurada, mas ainda não enviou posicionamento.

Ao se defender no processo do TCU, Laino afirmou, segundo o voto do relator, que agiu com diligência, baseando-se em pareceres técnicos e sem causar prejuízo aos cofres públicos. Ele diz ter considerado o retorno da operação acima do mercado, e afirma que a pesquisa reputacional do Banco Master não identificou condenações definitivas.

Em mensagem enviada à reportagem, a defesa do ex-executivo afirma que seu cliente não cometeu irregularidades, que a decisão de aporte nas letras do Master não foi efetivada e que ainda cabem embargos de declaração e pedidos de reexame da decisão do TCU.

“Confiamos em nova avaliação que considere os elementos de prova e que não há nenhuma infração do Igor”, afirmou o advogado Elísio Freitas.

Laino foi o único punido pelo TCU pelo caso. O ex-diretor-presidente da instituição, Pablo Sarmento, não é citado no acordão da 2ª Câmara do órgão de controle. Ele foi destituído do cargo na Caixa Asset em novembro do ano passado.

Sarmento foi alvo de denúncias de abuso de poder e assédio moral, em casos que estavam em análise pela corregedoria da empresa. Foram pelo menos 25 reclamações. Ele teria pressionado pela aprovação de operações específicas, como esta envolvendo o Banco Master.

Em meio às negociações sobre a operação, em julho de 2024, a Caixa Asset tirou o cargo de três funcionários que se posicionaram contra a compra dos R$ 500 milhões em letras financeiras (um título de dívida).

Ao TCU, a empresa afirmou que a dispensa de gerentes nacionais subordinados à Diter, ocorrida após a reunião sobre a aquisição das letras financeiras, foi justificada como de interesse da administração.

No entanto, a área técnica da corte identificou indícios de represália. Segundo o acórdão, isso trouxe preocupações sobre vulnerabilidade dos funcionários e impactos na cultura organizacional.

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