Trump diz que Lula pode falar com ele quando quiser

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SÃO PAULO, SP, E BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, disse nesta sexta-feira (1º) que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) pode falar com ele quando quiser para discutir as tarifas impostas a produtos brasileiros.

“Ele pode falar comigo quando ele quiser”, afirmou Trump a jornalistas no gramado da Casa Branca, ao ser questionado sobre a possibilidade de negociar sobretaxas. As declarações foram dadas dois dias após o decreto que impôs tarifas de 50% sobre as exportações brasileiras e no dia seguinte ao tarifaço global que voltou a impor taxas mais altas sobre dezenas de países.

O presidente americano também disse que ama o povo brasileiro e que “as pessoas que lideram o Brasil fizeram coisa errada”, em provável referência ao ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Alexandre de Moraes, alvo de sanções do governo americano.

Ainda que Lula tenha adotado a postura de defesa da soberania nacional, o governo brasileiro vinha insistindo em reabrir os canais de negociação com os EUA, mas sem muito sucesso até esta semana, quando o ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, reuniu-se em Washington com o secretário de Estado dos Estados Unidos, Marco Rubio.

Lula e Trump, contudo, ainda não discutiram diretamente as tarifas nem se encontraram desde que o americano assumiu o novo mandato, em janeiro.

Nas últimas semanas, depois que o Trump ameaçou o país com as taxas maiores, Lula disse que seu homólogo não pode ser um “imperador do mundo”, que vai dobrar a aposta e que ele mente ao justificar as medidas econômicas.

Em 11 de julho, dois dias após anunciar a nova taxa para o Brasil, Trump disse que não pretendia conversar com Lula, mas disse que o faria talvez em outro momento.

Questionado sobre a fala de Trump sobre um possível contato com Lula, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse achar “ótimo”. “A recíproca eu tenho certeza que é verdadeira. O presidente Lula estaria disposto a receber um telefonema dele quando ele quisesse também”, afirmou.

O chefe da equipe econômica ressaltou a necessidade de preparar o encontro, “uma vez que o Brasil está numa situação um ponto fora da curva em relação ao resto do mundo por razões políticas”.

Essa preparação envolve, por exemplo, uma conversa de Haddad com o secretário do Tesouro dos EUA, Scott Bessent. Depois de diversas tentativas, a equipe do americano sinalizou que o diálogo pode ocorrer na próxima semana.

“Finalmente, eu vou ter uma reunião mais longa e mais focada na decisão até aqui unilateral dos Estados Unidos em relação ao Brasil. Nós vamos poder trocar ideias sobre todos os temas, inclusive sobre esse, sobre a oportunidade e a conveniência [de um telefonema entre Trump e Lula]”, disse o ministro, acrescentando que a Lei Magnitsky está sob alçada de Bessent.

“A reunião com o Bessent é muito importante, porque, dentre outras coisas, está sob a alçada do secretário do Tesouro a lei que disciplina essa coisa de contas correntes de autoridades. Até por essa razão, vale a pena uma conversa com Bessent antes, para nós esclarecermos, sobretudo, ao secretário como funciona o sistema judiciário brasileiro”, afirmou.

Mais cedo, Haddad afirmou que o objetivo do Brasil continua sendo mais parcerias com os Estados Unidos. Em entrevista a jornalistas em Brasília, Haddad disse que há opção no mercado interno para parte dos produtos que eram enviados aos EUA, e que é possível estreitar os laços entre os dois países “desde que seja bom para os dois lados”.

O ministro ressaltou que, apesar do atual comando nos EUA, o Brasil continuará buscando uma relação construtiva, guiada pelo interesse nacional e por vínculos de longo prazo.

Na quarta-feira (30) Trump assinou medida que implementa uma tarifa adicional de 40% sobre os produtos brasileiros, elevando o valor total da sobretaxa para 50%, a maior do mundo. Apesar da taxa, o país se beneficiou de uma isenção para cerca de 700 produtos exportados aos EUA. Trump afirma que a sobretaxa foi aplicada para combater o que ele chamou de “caça às bruxas” contra o ex-presidente Jair Bolsonaro.

O dólar caiu 0,98% nesta sexta e encerrou a semana cotado a R$ 5,545, tendo como pano de fundo dados de emprego dos Estados Unidos bem mais fracos do que o esperado. O tarifaço do presidente Donald Trump também foi pauta nas mesas de operação. Na Bolsa, a combinação de fatores —mais uma série de balanços corporativos do 2º trimestre— se traduziu em queda de 0,47%, a 132.437 pontos.

O decreto do tarifaço foi emitido no mesmo dia em que os EUA anunciaram sanções contra o ministro Alexandre de Moraes, relator do processo de Bolsonaro na trama golpista, acusando o magistrado de autorizar detenções arbitrárias antes dos julgamentos e de suprimir a liberdade de expressão.

Na primeira manifestação pública após as punições anunciadas pela Casa Branca, Moraes classificou como “covardes e traiçoeiras” as ações que levaram à aplicação de sanções pelo governo dos EUA a ele.

Moraes falou haver “traição à pátria” e direcionou sua reação principalmente ao deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP), que articulou com integrantes do governo americano o enquadramento do ministro na Lei Magnitsky, que prevê bloqueios financeiros. O magistrado não citou o parlamentar nominalmente.

“Encontram-se foragidos e escondidos fora do território nacional. Não tiveram coragem de continuar no território nacional”, afirmou Moraes na abertura do semestre do Judiciário, nesta sexta-feira (1º).

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