[AGÊNCIA DC NEWS]. Diante da economia pressionada pela inflação, a resiliência do mercado de trabalho parece sustentar o consumo em maio – pelo menos no varejo. Segundo o índice IGet, do Santander, no quinto mês do ano, sobre o mesmo período de 2024, o varejo apresentou alta de 5,5%, enquanto o setor de serviços amarga queda de 6,1% no mesmo período. Segundo o economista do Santander Gabriel Couto, a política monetária restritiva e inflação pressionada acendem sinal de alerta para os empresários nos próximos meses. “Isso pode gerar um fator limitante ao crescimento dos setores”, disse.
Segundo o relatório, o desempenho do varejo “evidencia a resiliência do setor em termos anuais”. Mas também reflete o aumento de preços. Segundo o IPCA, divulgado dia 10 pelo IBGE, a categoria de alimentação e bebidas acumulou aumento de 7,73% em um ano até maio, ou seja, acima do incremento verificado nas vendas.
Pelo índice do Santander, na passagem de abril para maio, o segmento de automóveis, partes e peças, que compõe o varejo ampliado, registrou leve crescimento de 0,5%, enquanto materiais de construção tiveram queda de 1,6%, o que, segundo o relatório, reflete a desaceleração no segmento, em especial pelo custo do crédito. No índice restrito, ou seja, sem material de construção e automóveis, o recuo do varejo foi de 0,4%, em comparação ao mês anterior, acumulando três quedas consecutivas.
A composição do índice restrito mostra segmentos que apresentaram desempenho positivo, como vestuário (+2,6%), móveis e eletrodomésticos (+1,8%), outros bens de consumo pessoal (+4,4%) e artigos farmacêuticos (+2,3%). Por outro lado, combustíveis (-0,6%) e supermercados (-2,0%) apresentaram quedas no mês.
Para Couto, ainda que haja problemas macroeconômicos, a resiliência trazida pelo mercado de trabalho pode desacelerar a queda nas vendas. “O mercado de trabalho aquecido tende a impedir uma desaceleração forte e repentina.” Ele diz ainda que novos impulsos, como a linha de crédito consignado para trabalhadores do setor privado, tendem a se configurar em fatores adicionais de sustentação da demanda.
Quando avaliado o índice de serviços às famílias, houve alta de 3,1% em maio, em relação ao mês anterior, recuperando parte das perdas acumuladas desde o início do ano. No entanto, a comparação interanual ainda mostra declínio de 6,1%, representa o quinto resultado negativo consecutivo nesta base de comparação. Na passagem do quarto para o quinto mês do ano, o segmento de alojamento e alimentação teve crescimento de 2,8%, embora não tenha conseguido recuperar a queda observada em abril. Outros serviços avançaram 2,5% no mês.