SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Trump derruba (uma parte das) tarifas, Correios chegam a um plano de reestruturação e outros destaques do mercado nesta segunda-feira (24).
**RECONCILIAÇÃO POSSÍVEL**
Donald Trump agitou o feriado prolongado dos brasileiros ao anunciar, na quinta-feira, 20 de novembro, a retirada da sobretaxa de 40% sobre uma parte das exportações nacionais para os Estados Unidos.
Entre os recém-isentos estão produtos importantes para a pauta exportadora do Brasil, como o café e a carne bovina. Vitória? Muita calma nessa hora.
MAIS QUE AMIGOS, FRIENDS
Ao anunciar a medida, o presidente americano citou a conversa que teve por videoconferência com Lula e alguns de seus ministros, como Geraldo Alckmin (Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços), Fernando Haddad (Fazenda) e Mauro Vieira (Relações Exteriores).
Ele ainda disse que ouviu opiniões de outras autoridades, que afirmaram que as tarifas são desnecessárias depois de um progresso inicial nas negociações com o Brasil.
EM DETALHES
São mais de 200 produtos agrícolas e da pecuária isentos. Alguns itens da indústria foram contemplados, mas não tanto quanto o governo gostaria.
Na prática, alguns produtos estão agora isentos das sobretaxas impostas pelo governo republicano, uma vez que Trump já havia derrubado a chamada tarifa recíproca de 10% para algumas mercadorias (relembre aqui).
A decisão de Washington foi uma reação ao aumento da inflação para os consumidores americanos, pressionada por itens como o café e a carne.
O PREÇO DO CAFÉ
O preço do café, por exemplo, subiu 20% em relação ao ano passado, dizem dados do CPI (índice oficial de inflação do país).
Em 2024, o Brasil exportou US$ 1,96 bilhão em café para os EUA, sendo o maior fornecedor no período.
As vendas, no entanto, despencaram desde que a sobretaxa de 50% entrou em vigor, em agosto. Em outubro, o recuo foi de 54,4% na base anual.
O valor do café no mercado global caiu 6% no período com as tarifas em vigor.
No caso da carne bovina, os EUA registraram alta nos preços de 12% a 18% em relação ao ano passado.
A alta também é efeito de uma redução do rebanho local, pressionando a oferta.
O sentimento geral é de alívio e expectativa, segundo representantes dos setores ouvidos pela Folha. Eles esperam que os clientes que se afastaram não tenham se habituado a novos fornecedores e que o fluxo pré-tarifas se restabeleça.
E AGORA?
O governo comemorou a redução, mas continua em clima de negociações. Tenta derrubar a tarifa sobre outros itens, sobretudo bens industriais aço, alumínio, madeira, móveis e cobre permanecem sobretaxados.
**MELHOR QUE NADA**
Os Correios dão mais um passo no que tem sido um caminho tortuoso em direção à saúde das contas.
A estatal aprovou um plano de reestruturação financeira, com medidas que visam o equilíbrio fiscal da empresa em crise. Ele inclui o empréstimo de R$ 20 bilhões, previsto para ser concluído até o fim de novembro, e possíveis fusões ou aquisições, não detalhadas inicialmente.
A companhia acumula prejuízos crescentes desde 2022. O rombo neste ano deve alcançar R$ 10 bilhões no primeiro semestre, o saldo já ficou negativo em R$ 4,4 bilhões.
PASSO A PASSO
A proposta tem três fases.
[1] RECUPERAÇÃO FINANCEIRA
O empréstimo para os Correios será assegurado pelo Tesouro Nacional e deve ser fatiado para atrair mais instituições financeiras, em um esforço para reduzir os custos da operação.
Um sindicato de quatro bancos (Banco do Brasil, BTG Pactual, Citibank e ABC Brasil) havia aceitado conceder o valor que a estatal pedia, mas os juros seriam salgados.
[2] CONSOLIDAÇÃO
A estatal espera desligar ao menos 10 mil empregados com um programa de demissão voluntária. Hoje, os gastos com pessoal na empresa, que tem cerca de 85 mil empregados, representam 72% do custo total.
O programa para dispensar servidores seria lançado em duas etapas: uma primeira com critérios mínimos de idade e tempo de serviço e a segunda com metas específicas para áreas.
[3] CRESCIMENTO
A meta é reduzir o déficit em 2026 e retornar à lucratividade em 2027.
SEM PERDER A IDENTIDADE
O objetivo dos Correios é não perder a veia universal, ou seja, a integração nacional do serviço postal.
“O plano reafirma que os serviços postais universais são um compromisso estratégico e social inegociável, disse a empresa em comunicado.
**BRIGA DE CACHORRO GRANDE**
Há um fantasma rondando a indústria do entretenimento. Três dos maiores estúdios do mundo brigam para adquirir um dos seus maiores rivais. O vencedor espera, com a compra, dominar o mercado com folga.
Netflix, Comcast (dona da Universal, da Dreamworks e da NBC) e Paramount apresentaram na quinta-feira (20) seus argumentos para levar a Warner Bros. Discovery titã de Hollywood que gerencia marcas como HBO, CNN e TNT.
AS PROPOSTAS
Cada uma dessas empresas tem uma ideia para o futuro da companhia.
David Ellison, CEO da Paramount armado com bilhões do pai, Larry Ellison, fundador da Oracle quer criar um contraponto aos gigantes de tecnologia, como Apple e Amazon, que se aventuram no setor.
A Comcast deseja o estúdio e o negócio de streaming da companhia para impulsionar o braço digital e os parques temáticos.
A Netflix mira um acordo que lhe daria o controle de uma clássica biblioteca de filmes e de um grande complexo de produção.
NA VANGUARDA
Fontes próximas ao negócio dizem que a oferta da Netflix foi vista com bons olhos por David Zaslav, CEO da Warner Bros. Discovery. A pioneira no mercado de streaming tem 300 milhões de assinantes ao redor do mundo e prometeu manter os lançamentos da adquirida estreando no cinema.
A Netflix e a Warner já têm um acordo que garante à plataforma a exibição de longas da empresa depois do fim da janela de exclusividade.
NO FUTURO
Qualquer acordo precisará de aprovação dos órgãos reguladores americanos, assim como grandes fusões que impactam a concorrência no Brasil, que necessitam de aprovação do Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica).
Nesse aspecto, a Paramount pode obter alguma vantagem, tendo em vista a aproximação entre os Ellison e o presidente Donald Trump. Por outro lado, Brian Roberts, CEO da Comcast, se viu em conflito com Trump, que o chamou de “vergonha” para a radiodifusão.
**O QUE MAIS VOCÊ PRECISA SABER**
De olho. Entrou em vigor ontem a nova regra de Pix que rastreia o dinheiro que foi alvo de golpe.
Boa fé. É como Daniel Vorcaro afirma que as decisões do Banco Master, liquidado pelo BC, foram tomadas. Saiba o que diz a defesa do ex-banqueiro.
Um pouco para cada um. Air France-KLM, Lufthansa e IAG já estão na fila para comprar parte da TAP, depois de anunciados os planos do governo português de vender 49,9% da companhia.
Sucesso. O retorno do Salão do Automóvel em São Paulo mostrou que o público estava com saudades do evento. O ingresso aumentou de preço depois de um primeiro dia lotado.
Anote na agenda. Lula, Emmanuel Macron e Ursula Von-der-Leyen voltam a discutir o acordo UE-Mercosul no encontro dos G20 em Joanesburgo, na África do Sul.