SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Nos próximos dias, os produtos de mais de duas dezenas de países e da União Europeia estarão sujeitos a tarifas elevadas na entrada nos Estados Unidos. É o reinício do tarifaço imposto pelo presidente Donald Trump.
Em alguns casos, o aumento será pequeno: o Japão, que fechou acordo com o governo americano, sairá da taxa básica de 10% hoje em vigor para 15%. Em outros casos, trata-se de uma elevação gigantesca. Mercadorias vendidas pelo Brasil estarão sujeitas a sobretaxa de 50%, a maior dessa leva, com a exceção de cerca de 700 itens que serão isentos dessa taxação.
Procure pelo nome do país no mapa para ver a tarifa esperada.
Esses países receberam, no início deste mês, cartas de Trump avisando sobre as tarifas (os dados do mapa acima foram retirados dessas mensagens, a não ser nos casos em que houve acordo para redução).
Os textos eram parecidos entre si, sem argumentos numéricos para a taxação imposta. Falou-se em impor a taxação para equilibrar o comércio e corrigir os déficits “de longa data e muito persistentes” e uma mensagem sempre repetida: quem produz nos Estados Unidos, “o mercado número 1 do mundo”, não paga taxa.
A intenção declarada de Trump com essas cartas era forçar uma negociação. Trump chegou a dizer que queria fechar 90 acordos em 90 dias. Ele não atingiu esse objetivo, mas obteve vitórias importantes.
A União Europeia, ameaçada por uma tarifa de 30%, concordou em medidas como investir centenas de bilhões de euros em energia e armamentos americanos, em troca de baixar a tarifa para 15%.
Nesta quarta-feira (30), Trump anunciou acordo com a Coreia do Sul para baixar a tarifa de 25% para 15%. Segundo o presidente americano, o país asiático anunciou em troca investimentos de US$ 350 bilhões em empreendimentos de propriedade americana e compra de US$ 100 bilhões em GNL (gás natural liquefeito).
Essa é uma segunda onda de tarifas globais impostas por Trump. Em 2 de abril, no que ele chamou de “Dia da Libertação”, o presidente americano anunciou uma taxa básica de 10%, no qual o Brasil se encaixava, e sobretaxas “retaliatórias” que iam de 11% (Camarões e República Democrática do Congo) a 50% (Lesoto, país do sul da África com 2 milhões de habitantes que produz tecidos para fabricantes de jeans dos Estados Unidos).
Depois de forte reação do mercado financeiro, Trump suspendeu essas tarifas mais altas, que foram reduzidas para uma taxação geral de 10%, e não está claro se elas também voltarão a vigorar. Alguns países atingidos pelo tarifaço de abril não receberam cartas agora. É o caso de Lesoto.
Na onda atual, além do Brasil, os países mais afetados são Laos (40%) e Mianmar (40%). São nações com déficits comerciais com o mercado americano, apesar de os números serem relativamente pequenos. No caso do Laos, por exemplo, em 2024 as exportações para território americano foram de US$ 802,8 milhões, ante US$ 39 milhões de importações.
No caso brasileiro, segundo dados do governo americano, os Estados Unidos tiveram superávit de US$ 6,8 bilhões em 2024 (US$ 49,1 bilhões em exportações americanas, ante US$ 42,3 bilhões em importações).