BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – O decreto do presidente Donald Trump assinado nesta quarta-feira (30) deve poupar cerca de 75% da exportação mineral do Brasil aos Estados Unidos. O cálculo preliminar é do Ibram (Instituto Brasileiro de Mineração).
De acordo com a entidade, o Brasil exportou US$ 1,53 bilhão aos EUA em 2024. Desse valor, afirma o instituto, o equivalente a uma fatia de 25% seria impactada.
A sobretaxa de 50% a produtos brasileiros aplicada por Trump não inclui bens como silício metálico, ferro-gusa, alumina de grau metalúrgico, minério de estanho, metais preciosos e fertilizantes.
Os segmentos mineral, metalúrgico e siderúrgico têm destaque na pauta exportadora brasileira aos EUA. Na lista dos 20 itens com mais vendas aos americanos estão produtos de ferro e aço, ferro fundido bruto, óxidos de alumínio e minério de ferro.
“O Ibram continua analisando os detalhes do decreto para compreender plenamente seus impactos e reafirma seu compromisso de atuar para que todos os minerais brasileiros sejam excluídos da nova sobretaxa”, afirma.
Os minerais fazem parte de uma política estratégica dos EUA, que precisam dos produtos para diferentes usos na cadeia produtiva e, em alguns casos, também temem a dependência de países como a China -sobretudo quanto às chamadas terras raras, conjunto de 17 elementos cruciais para diferentes setores (como o militar).
Neste mês, o encarregado de negócios da Embaixada dos Estados Unidos, Gabriel Escobar, afirmou que o governo americano tem interesse nos materiais críticos em solo brasileiro. A discussão foi noticiada pelo jornal O Globo e confirmada pela Folha de S. Paulo .
O presidente Lula (PT) fez uma defesa da soberania sobre esses ativos. “Temos todo o nosso petróleo, todo o nosso ouro, temos todos os minerais ricos que vocês querem para proteger, e aqui ninguém põe a mão”, afirmou, durante discurso em Minas Gerais na semana passada.