SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O presidente dos EUA, Donald Trump, disse no domingo (3) que alguns norte-americanos podem receber algum tipo de dividendo ou distribuição de dinheiro como resultado das tarifas impostas aos parceiros comerciais dos EUA.
“Pode haver uma distribuição ou um dividendo para o povo de nosso país, eu diria que para as pessoas de renda média e baixa, poderíamos fazer um dividendo”, afirmou Trump aos repórteres antes de embarcar no Air Force One, após deixar seu clube de golfe em Nova Jersey.
O republicano não entrou em detalhes sobre como seria a medida. Na última quinta-feira, ele anunciou um novo pacote de tarifas contra mais de 60 países, incluindo o Brasil, que sofreu a maior taxa com 50%.
Mesmo antes das últimas tarifas entrarem em vigor, a receita proveniente de impostos cobrados sobre mercadorias importadas cresceu dramaticamente até agora este ano. Taxas alfandegárias, juntamente com alguns impostos especiais, geraram US$ 152 bilhões (R$ 876 bilhões) até julho, aproximadamente o dobro dos US$ 78 bilhões (R$ 432 bilhões) obtidos no mesmo período do ano fiscal anterior, de acordo com dados do Tesouro.
De fato, Trump tem citado rotineiramente a receita tarifária como evidência de que sua abordagem comercial, que semeou incerteza e começou a aumentar os preços para os consumidores, é uma vitória para os Estados Unidos. Membros de sua administração argumentaram que o dinheiro das tarifas ajudaria a tapar o buraco criado pelos amplos cortes de impostos aprovados pelo Congresso no mês passado, que devem custar ao governo pelo menos US$ 3,4 trilhões (R$ 19 trilhões).
“A boa notícia é que as tarifas estão trazendo bilhões de dólares para os EUA!”, disse Trump nas redes sociais logo após um fraco relatório de empregos, divulgado na sexta-feira (1°), mostrar sinais de tensão no mercado de trabalho.
Com o tempo, analistas esperam que as tarifas, se mantidas, possam valer mais de US$ 2 trilhões (R$ 11 trilhões) em receita adicional na próxima década. Economistas, em sua maioria, esperam que isso não aconteça e que os Estados Unidos abandonem as novas barreiras comerciais. Mas alguns reconhecem que um fluxo tão substancial de receita pode acabar sendo difícil de abandonar.
“Acho que isso é viciante”, disse João Gomes, economista da Wharton School da Universidade da Pensilvânia. “Acho que é muito difícil abrir mão de uma fonte de receita quando a dívida e o déficit são o que são”, afirmou.