Vale diz que minério de ferro a US$ 100 pode destravar dividendos extraordinários

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RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) – O vice-presidente de Finanças e Relações com Investidores da Vale, Marcelo Bacci, disse nesta sexta-feira (1º) que “ainda é cedo” para falar de dividendos extraordinários, mas que a manutenção do preço do minério de ferro pode permitir maior remuneração ao acionista no segundo trimestre.

“O desempenho do segundo semestre é que vai definir [o pagamento de dividendos extraordinários]”, afirmou. “Se [o minério] continuar nesse preço, a chance de dividendo extraordinário aumenta, porque está proporcionando geração de caixa robusta.”

Bacci participou de entrevista para detalhar o balanço da Vale no segundo trimestre, que trouxe lucro de R$ 12,1 bilhões. Pelo resultado, a companhia anunciou a distribuição de R$ 8 bilhões em juros sobre o capital próprio.

O valor corresponde ao mínimo estabelecido pela política de remuneração aos acionistas. Em teleconferência com analistas, a viabilidade de pagar mais do que o mínimo foi uma das preocupações, já que a empresa sempre foi conhecida como boa pagadora de dividendos.

Ao divulgar o balanço do primeiro trimestre, Bacci havia dito que a instabilidade geopolítica impedia planos sobre a distribuição dos dividendos extraordinários. Mas as cotações internacionais se recuperaram nos últimos meses, chegando perto dos US$ 100 por tonelada.

Segundo o vice-presidente da Vale, a prioridade da empresa é usar a geração de caixa adicional para reduzir a dívida líquida expandida da casa dos US$ 17 bilhões para a casa dos US$ 15 bilhões, metade da faixa de dívida considerada ideal pela companhia.

Depois disso, a sobra de caixa pode ser usada para remunerar acionistas, sob a forma de dividendos extraordinários ou sob a forma de recompra de ações.

Na entrevista, Bacci afirmou que a empresa é pouco afetada pelas tarifas impostas pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, às importações daquele país. Apenas 3% da receita da companhia vem do mercado americano, e esse valor corresponde à venda de cobre canadense que está isenta de tarifas.

Ele afirmou ainda que 5% do que a Vale compra para manter suas operações vem dos Estados Unidos e poderia estar sujeita a eventuais retaliações impostas pelo governo brasileiro, mas a companhia já vem estudando alternativas.

Bacci comentou também que a Vale segue analisando a compra da Bamin (Bahia Mineração), projeto de grande interesse do governo Luiz Inácio Lula da Silva, mas que ainda não encontrou uma solução logística que “faça a conta fechar”.

O governo quer que a maior mineradora brasileira assuma o projeto, que é controlado por um grupo do Casaquistão. A mina recebeu licença de instalação em 2010 mas hoje opera apenas em fase experimental.

Existe um grande desafio logístico no caso da Bamin, que é construção de infraestrutura”, afirmou o vice-presidente da Vale. “A quantidade de minério que tem lá não remunera o desafio da logística.”

O projeto original para escoamento da produção liga a mina em Caetité (BA) a um novo porto em Ilhéus, a 500 quilômetros de distância. Bacci disse que a viabilização do modelo depende de agregar outras cargas, além do minério.

O governo Lula vê a entrada da Vale como oportunidade para destravar o projeto e determinou ao BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) que ajude a encontrar solução.

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